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Não tive tempo para processar as palavras de Rosalie

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Não tive tempo para processar as palavras de Rosalie. Ou nas feições à minha volta, enquanto alguns policiais estão incrédulos com a atitude da minha mulher e outros apenas debocham do sermão que acabei de levar. Não tive tempo também para lidar com o sentimento de culpa, porque a figura robusta e tempestuosa do meu pai atravessou o corredor do segundo andar.

Pela sua expressão cheia de raiva e descontentamento, pensei que ele pudesse ser capaz de fazer alguma loucura. Seus pulsos serrados me dá a entender que estou prestes a levar um soco de direita capaz de me apagar por algumas horas. Mas nada aconteceu. Ele parou de frente a mim, me olhou com sangue nos olhos e parecia bufar feito um touro.

Volto a ser um garotinho de onze anos diante dele e sua postura firme parece amedrontar todos ali dentro. Então, em menos de um minuto, já não há mais ninguém em volta, todos saíram quando se deram conta de que aquele era Yaser Malik.

Não tenho forças para dizer algo, Rosalie havia deixado meus ombros pesados demais para eu suportar.

- Me dê um motivo, Zayn. - A voz do meu pai sai trêmula e não me lembro a última vez que o vi tão abatido. - Me dê um motivo para você ter feito o quê fez, ou eu juro por Deus, vou dar um jeito de te ensinar a ser um homem de verdade. Eu não tenho saúde para ensinar o meu filho de quarenta anos a ser um homem, mas eu dou jeito e você sabe muito bem disso.

- O senhor já fez uma merda bem grande enquanto tentava acertar em alguma coisa? - Minha pergunta aleatória o pega de surpresa e eu nem ao menos sei porquê eu a fiz. - Foi o que eu fiz. Errei tentando acertar.

- Acha que isso justifica alguma coisa?

- Não, eu não acho. E reconhecer que fiz esforços em vão, e ainda causei danos durante o processo, é difícil pra cacete. - Minha mente traiçoeira parece viciada em se lembrar da imagem de Rosalie partindo e não consigo pensar nisso aqui dentro, me sinto sufocado. - Podemos ir lá pra fora?

Meu pai não me responde, mas não parece tão ofegante como antes. Tomo a liberdade de passar por ele e descer as escadas daquela espelunca, saindo do prédio logo em seguida. Por um momento, me iludi achando que poderia encontrar Rosalie por aqui. Queria muito a chance de me explicar, mas reconheço que insistir naquilo apenas pioraria as coisas.

Aqui não é lugar para isso e aquela não era a hora. Ela estava brava, ressentida e eu não tinha o direito de questionar suas ações. Já lhe dei motivos o suficiente para sofrer, não posso lhe causar mais danos.

- O plano não deu certo, é por isso que eu estou aqui. - Sou o primeiro a falar, porque meu pai parece implorar por uma explicação. Acendo um cigarro, porque sempre ando com uma caixa no bolso e um isqueiro. A nicotina nunca é o suficiente para me distrair, mas de certa forma, me deixa mais calmo. - Acabei com André Berucci e todos os seguranças da casa, mas eu não sabia que havia uma outra pessoa.

All that he loves  • ZM • Part.2Onde histórias criam vida. Descubra agora