SHAYENE: Perigosa.

29 - Shay.

Lição que aprendi 10. Acontece, às vezes você tem que fazer a coisa errada. Às vezes você tem que fazer um grande erro para descobrir como fazer as coisas direito. Os erros são dolorosos, mas eles são a única maneira de descobrir quem você realmente é.

Assustada ou confiante? Um pouco dos dois, eu acho, eu fiz e faria de novo, o Breno fez por merecer, toda ação tem uma reação.

Eu estou no tribunal, vim pro desenrolo, aqui é o certo pelo certo, o Breno ta transtornado com dois tiros na perna, tá um ferimento horrível e não para de sangrar, ele já se negou ir pro hospital, disse que só sai daqui depois de ver o meu pior...
é de cair o cu da bunda.

— Aí Patroa, quero saber qual foi do ko..— um dos fortes falou sentado na cadeira, me esperando falar — Baleou o mano aí atoa? Qual foi...tu tem arma tu? Puxou essa daí da onde? — perguntou me analisando

— Essa piranha saiu do privado tem pouco tempo, deve tá de ajuntamento com algum fudido por aí que tá dando essa valentia toda pra ela — Breno falou babando de ódio

— Ah, é essa aí que tava privada então? Tal da perigosa, tua fiel né? — um outro falou rindo, debochando da situação, Breno negou — Como não po....? — a fala dele foi interrompida pela tropa do Natan chegando, ele tava sério, cumprimentou alguns e segurou o olhar do Breno por um tempo, encostou em um canto e ficou, ele também foi convocado, ele é um dos fortes né

— Como eu tava falando, pode começar a falar, perigosa! Que que tá pegando aí, maior tempo que tu vem arrumando problema na favela né não? Já até rodou por causa disso, a tropa perdeu um dinheiro pra te fortalecer lá dentro, teve tudo do bem e bom — o mais sério de todos falou, eu tossi nervosa, ME FORTALECER LÁ DENTRO?

— Ninguém me fortaleceu lá dentro não, tenho provas do que eu passei, passei o pão que o diabo amassou com pé, só eu sei. — falei ignorante cruzando os braços, a cara do Breno desmontou, aos poucos, os caras ficaram sérios, se olhando entre si — É até bom esse assunto tá em pauta aqui, até por quê, eu saí pele e osso de lá, mal comia, por que o Breno não teve coragem de mandar uma moeda de um real pra mim, se não fosse pela minha mãe, eu tava ferrada! — comecei a falar nervosa, o Natan me encarava sério, em pé e encostado no muro — Por isso que fiz o que fiz hoje, esse desgraçado aí, — apontei para o Breno — Além de botar outra em cima da minha cama, assumir outra enquanto eu tava no sufoco, não ter me dado ajuda nenhuma, se acha no direito de tirar minha filha de mim e de me expulsar da minha casa — as lágrimas desceram com força — Eu errei e paguei por isso, mas eu sei dos meus direitos, eu era mulher dele, vocês sabem po, ele me jogou lá as traças, junto da mulherzinha dele, armou pra me prenderem, perdi as melhores fases da minha filha pro ódio que eu sentia dele e dela, dois sujos, não teve consideração nenhuma por mim. — neguei com a cabeça

Um silêncio se instalou na lage, o Breno tava vermelho, tremendo, desesperado, eu abaixei a cabeça chorando horrores, como se um peso tivesse saído das minhas costas, eles se olhavam entre si, quietos, um deles digitou uma mensagem, outro falou no ouvido do Natan que concordou quieto.

— Essa filha da puta tá mentindo po, ela quer me fuder, sempre bati ponto certinho, não ia ser logo com ela que eu ia vacilar...— Breno riu tentando cortar o clima — Tão ligado como é mulher traída né? Faz de tudo pra te fuder...diz ATÉ que tu..— um dos caras interrompeu ele

— Como tu garante que ela tá mentindo, Califfa? – ele perguntou sem encarar ele — Na história dela nós tá ligado....eu lembro bem o que rolou, lembro também que geral ficou desconfiado de como tu deixou a atual jogar a ex na cadeia e não fez nada...— balançou a cabeça e pensou um pouco — A mina não tá cheia de ódio no coração atoa..— concordei me aliviando um pouco

— Essa mulher aí é um demônio po, ela gosta de me fuder, foi lá em casa, ameaçou a minha mãe, fez vários ko, maldosa ela..— Natan interrompeu ele

– Shayene tá falando a verdade, ela puxou cadeia com a minha irmã, ficaram na mesma cela, o queridinho aí não deu assistência mesmo não, é só puxar tudo que entrou pra ela lá dentro! — ele falou sério, sem sair do lugar, me encarando, o cara concordou, meio sério, levantou, tirou o boné, parecendo não acreditar no que tava rolando

— Com a Nadiazinha né, NT? Lembro quando ela rodou...foi próximo essa parada aí! — falou com a mão no queixo pensando — Tá tudo batendo po, Califfa ficou forte de uma hora pra outra.....chorava miséria pra caralho, pedindo reforço, economia, do nada, maior ostentação com aquela noiva cadáver dele...— negou com a cabeça

— Aonde tá o dinheiro, Califfa? Se tu não fortaleceu a mina, cadê o dinheiro? – um deles perguntou levantando, sério

— Qual foi, irmão! Tu sabe que eu tive uns problemas aqui....tava fraco pra mim, tive que investir.....— Natan interrompeu ele rindo alto

— Ué, ela num tá mentindo? Agora tu tava fraco? Teve problemas? Tu deixou a mina na mão, Califfa! — ele falou andando pela lage — Tu foi sujo po, não teve consideração nenhuma, MÃE  da TUA FILHA, qual foi, independente de qualquer diferença, tu tinha que ter consideração — botou o cigarro na boca, me encarou serinho

— Uma! – o cara falou apontando o dedo na cara do Breno, fazendo o sinal de 1 — Uma semaninha pra você devolver o que é meu, não adianta fugir, ir embora, você sabe disso né? — Breno concordou com os olhos arregalados — Tá proibido de encostar na mina aí também, distância, ela vai continuar na casa dela, com a filha dela, até segunda ordem, TU tem 1 semana pra resolver tua vida e me entregar o comando todo do morro no certo. — falou se afastando dele

— Game over, deixa a mina viver a vida dela, qualquer boato de que tu tá sufocando, o bagulho vai ficar doido, o mano vai ficar aí na marcação contigo, anda na linha se não a corda bambeia — Natan falou se afastando e descendo as escadas, antes de me lançar um olhar cheio de significados 

Me levaram em casa, eu não fiquei para escutar o resto da conversa deles, não me interessava mais, juntei todas as minhas roupas, a última coisa que eu posso é ficar aqui. O certo prevalece.

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