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Quatro da manhã e eu não conseguia pregar os olhos, porque o medo de Zayn ir embora era muito maior do que o meu sono

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Quatro da manhã e eu não conseguia pregar os olhos, porque o medo de Zayn ir embora era muito maior do que o meu sono. O silêncio no quarto, juntamente com a penumbra da madrugada, me ajuda a ficar sonolenta, mas me recuso a dormir. Os carinhos de Zayn no meu cabelo são muito mais eficazes do que os calmantes que tenho tomado e sua presença ao meu lado faz eu me sentir em paz. Brinco com os desenhos em sua pele dourada, contornando os rabiscos com as unhas e uso todo o meu autocontrole para não fazer aquilo com a língua.

Contorno a frase em árabe na sua costela quando sinto algo nos meus dedos. Nos conhecemos há dez anos, eu sei cada detalhe do corpo de Zayn, e aquela cicatriz não estava ali antes dele desaparecer.

- Zayn... - Eu o chamo, depois de horas a fio em silêncio. Ele parece despertar dos pensamentos com a minha voz e resmunga algo inaudível, como se dissesse para eu continuar. - Você se machucou?

Os músculos de seu abdômen se contraem quando toco a cicatriz com um pouco mais de força. Está cicatrizada, não há mais pontos, mas a pele ainda parece avermelhada. Não é tão grande, mas pelo local, não duvido que tenha doído muito.

- Levei um tiro no dia do plano, mas o delegado tinha um médico na equipe. - Prendo a respiração com sua informação e posso sentir seus olhos castanhos sobre mim, enquanto não consigo desviar minha atenção daquele corte. Seu polegar toca meu queixo e ele praticamente me obrigada a erguer o olhar. - Está tudo bem! Cicatrizou e não doi como antes.

- Por isso não voltou para casa? - Ele nega com um aceno de cabeça, e sua resposta me desespera. O quê mais aconteceu para que ele não voltasse?

- O filho do André estava na casa naquele dia. Eu não fazia ideia daquilo, na verdade, ninguém sabia que ele tinha um filho. O garoto me encontrou no andar de cima quando eu estava prestes a sair e atirou em mim, mas a chegada dos policiais o espantou e ele fugiu antes que o encontrassem. Quando tentamos rastreá-lo, soubemos que ele está procurando por mim, acho que para terminar o que começou naquele dia. - Meu corpo treme com a ideia daquilo acontecer. Preciso respirar fundo algumas vezes, tentando espantar as lágrimas nos meus olhos. - Por isso não posso voltar, ele precisa acreditar que eu morri naquele dia. Assim ele pode relaxar em algum momento, então vamos encontrá-lo com mais facilidade.

- Sei que você desapareceu das vistas das pessoas e todos naquele prédio estão tensos com isso, mas não é o suficiente. - Zayn assente e sua expressão derrotada acaba comigo. - Quero que você volte para casa o mais rápido possível, independente do que precisa ser feito.

- O que isso quer dizer? - Ele indaga confuso. Me apoio em seu peito e os olhos âmbar brilham para mim, enquanto os meus estão encharcados só de pensar na ideia que surgiu na minha cabeça. - Você pensou em algo, não foi?

- Quero que esse pesadelo acabe, só isso. - Zayn parece preocupado com o que pensei. - Faremos isso, mas sem envolver as crianças.

- Rosie, está me preocupando. - Posso sentir seu coração bater mais forte por baixo das minhas mãos.

All that he loves  • ZM • Part.2Onde histórias criam vida. Descubra agora