A Herdeira da Guerra. Vol 1

Capítulo 10- Zytron

—Chefe, os capturamos —um homem do outro lado da porta diz.

—Ótimo, irei interroga-los.

—A mulher ainda não acordou.

—Me fale quando ela acordar.

—Sim, chefe.

                                                                            ------------+-------------

Liz, abre os olhos lentamente, a sensação do choque ainda corre pelo seu corpo:

—Liz.

—Rian.

Rian está sentado no outro lado do cômodo vazio, ele está com um curativo no braço:

—O que aconteceu com o seu braço? —Liz pergunta.

—Digamos que eu tentei lutar com eles —ele fala com um tom engraçado.

—Onde estamos?

—Eu não sei, acordei faz pouco tempo, te trouxeram alguns minutos depois de mim. Mas nós temos companhia —ele aponta para cima.

Uma câmera aponta para os dois.

—Antes que me pergunte, eu não sei o que é, mas tem olhos e ouvidos muito bons.

Liz entende o recado. Ela tenta se levantar:

—Vá por mim, espere um pouco antes de se levantar.

Liz ignora o aviso e se levanta, suas pernas formigam e adormecem, a fazendo cair:

—Mais que droga —ela reclama, e se arrasta até encostar na parede.

—Por que você nunca me escuta? —Rian pergunta com um tom curioso.

Liz finalmente consegue se encostar na parede, e diz:

—Por que eu deveria escutar você? —ela fala tranquilamente.

—Eu não tenho nada contra você Liz.

—Mas eu tenho algo contra mim —o olhar dela se torna sombrio.

—Você fala de si mesma como se fosse uma maldição.

Ela ri do comentário dele.

Um barulho de porta interrompe a conversa. Três homens aparecem. Um deles entra com duas cadeiras nas mãos, o outro segura uma mesa, e o ultimo vestindo um jaleco azul entra com mais uma cadeira:

—Olá, sentem-se —o homem de jaleco diz já sentado.

Os outros dois rapazes se retiram da sala. Rian olha para Liz e se levanta devagar, Liz repete o movimento. Suas pernas parecem que estão enferrujadas. Os dois se sentam um ao lado do outro, e o homem do jaleco senta logo a frente deles:

—Sinto muito pela recepção —ele sorri.

—Onde estão os outros? —Rian pergunta impulsivamente.

—Eu me chamo David, sou médico espacial —ele fala ignorando.

—O que você está fazendo aqui? —Liz usa um tom firme.

—Cansamos de ficar flutuando por anos, agora queremos pisar em terra —ele fala confiante.

—Então pise em outra terra, não aqui! —o tom de Rian e raivoso.

—Quanto egoísmo rapaz —ele ri —mas podemos ser grandes amigos, se vocês devolverem o que é meu! -o tom amigável dele se torna amedrontador.

—O que você está falando? —Rian diz.

—Vou clarear a mente de vocês. Quando nós caímos, a nossa nave teve um pouso forçado e pegou fogo ao alcançar o solo, muitos de nós morreram, e metade do nosso amuleto sumiu.

—E você acha que em uma floresta gigante nós encontramos o seu amuleto? —Rian pergunta indignado.

—Vocês devem possuir os seus rituais, e nós respeitamos, mas vocês estão com algo que consideramos sagrado. E para vocês que vivem andando pela aquela floresta, não é difícil encontrar um pedaço amarelo brilhante.

Liz empalidece, após saber de que o David está falando. O pensamento dela ronda pela sua penúltima noite na floresta, onde Lisa encontra um ''destroço'' amarelo brilhante, e o coloca dentro do cantil, que está na bolsa dela:

—Liz! —Rian chama a atenção dela, a dispersando dos seus pensamentos.

—Sim? —Liz responde claramente abalada.

—Você está se sentindo bem? —Rian pergunta preocupado ao ver sua palidez.

—Sim, sim...claro —ela tenta forçar um sorriso.

O homem os encara por um momento e diz:

—Nós sabemos que existem mais dois de vocês na floresta, meu pessoal já está cuidando disso. Mas o que importa, não para mim, e sim para vocês são...

Ele retira um tablet do bolso do jaleco:

—Talvez vocês não saibam o que é isso, mas é um tablet, no espaço tudo acontece mais rápido —ele sorri, e liga o aparelho.

O tablet transmite a imagem de um outro cômodo, onde Jon e Anna, estão deitados em uma maca amarrados por cordas, e dois enfermeiros estão sentados ao lado deles:

—Jon e Anna —David sorri orgulhoso.

—Se você machucar ela... —Rian se levanta com o punho cerrado.

—Controle o seu amigo, ou ela vai ser a primeira a receber a dose —ele usa um tom sério.

Liz encosta em Rian, o olhar dele é tempestuoso, mas ele se senta novamente:

—Dose, que dose? —Liz pergunta.

—Sim, claro, perdão não os expliquei —ele retira um pequeno frasco —Essa belezinha se chama Zytron, eu mesmo fabriquei —ele sorri com maldade —Querem saber como funciona? —os olhos dele brilham com entusiasmo.

Nenhum dos dois respondem, mas ele não se importa:

—Zytron já fez milagres, como: traidores implorarem, delatores falarem, informantes se suicidarem, e ladroes —ele fala a palavra em silabas —Devolverem o que não os pertencem. A primeira dose é apenas um aviso, a pessoa vai sentir, tontura repentina e apagões frequentes. A segunda dose, fortes dores de cabeça e vomito. Terceira dose, inicio de alucinações. E a quarta, e particularmente a fase que eu mais gosto, o individuo adquiri agressividade, as alucinações se tornam mais fortes e a memoria afetiva é apagada —o tom maldoso ecoa por toda a sala.

—O que você quer? —Liz entre os dentes.

Rian continua com os punhos cerrados embaixo da mesa.

—Me digam onde está o outro pedaço do amuleto, caso contrario Jon e Anna, receberam a primeira dose —ele mostra novamente o tablet —e se vocês insistirem em não nos falar, eles continuarão pagando por vocês —ele fala sério, e sem nenhum tipo de remorso.

Liz começa a suar frio e a palidez retorna ao rosto dela. David sorri ao ver a reação dela:

—Irei perguntar pela ultima vez, onde está o outro pedaço do amuleto? —ele olha fixamente nos olhos de Liz.

David espera ansiosamente a resposta. Rian segura a cabeça com as duas mãos, os olhos de Liz enchem de lagrimas, que a muito tempo não brotavam. E sua mente é rodeada por uma forte indecisão. Salvar Jon e Anna, assim delatando Lisa ou polpar Lisa e assistir o sofrimento dos dois? 

🌹Obrigada por ler até o final. Fique à vontade para comentar, responderei de bom grado, e se gostou do capítulo deixe o seu voto. Muito obrigada um beijoooo 😘