Sentido de Perigo

8 2 0
                                    

Ioanes era um homem gordo, analfabeto e muito boémio, estando sempre com uma caneca de madeira de abeto, cheia de vinho, na mão.
Ioanes: Meus caros, a situação está negra, os romenos estão a revoltar-se. Eles vêm do norte em força, cerca de 5.000 aldeões da zona da Transilvânia, para marchar sobre Constantinopla! Precisamos dos varegues mais do que nunca!
Kratos: Vamos tratar de preparar defesas, porém, somos apenas quatrocentos guardas, vamos de precisar de uma estratégia sólida.
Kratos olha para o filho.
Ioanes: Desde que eles não ponham os pés na cidade, está perfeito, para mim. Estão dispensados.
Os três deuses começam a afastar-se do imperador. Athreus põe uma expressão pensativa assim que as portas se fecham.
Kratos: O que é que pensas fazer?
Athreus: Lembra-se dos papéis do Prometheus? Aqueles de química? Descobri que, ao combinar certos elementos, produzo resultados explosivos.
Kratos: Bombas?
Athreus: Mais ou menos, é uma mistura a que eu chamo de álcool clorídrico. Misturei álcool quase puro com cloreto cianúrico, que, ao ser abanado, rebenta e faz um barulho alto o suficiente para afugentar pessoas. É difícil de fazer pedras de cloro, mas cá me arranjarei. Tenho de ir ao laboratório, para ir buscar as misturas, o problema é que não é fatal, se alguém não se assustar, vamos ter de montar armadilhas.
Kratos: Espera lá, mas essas bombas não vão cegar pessoas? Por causa das propriedades corrosivas do cloro?
Athreus: Não te preocupes com isso, é uma possibilidade, mas é um preço que terá de ser pago.
O jovem génio militar fica pensativo de novo, mas rapidamente tem um momento eureka.
Athreus: Cavem um fosso e montem uma estrutura de madeira e folhas secas por cima. No fundo do fosso têm de estar estacas afiadas, assim, se tentarem atravessar o fosso...
Aurogos: Caem e morrem empalados.
Athreus: Finalmente, a última coisa a fazer é cortar seis troncos de árvore, não os retalhem, precisamos de troncos inteiros, vou dizer aos engenheiros do exército para construirem uma rampa capaz de rolar duas toneladas de madeira, de forma a esmagar alguma força que sobreviva, literalmente.
Kratos: Parece que os livros do Ares sempre servem para alguma coisa.
Athreus: "Quando estás em desvantagem numérica, encontra uma vantagem na inteligência." Ele escreveu isso.
Aurogos: Ele tem um sexto sentido para detetar o perigo, segundo o que ele diz.
Athreus corre para o laboratório, onde tem os seus químicos todos. A pequena sala tinha uma mesa cheia de químicos, misturas e equipamentos.
Athreus: Pedras de sal... Onde é que estão?
Finalmente, o jovem guerreiro encontra as pedras.
Athreus: Agora, tenho de separar o cloro do sal, vou usar a fornalha jarrada.
No laboratório, estava uma fornalha com um jarro por cima, para prender os gases, que Athreus acende, e onde ele coloca uma pedra inteira de sal.
Athreus: O carbono do carvão vai queimar e vai subir em forma de fumo para dentro do jarro, o mesmo com o cloro, só preciso do nitrogénio.
O rapaz pega num frasco enorme de ácido nítrico. Passam-se horas, e o jarro finalmente enche de cloro e fumo. Athreus tapa o topo do jarro, não deixando que os gases saíssem, anda até ao frasco, e deixa o fumo e o cloro entrarem no mesmo, misturando-se com o ácido nítrico, que, em minutos, se transformam numa pedra de cloreto cianúrico.
Athreus: Resultou!
O jovem deus retira a pedra gigante de dentro do frasco e parte-a aos pedaços, a seguir a todo o processo, agarra numa pipa de vinte litros de álcool puro e vai para a frente do castelo de Constantinopla.

Conselho dos PrimosOnde histórias criam vida. Descubra agora