o festival das cores.

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Perdido nas entrelinhas de sua mente, o corpo de Taehyung não se moveu, apenas permaneceu ali, observando confusamente e maravilhado a situação pela qual estava inserido agora, talvez aquele fosse um presente do universo para recompensá-lo no fim das contas.

Aos poucos, sua mente voltou aos tons claros e sóbrios, movimentou seus dedos e não sentiu aquela sensação de cimentação, eles voltaram a ser articuláveis, e não mais congelados no tempo. O garoto à sua frente continuava lhe fazendo perguntas que sequer foram respondidas, ao seu redor outros com sorrisos diabólicos riam com copos cheios em mãos e possuindo tons hostis em seus corpos.

– ei, você está me ouvindo?

A voz doce do vermelho se misturava com o azedo dos tons agressivos e cruéis ao redor, formando um agridoce precoce e desconfortável. Taehyung gostaria de poder segurar as mãos de nuvens do seu amor e apenas correr para longe dali... Mas ele o reconheceria?

– J-Jungkook... – seus lábios ousam pronunciar, num sussurro que buscava uma resposta que o desse conforto e reciprocidade.

– ih, olha lá, o maluco conhece o Jeon – um dos garotos abruptos caçoa, trazendo uma onda de risos maldosos, soluçando em suas infantilidades tocáveis em suas gargantas.

– como sabe o meu nome? – o moreno volta a perguntar. Não, ele não se lembrava de si.

Seu coração afunda à mil palmos abaixo do peito, enterrando-se no sangue e afogando-se em todas as esperanças que nutriu desde que escapou de parte da sua tormenta mental.

Taehyung havia fugido para encontrar o seu amor que tinha desaparecido de repente... Mas agora o seu amor sequer o reconhece.

Era a tragédia vantica ainda existente mesmo após décadas se passarem com a morte de seu criador, agora estando cravada em sua carne humana pincelada.

– m-me desculpe... – Taehyung volta a dizer, erguendo o seu corpo afim de levantar e surpreendendo-se ao ter a ajuda de Jungkook para isso. – estava procurando por um outro Jungkook e acabei o confundindo. Sinto muito por isso, e pelo esbarrão vergonhoso.

Ele não havia reparado no primeiro momento, mas aquela tinha sido a primeira vez, desde que saíra do quadro laranja, que suas bochechas adquiriam uma cor rosada como morangos frescos. A vergonha o engolia à cada segundo em que existia no mesmo ambiente que o seu amor perdido, Taehyung não sabia mais para onde seguir após o baque desastral e a fuga de suas borboletas no estômago.

Talvez ele devesse sair correndo dali novamente, mas não por ter tido um estalo na consciência e finalmente perceber que ele não estava mais dentro de sua realidade passada dentro do quadro... E sim por estar precisando de um lugar para dormir e se esconder do sentimento que corroía sua mente.

– não tem problema. – o moreno assegura, entretanto, podendo perceber a apreensão e o desespero nos marejos coloridos de suas orbes. Jungkook observa os olhos alheios profundamente para ver se não estava em delírios ao notar as diferentes colorações existentes nos círculos oculares do garoto desconhecido – olha, não ligue para esses bobões, ok? Você teve uma queda feia, tem certeza de que não se machucou?

Os traços de gentileza humana dominavam o ser de Jungkook, isso Taehyung podia ver sem precisar de nenhum telescópio ou de uma análise aprofundada na alma transparente de Jeon. Ele continuava sendo apaixonante, continuava sendo o mesmo garoto que Taehyung passou a amar, admirar e decifrar nos limites quádruplos da pintura pela qual foram predestinados a morar.

– eu estou bem, realmente bem. Obrigado. – o castanho abre um sorriso curto, porém sincero. Este direciona os lumes à Jungkook, e por um momento sentiu vontade de beijá-lo e abraçá-lo fortemente... Mas conteve os estímulos e a eletricidade que passeava por suas veias e acendia sua alma na luz mais brilhante e ofuscada e os transformou num simples aceno de cabeça agradecido antes de seguir o seu caminho, mesmo sem saber para onde ir.

os demônios de vante; taekook.Onde histórias criam vida. Descubra agora