A celebração tinha sido mágica como sempre era no Natal, mesmo que Juan não estivesse sendo o melhor irmão do mundo, mesmo que meu pai não estivesse conosco e mesmo que eu ainda me sentisse meio perdida.
Carmem estava agarrada com Pedro, ela sempre tinha um “Step” como dizia. E parecia feliz com isso. Minha mãe estava com Juan e a noiva e nova cunhada que nem sabia que tinha, Kassie. Era bonita, alta e simpática, muita areia para o caminhão do meu irmão.
Eu, bom eu estava sentada em um dos bancos da rua, fechada para a comemoração, observando as crianças brincarem e correrem sem se importar com mais nada.
- Um doce por seu pensamento. – Enrico sentou ao meu lado. – Lana antes que me mande embora, acho que precisamos conversar.
- Eu não vou te mandar embora. – ainda não tinha o encarado.
- Não? – parecia surpreso.
- Não. Também acho que devemos conversar. – virei para ele, seus olhos negros e a barba por fazer. Lindo, simplesmente lindo. – Acho que preciso te dizer uma coisa.
- Não, me deixa falar primeiro, eu preciso dizer o quanto aquela noite também foi importante pra mim, o quanto foi especial, eu não queria te fazer sofrer, nem mentir, mas é que achei que você não iria mexer tanto comigo, que não iria me apaixonar por você...
Fiquei parada, ouvindo tentando entender que ele também estava se enganando, e de certa forma, teve o que merecia, sofreu pelos mesmos motivos que eu sofria. E de repente não senti mais raiva, apenas compaixão. Ele tinha sido calmo, delicado até, carinhoso e paciente, com uma menina sem experiência e sonhadora. Minha primeira vez superava muitas outras experiências ruins, e eu não podia continuar transformando ela em um pesadelo.
- Enrico. – peguei sua mão – Eu acho que não precisa se desculpar. Eu acho que foi especial, foi lindo. Mas isso ficou no passado. Carmem me disse que se separou, e espero que não seja por minha causa. – ele abriu a boca e a fechou, sem dizer uma palavra, entendendo que eu não podia ficar com ele.
- Entendo. – Encostei minha cabeça em seu ombro, soltando o ar, sentindo um alivio. – Acho que teríamos feito um belo casal se não fosse essa confusão toda. – ele também observava meu irmão e cunhada falando com minha mãe do outro lado da rua.
- Também achei.
Na segunda feira de manhã, estava de volta ao meu apartamento, mandando uma mensagem para Will.
“Precisamos conversar. Já cheguei. Lana”.
Fui trabalhar muito aérea. Carmem tinha ficado na casa dos pais, e iria passar o Ano Novo com Pedro. Louca. E eu que tinha problema com os homens, o dela era querer todos, talvez pra ela realmente fosse mais simples.
O dia se arrastou, assim como a noite, o apartamento era só meu, e então comecei a me ocupar, Will ainda não tinha me respondido e achei que talvez ele tivesse com os pais dele ainda em Nova York. Ele estava na casa da irmã que morava lá e tinha acabado de ganhar um filho.
Então coloquei minha roupa de faxina, que consistia em um micro short e um top, prendendo meus cabelos com um lenço e colocando minhas musicas favoritas dos anos 80. Limpava a casa e a mente.
Ouvi o interfone e fui atendê-lo.
- Pronto.
- Senhora Lana, tem um rapaz aqui, Will, posso mandá-lo subir? - Mais que merda eu estava horrível. E agora, se falasse pra esperar ele ia achar estranho, no mínimo louca.
- Manda subir, obrigada.
Sai correndo pela casa, tentando colocar uma roupa descente, mas estava mais atrapalhada que só pude colocar uma blusinha por cima do top e passar um rímel, pra melhorar a cara de vampira falsificada que estava.
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Eu, e Meu Dedo Podre
РомантикаVocê já fez escolhas ruins? Já tomou um passo na sua vida e se viu fazendo coisas que não queria? Quantas pessoas erradas já passaram por sua vida? Esta é um leve e louca curta história de Lana, garota sonhadora que tinha um dedinho pra lá de podre...