- Eu tava sem sono, anteontem, e fui procurar alguma coisa pra comer lá na cozinha, né. Quando cheguei lá, o cachorro arranhou a porta, como quem queria sair pra fazer xixi ou alguma coisa. Abri a porta dos fundos, o quintal tava escuro e começou a chover nessa hora. O cachorro saiu e eu fui comer. Depois, aproveitei que a pia tava cheia de louça e fui lavar para ver se o sono chegava.
- Quem lava louça de madrugada é doido, eu já falei... – Zé interrompeu.
- Deixa eu falar, Zé! Então, tava lavando os pratos e quando olho pra porta que deixei aberta, o cachorro já tinha voltado e já tava deitado. Nessa hora, passou um vulto branco do lado de fora. O cu trancou e eu fui correndo fechar a porta. Deixei só a janela aberta.
- Mas e se o vulto passasse pela janela, tu ia fazer o quê? – Perguntou Maria, esfregando uma mão no outro braço por causa do frio.
- Nunca vi vulto atravessar janela...
- Mulher, essa alma que tu viu tá é perdida. Reza por ela, faz um Pai Nosso, pra ver se ela alcança a luz. – Falou Clarisse, uma senhora que também estava ouvindo o relato.CONTINUA...