"Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la"No trabalho. Olhavam-me distantes. Queriam, provavelmente, me dizer alguma coisa, mas não sabiam como, nem se era necessário. Havia uma foto nossa como papel de parede. Agora tinha a foto de uma vaca.
Ouvi aquela musica incessantemente até que a decorasse. Era um mantra. Um exorcismo. Eu precisava aprender a conviver com ela. A conviver sem ela. A musica era isso, mesmo que passasse uma ideia contraria a que eu queria viver.
Doei a cama e os lençóis usados. Comprei um colchão qualquer. Sentado nele. Pensei em como era antes de conhecê-la. Percebi que não mudara muito. Ainda jogava Pokémon.
A garrafa de vodka que minha irmã comprara estava do meu lado. Um porta-retratos nas mãos. Era a ultima coisa dela na casa. Era a ultima coisa dela em mim. Acendi um cigarro. Tomei uma dose da vodka. Entornei no porta-retratos. Joguei o cigarro. Assisti queimar. Fim.
Phantogram tocava no carro. Sentado na areia da praia. Eu pensava no que faria agora. Que vida levaria. Era confuso, mas talvez eu estivesse fazendo um certo drama, na verdade, acho que lidei bem demais. Só passei três dias chorando. Só uma dose de vodca. Sem drogas. Só um cigarro. Devo ter me saído bem. Fechei a mão direita com as alianças. Lembrei-me do dia em que fui compra-las. Lembrei-me do dia em que as entreguei. Lembrei-me do dia em que ela me largou no jantar. Atirei as alianças no mar. Chega de lembranças.
"Eu olho para você e vejo algo que não conhecia em outros caras. Sério. Eu nunca deixaria você. Só se eu fosse muito idiota." Ela estava com um buquê de flores nas mãos. Nunca havia ganhado flores. Ela sabia. Tomamos leite porque era irônico tomar leite em casal. Eu odeio leite puro, mas tomei. Pelas flores.
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Ela Me Disse Adeus Sob A Voz De Caetano Veloso
Short StoryAgora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer?