O Homem de Coronado

Dois a menos

Marcus foi acordado com um balde de água. O barbeiro havia amarrado uns panos sobre os ferimentos, mas não era serviço de médico e o homem estava ficando branco de tanto sangue que havia perdido.

- Sou o xerife de Bigua city. Você está em uma situação complicada rapaz. Se meteu em um tiroteio em minha cidade, e roubou um banco em outra, além de ser cúmplice de um seqüestro.

O homem chacoalhava a cabeça de um lado para outro tentando respirar.

- Merda! Hei, eu te conheço... - ele olhava para Mike. - O barbeiro! Claro. Burrice minha! Mas se eu sair daqui resolvo tudo.

- Hei! Hei! - o xerife Kid lhe dá duas bofetadas. - Idiota! Eu estou conversando com você! Sabe que há um homem atrás de você, agora mesmo, se recuperando e morrendo de vontade de fazer peneira com sua pele. Então seja breve seu energúmeno, poupe seu fôlego se quiser viver.

- Bah, qual é? Quem? Aquele idiota lá na rua?

- Aquele idiota é Jerry Draco. - alertou o xerife.

- Isso deveria me dizer algo? Não conheço nenhum Draco. Porque ele se meteu comigo?

- É o xerife de Coronado. Onde você diz ter achado uma mina, só que a mina, foi um assalto ao banco, né? - informou o barbeiro que se sentara ao lado do xerife.

- Grande coisa! Ele sangra, como todos nós!

- Pelo jeito você não conhece mesmo o cara.

E o barbeiro contou ao bandido tudo o que havia contado ao xerife Kid alguns minutos atrás.

- Coitadinho! - o homem amarrado no chão, cuspiu sangue. - História para boi dormir.

- Acontece que a história não parou por aí. Daniel, ou Jerry se preferir, deixou Dolores, com o antigo xerife aqui da cidade, que por sinal era meu pai na época - Continua Kid. - e sozinho ele empreendeu uma caçada de mais de três anos atrás dos assassinos e estupradores. Ele foi de Bigua city até Gran River. Cruzou o estado. Um a um ele foi eliminando os criminosos que fizeram aquele horror. Chegou a ter seu rosto em cartaz de procurado. Nada mais interessava para ele. Só a vingança tinha sentido. Durante a caçada muitas histórias circularam sobre Jerry. Umas diziam que ele arrancava os corações dos homens com eles ainda vivos, outras diziam que ele carregava os escalpos dos bandidos e esfregava no rosto da vítima antes de arrancar o coração.

Nisso ouviram um barulho no portão do barracão.

Eles movem a cabeça em direção ao portão.

- Deve ser um cachorro! - despreocupa-se Mike.

- Estão querendo me assustar, mas não conseguirão...

- Só precisamos saber onde estão os outros. Alguém do grupo de vocês levou a filha dele e ele não vai parar até encontrar a filha.

- Não sei de nada disso! A gente se separou logo na saída do Banco. Falando nisso,.. - ele geme de dor - como o filho da puta conseguiu meu rastro? Você não sabia, e nem imaginava que o dinheiro fosse fruto de assalto, né seu negro velho? - ele falou se dirigindo ao barbeiro.

- Para quem vai morrer você ainda está falando muito. Não, eu não sabia. Foi o xerife de Coronado que me falou sobre isso. Ele me disse que um cara de camisa vermelha foi que deu a ele a direção que você seguiu.

O bandido fechou os olhos. Tossiu e mais um monte de sangue ele cuspiu.

- Merda! Ele Pegou Jimmy! Pegou? -

Os dois homens assentiram com a cabeça.

- Jimmy era um coitado! - o homem tossiu novamente. - Ele foi criado por um caçador, e a cicatriz no rosto dele é resultado da luta com um urso. O rapaz escapou vivo, mas o caçador não. Então ele começou a roubar para poder viver, e vivia sempre isolado por causa da cicatriz. Três Garras, era como alguns o chamavam. Nunca vi um cara tão feio e que fumava feio uma chaminé. Por isso era um magricela. Eu cometi a besteira de comentar com ele como me esconderia. Ele foi o único que troquei algumas palavras. Nós dois, éramos novatos no grupo. Os outros não se importavam conosco. Paguei aqueles caras na cidade pra que dessem cabo do intrometido, que estava me procurando, mas não sabia que era o xerife, mas também, pouco importava quem fosse.- Ele geme e cospe para o lado. Uma gosma vermelha e negra.