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Eu pensei que estava preparado para o dia em que meus filhos pagariam pelos meus pecados

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Eu pensei que estava preparado para o dia em que meus filhos pagariam pelos meus pecados. Esse é o meu maior pesadelo, então achei que seria viável me precaver emocionalmente para caso acontecesse. Mas, ao ver Eva tão assustada e com os braços vermelhos, percebi que nunca estaria pronto para ver meus filhos sofrerem.

Sofrerem por minha culpa!

Três meses! Três meses desde que aqueles desgraçados haviam vigiado minha família do outro lado da rua. Três meses desse inferno!

Eu nunca imaginei que fosse durar tanto e que me acarretaria tantos problemas! Me envolvi com a polícia, mandei Rosalie e as crianças para longe, fui morto - praticamente duas vezes, se contar o tiro que levei -. Tudo parece um furacão de pensamentos na minha cabeça, me dando uma crise de ansiedade fodida.

Não sei como fui capaz de dirigir até o prédio abonado. Quando desliguei o motor, o silêncio me engoliu, ouvi o barulho das árvores e do matagal balançando, então me dei conta de onde estava.

Entro no prédio soltando fogo pelas ventas, meu coração batendo forte no peito e meu corpo inteiro está trêmulo. É uma característica das minhas crises de ansiedade. As vezes, sinto como se mal pudesse me manter em pé, parece que meus joelhos irão ceder.

Para ser sincero, não lembro a última vez que tive uma crise como essa. Depois que Rosalie entrou na minha vida, meu emocional se equilibrou completamente. Tudo parecia mais fácil, tolerável, como se eu finalmente entendesse que tudo passa e que amanhã é um novo dia. Aprendi isso com ela!

Então, as crises diminuíram nos últimos dez anos e o máximo que tenho são picos de humor. Procuro me afastar quando sinto que estou no meu limite, porque Rosalie e as crianças não têm nada a ver com os meus problemas profissionais.

Uma outra característica das minhas crises; eu simplesmente apago. Faço coisas no automático, como se eu não tivesse no comando do meu próprio corpo, nem mesmo da minha consciência! Então, não me surpreendi quando o delegado apontou uma arma para mim e pediu que eu abaixasse a pistola nas minhas mãos.

Não me lembro de ter recolhido ela, em primeiro lugar!

- O que está fazendo? - Ele parece temer minhas ações e eu não posso julga-lo, porque quando retomo minha consciência, percebo a pistola e a caixa de munição em minhas mãos.

- Eu não sei... - Minha voz sai arranhada e deixo aquelas merdas sobre a mesa à minha frente. Me dou conta de que estamos na sala de munição e armamento... e nem me lembro de como cheguei aqui. - Preciso encontrar o filho do André Berlucci, dar um fim nisso logo.

- Não é tão simples e você sabe. O garoto vive se movendo.

- Eu só pensei que após a minha morte, ele pudesse relaxar um pouco, abrir uma brecha. - Desabafo.

- Ele nunca compraria essa ideia idiota. - Igor diz com ironia, o que me deixa levemente irritado. Não estou em um bom momento, ele deveria saber disso. - Você acredita mesmo que o garoto desistiria dessa loucura? Aquilo foi apenas para irritá-lo. Ele virá atrás de nós. Você o provocou com a sua morte forjada e agora aguardamos uma resposta.

All that he loves  • ZM • Part.2Onde histórias criam vida. Descubra agora