A Cidade (Não)Mágica

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"Eu não conseguiria mais ficar naquela casa, cada vez que eu olhava para a porta eu esperava você entrar por ela"
...
"Sangue, está por toda parte" sussurra Stella, "só que, não é o meu..." seus sussuros macabros são interrompidos por uma televisão:

- Acorde Stella, você não morreu ainda - dizia repetidamente o repórter da TV

Stella
"Acorde Stella" dizia minha mãe sem parar. Ah que coisa, tive um pesadelo terrível, nunca pensei que uma TV e um jornalista poderiam me causar tanto pavor.
Enfim, estamos no carro a sei lá quanto tempo e ainda não chegamos ao fim de mundo que minha mãe quer me levar, me sinto cada vez menos interessada mas vai ser ótimo ter um tempo para pensar um pouco. Já devemos estar na tal cidade, as casas estão ficando cada vez mais próximas e até vejo crianças na rua, "eu sinto muito" é a única coisa que penso quando vejo elas, queria alertá-las sobre os verdadeiros monstros do mundo mas nunca destruiria a inocência de uma criança.
...
Stella está com a mente cada vez mais agitada, tentando não criar expectativas sobre o lugar, oque claramente é inevitável, ela abaixa o vidro do carro e deixa o vento entrar, aquele lugar parecia isolado e calmo. O balançar das folhas das árvores e o céu prateado alimentava mais sua expectativa, seus olhos brilharam por um segundo "o ciclone finamente tinha parado em algum lugar" pensou, mas isso tudo logo acabou, enfim, chegamos...
Enquanto isso, em sua futura rua, os boatos de uma pessoa nova se espalhavam rápido, o velho casarão abandonado não era mais tão velho assim, os boatos começaram a surgir porque durante um tempo o casarão parecia está sendo preparado para morada de alguém, por isso o pessoal de lá estava animados para receber quem quer que fosse...
Regina parou o carro e encara Stella pelo retrovisor, e ela retribui o olhar, as duas se encaram até Regina pegar a caixinha de cigarro no banco ao lado e sair, Stella fecha o vidro rapidamente e sai acompanhando sua mãe, sim, Stella estava em seu novo lar, e o recomeço começava. Stella entra no cenário perfeito, final de tarde, apenas dois adolescentes na rua e com sua mãe mais calma do que nunca, ela não via a hora de entrar no quarto e se trancar pelo resto de seus dias em sua "caverna" estranhamente confortável.

Perdida em Algum Lugar Onde histórias criam vida. Descubra agora