Pancadas

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O sol das 7 da manhã acorda os soldados no campo de batalha, em Aljubarrota. Os 6.500 homens ao encargo de Nuno Álvares Pereira, general de Portugal, tomam, rapidamente os pequenos-almoços, correndo logo a seguir, para se posicionarem atrás das estacas, defendendo-se da cavalaria que sabem que vem, para lá dos montes. Depois de horas, passando o meio dia, o ar é impenetrável, com 45ºC em pleno agosto, um pleno inferno nos campos próximos à cidade de Leiria.

Kratos: Este calor é quase insuportável, nem no Tártaro.

Hércules: Aguenta-te à bronca, sabes bem que temos de esperar por eles, seja muito ou pouco tempo.

Aquiles: O Leónidas estava pior, 53ºC nas Termópilas. Era horrível.

Kratos: As Termópilas são por cima de um pequeno vulcão, não compares, Aquiles.

Aquiles olha à sua volta, enquanto continuam à espera dos castelhanos. As horas continuam a passar e o aborrecimento começa a vencer as pessoas, tendo alguns militares se ajoelhado, com dores nas pernas, graças ao tempo que já passaram de pé.

Ares: Ninguém aparece, se calhar, o Hermes fez das suas e tentou aldrabar-nos, outra vez.

Hermes: Eu não iria mentir nesta...

Neste momento, o chão começa a tremer, sinal de milhares de pessoas a marchar ao mesmo tempo.

Kratos: Ares, o que é que estavas a dizer?

Nuno: Tudo em posição! Temos castelhanos a chegar!

Os soldados começam todos a levantar-se, vendo o exército castelhano a começar a aparecer sobre a colina.

Ares: Vamos lá rachar cabeças!

Aurogos: Está quieto! Se tu fazes isso, ainda cais num buraco!

Ares: Mas... eu quero andar à porrada!

Aurogos: Andas à porrada quando houver ordens para andares à porrada! Para já, ficas quieto, à espera que os cabrões dos espanhóis cheguem às nossas posições, aí, podes partir ossos e rasgar gargantas o quanto te apetecer!

Ares: Estás a dar ordens ao teu pai?!

Kratos: Bom, chegaste ontem ao campo de batalha e o Aurogos é um capitão da guarda, portanto, ele pode.

O pai de Aurogos faz uma cara feia e recua, seguindo as ordens, enquanto Hermes e Atena se esforçam para não rir. O exército espanhol começa a dirigir-se a passos largos na direção dos irredutíveis portugueses, que não demonstram medo. A ferocidade da máquina de guerra castelhana era vista através dos seus números: 31.000 soldados, contra uns meros 6.500 da nação à beira mar plantada. No entanto, a inteligência dos homens de quinas no coração, é superior à dos leões de Castela, que, rapidamente, começam a cair, aos milhares, nas armadilhas de Portugal, os poucos que sobrevivem, ainda conseguem chegar às linhas da frente, onde encontram lanceiros, estacas e um Ares, que corta cabeças às dezenas. Num local mais recôndito, sete castelhanos, perseguem Eklypsa, que lhes atira adagas, tentando fugir, mas acaba por ser apanhada.

Ferdinando: Hija de puta! Achavas mesmo que te escapavas a nós? Pequena porca!

Eklypsa: Larga-me, cabrão!

Neste momento, um baque oco é ouvido e, Ferdinando, cai ao chão, revelando uma figura feminina com uma pá do pão. Após uma rápida inspeção ao ritmo cardíaco, é averiguado que o homem está morto, devido a um trauma contundente. Os outros seis soldados tentam acertar na mulher, porém, todos eles caem, mortos, para o utensílio de padaria. No fim da luta, havia sete castelhanos falecidos no chão.

Atena: Ninguém se mete com a minha menina!

Eklypsa: Obrigada, mãe.

A mãe de Eklypsa entrega um pão com manteiga e um pouco de carne seca.

Atena: Não comes há horas, lancha.

Eklypsa: Mas, mãe, não tenho fome!

Atena solta um olhar falso de fúria à filha.

Atena: Ou comes, ou dou-te com a pá!

Eklypsa rapidamente agarra no pão, calando-se e comendo rápido.

Atena: Linda menina.

Noutro lado, Athreus atirava sobre os castelhanos, matando algumas centenas, em apenas alguns minutos, acompanhado de família e amigos, já Kratos, procura alguns oficiais do exército e matando-os com o seu machado. Na cavalaria, Hermes liderava, sendo ele o mais rápido, abatendo crânios com um martelo de guerra, feito por Hefesto. O filho de Ares acerta em vários espanhóis, com a sua maça, partindo costelas, clavícula, pescoços e colunas. No lado de Deriótelo, uma espada de aço serve para matar vários soldado, cortando bastante eficazmente.

Kratos: Eles estão a fugir! Vamos ganhar!

Ares: Não ganhamos enquanto não os matarmos todos!

Athreus: Tio, está quieto! Nós estamos praticamente ganhos! Não vamos arriscar mais! Chega!

Aurogos: Concordo com ele, é demasiado arriscado, fiquem todos onde estão! Ninguém persegue espanhóis! Derrotámos esses cabrões!

Alguns castelhanos ainda lutam na frente de batalha, mas são facilmente eliminados pelos soldados portugueses, que já fazem a festa.

Nuno: Vencemos! Homens, todos nos diziam que íamos perder! Todos nos disseram que não éramos capazes! Mas fizémos! Conseguimos ganhar!

Plades: Eu não contava com isso.

Raius: Nem tu, nem ninguém, Plades.

Caos: Entre vencer aquela cambada de campónios e nos vencerem a nós, ainda vai muito! Mas, de 6.500 para 31.000 ainda vai uma diferença respeitável, portanto, merece aplausos.

A família de Athreus aproxima-se, encarando os três sem qualquer sinal de medo.

Kratos: Estamos prontos para lutar, se é isso que vocês querem saber, os espanhóis, viram o nosso lado brando, mas, vocês são demasiado perigosos, e vamos tratar-vos como é suposto.

Atena: Usando os nosso poderes da maneira mais agressiva que conseguimos usar, e olhem que não vai ser bonito de se ver.

Athreus: Tomem isto como um aviso e não como uma ameaça, se vocês tentam alguma coisa, acabamos convosco, somos mais e somos mais fortes, podem ter a certeza que só acabam para lá do Tártaro.

Hermes: Nada é mais importante para nós do que proteger esta família.

Raius: Como protegeste o pai, Hermes?

Ares: Não compares, Raius! O pai é uma ameaça para todos nós, vê-nos, religiosamente, como superiores aos humanos! Nós somos iguais, só com algumas modificações ligeiras que nos fazem ter poderes, percebe isso, cabeça oca! Não és mais que ninguém, tu és igual a todos aqueles que se encontram neste mundo!

Raius ainda se chega a aproximar, zangado, mas é parado por Plades.

Plades: Nós voltaremos, com reforços, e verão aquilo de que nós somos capazes.

Os três fabulares de fora da família afastam-se, seguindo os seus caminhos que, por enquanto, não se cruzam tão cedo com os de Kratos e dos seus familiares.

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