Diário de Um Coque Frouxo [ CONCLUÍDO]

Reencontro com a Vovó

Saí de casa mascarada e alcoolemgelizada pronta pra batalha. No bom sentido, né?

Caminhando até a padaria do seu Zé, eu comecei a ter uma crise existencial bem ali no meio da rua e fiquei putassa. Não porque eu tava tendo uma crise, mas porque tava tendo no calor do inferno enquanto tava indo comprar pões. Custava ser na minha banheira vulgo caixa d'água bebendo meu bom drink pelo menos? Essas crises de hoje em dia são tão nutellas. Não respeitam as cidadãs de bem como eu.

E graças a essa KENGA, eu comecei a me perguntar qual era o sentido da minha vida. O que eu havia feito de grandioso nesses trocentos anos como uma SN? Minha rotina se resumia a fazer minhas higienes, um coque frouxo, comer uma maçã e ser uma completa boiolinha por um CEO OU UM DONO DO MORRO que nem me interessam na vida anormal. Eu não quero levar tapa no forelvis e ter a cabeça raspada kasete. É apenas um ritual que eu tô saturada!

Quer saber? Agora eu faço as regras da minha própria vida! Eu sou a protagonista da minha história caralinhos.

Desviei da padaria do seu Zé, que eu conseguia ver de longe que aguardava com um olhar de quem cheirou farinha de trigo estragada, a sua cliente favorita, e comecei a correr como uma cruza de Bolt com galinha desamparada até o ponto de ônibus. A bota de salto ajudou muito graças a God.

O 313 chegou trazendo aquele vapor do cão na minha cara e eu quase derreti. Mas entrei sem rumo com destino ao centro.

Como diria a bruxa caloteira do pica-pau: e lá vamos nós...

E 6 segundos depois me arrependi de afirmar isso com animação porque alguém que muito provavelmente encheu o cu com 30 ovos 10 real do carro do ovo soltou uma bufa de carniça que apodreceu o busão inteiro. Fui tapeada!

Pelo resto do caminho, eu tive que escolher entre morrer por inalação tóxica ou por prender a respiração e escolhi respirar pela boca igual uma cadela ofegante e soltei no centro da cidade clamando por oxigênio puro. Difícil procurar isso no centro.

Empurrando umas cabeças na aglomeração deliciosa pro corona, não demorou pra chegar na entrada do atacadão e sentir o frescor no toba. Tava pingando como um pastel. Meu suor fritava fácil os 30 ovos que aquele cu soltou.

Começo andando no estilo John Travolta em Os Embalos de Sábado À Noite, toda vai malandra até que me choco com o que vejo.

Você deve ter pensado que eu saí de um ovo.

Mas apenas abri a boca ao avistar na outra extremidade do mercado, onde era interligado com uma estação de metrô, um rosto conhecido.

- Vovó Magali!