15 - Shay.

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Lição da vida 04. A lei do retorno se fará presente, a colheita diz que não é possível plantar limão e querer colher morango.

Naquele dia eu me senti estranha, era como se alguém vigiasse cada passo que eu dava dentro da minha própria casa, deveria estar bem não? Eu tive uma noite maravilhosa, regada de sexo...e que sexo.

Um arrepio me subiu da cabeça aos pés quando alguém bateu forte no portão, prendi o cabelo na cabeça e senti uma queimação no estômago, maldita ressaca!

— Fala? — perguntei encarando o menino que estava no meu portão

— Aí, Califfa mandou te chamar! Agora! — ele falou sério prontinho pra me arrastar pelo braço

— Ou, ou, ninguém vai sair me arrastando por ai NÃO! Que que ele quer? Por que ele não veio? — perguntei séria franzino a testa

— Num sei, só sei que ele te quer lá agora! Anda, bora — falou ignorante

Fecho o portão e vou andando com o menino, até então, pelo que parece é o miolo, meu coração tá na mão, o Breno não é flor que se cheire e nem celular eu trouxe pra avisar a ninguém caso alguma coisa aconteça comigo, que desespero..

— Entra lá que ele tá te esperando! — concordei

Poucas, bem poucas vezes eu vim até aqui, subi a lage que dá no pequeno escritório que o Breno tem, um bolo se formou na minha garganta, uma sensação ruim.

— Cadê minha filha, Breno? — as palavras saíram rápidas da minha boca, sem ao menos me deixar pensar, o instinto de mãe gritando dentro de mim, observei ele de costas para mim, sentado na cadeira virado para parede.

— Pegaram a Beatriz! — ele vomitou as palavras na minha cara, virando para mim, minhas pernas fraquejaram e eu me apoiei na parede, tonta

— Quem? — perguntei trêmula, tentando manter meus pensamentos ordem, sequestraram minha filha?

— Quem o que? — ele perguntou passando por mim, andando pra lá e pra cá pela sala, vez ou outra olhava o celular, nervoso

— Quem pegou ela, pelo amor de Deus, Breno! É a minha filha, pelo amor de Deus! — fui até ele, sentindo meu coração acelerado, minha garganta se fechando, coloco as duas mãos em seus ombros 

— Eu não sei, porra! EU NÃO SEI! — ele gritou estressado, bufando, o rosto vermelho — Me explica que porra tu tava fazendo na favela do Natan, sua filha da puta — ele me segurou pelos ombros e me sacudiu, afastando minhas mãos dele — Ontem tu tava lá e hoje minha filha some, me explica essa porra, Shayene — ele aproximou o rosto do meu, me intimidando

Nada! Eu fui curtir o baile com umas amigas, quer me culpar mesmo pelo sumiço da minha filha? — empurrei ele pelos ombros e me afastei — Cadê teus contatos? Acha ela, por favor Breno, eu nunca te implorei nada, como foi isso? Pegaram ela onde? — perguntei embolado, me atrapalhando com as palavras, sentindo as lágrimas desceram com força

— Ontem, quando elas estavam indo pra Penedo, fecharam o carro da minha mãe, levaram a Beatriz e o carro, largaram minha mãe com e o coroa dela na pista, no meio do nada, minha mãe só conseguiu contato hoje de manhã — ele disse frio, acendendo um cigarro — Reza, Shayene! Reza pra eu encontrar minha filha com vida! Se qualquer coisinha acontecer, eu vou em cima de tu, e tu vai ter que me explicar legal o que tu tava fazendo em favela de inimigo meu — engoli a seco, passando a mão no rosto tentando controlar as minhas lágrimas — Tá procurando alguém pra te bancar? Tanta favela por aí, se chegar no meu ouvido que tu tá caçando alguma coisa por lá o bagulho vai ficar sério.. — neguei com a cabeça e interrompi ele

— Vai pro inferno seu babaca! — jogo a cadeira na direção dele — Minha filha DESAPARECIDA e você com esse seu ciúme doentio, VAI SE FUDER — grito partindo pra cima dele — Eu te odeio, Breno! Você faz tanto mal aos outros que isso tá se voltando contra VOCÊ, e agora minha filha tá pagando por isso! Sabe lá na mão de quem — falo dando um tapa forte no rosto dele, sentindo minha mão arder, ele segurou meu pulso, um lado do rosto vermelho, marcado pelo meus 5 dedos — Acha minha filha, se qualquer coisa acontecer eu vou no mais alto, no mais pica da facção abrir a boca pra falar que você não me deu assistência nenhuma na cadeia! Que você — dou um soco no peito dele — Que me jogou dentro da cadeia junto daquela sua mulherzinha, junto com a polícia, que tu fecha dos dois lados, você sabe do que eu sou capaz.. — ele me empurrou pra trás

— Mete o pé! — ele falou ignorante — Vai embora! Tu tá falando um monte de merda, vaza! — neguei com a cabeça

— Eu só saio daqui com notícias da minha filha! — sento na cadeira e apoio o rosto na mão

Meu mundo caiu.

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SHAYENE: Perigosa. Onde histórias criam vida. Descubra agora