SHAYENE: Perigosa.

11 - Shay.

Lei da vida 03. Se dê um tempo,
para acalmar toda bagunça que há em você, organizar seus pensamentos e sentimentos. Estar em paz com si mesmo, também é importante.

— Lá dentro é tudo difícil, Jaque, não quero mais ficar longe da minha filha não! Muito menos cair lá dentro de novo — ela concordou enchendo meu copo — Aquilo lá não é vida pra ninguém. — suspiro

— Nem imagino po, tu lá passando por vários sufocos e o Breno aqui com a naja pra cima e pra baixo! — ela falou chamando a minha atenção, concordei

— E tu sabe se ele falava alguma coisa de mim? — perguntei dando um gole na minha cerveja, me preparando para escutar o que estava por vir

— Sei não sabe, quando aconteceu esse bagulho aí contigo, a naja falou aí po, pra geral que te jogou mermo no privado! — Jaqueline falou sentada do meu lado, olhei a Beatriz brincar no parquinho com as crianças — Mas ninguém escutava nada do Breno, ele não falou nada! Que eu saiba! – concordei

— Que me jogou lá? Paguei só as consequências dos meus atos! — revirei os olhos e ele negou com a cabeça

— Sei não sabe! Do jeito que ela se achava, parece que foi o bote perfeito pra ser assumida pra geral — concordei e acendi um cigarro — Lembro como se fosse hoje, Shayene! Chandley chegou lá em casa assustado, dizendo que tu tava presa, ele até tentou dar um papo no Califfa pra não te deixar aguando lá dentro, mas Califfa não escutava ninguém — engoli a saliva com força e suspirei — Só dizia que tu tinha vacilado, que tinha te avisado pra tu andar na linha, mas nunca vi bandido andar com mulher que tem coragem de ir na delegacia dar parte de outra, nem um pau ela levou por causa disso, eu hein! Num fode — eu ri soltando a fumaça pro alto, é verdade

— A vida vai cobrar ela por ter me afastado da minha filha, Jaque! Nada disso me atinge não, ela tá tendo a vida que ela sempre desejou, a gente colhe o que planta — minto e balanço os ombros indiferente – Me impressiona ela não ter engravidado dele ainda...— ela concorda

— Acho que ele não quer, alguma coisa assim! Mas, fala aí, tem vontade de voltar com ele não? Vocês tiveram uma história po — nego com a cabeça

— Nenhuma, Breno tá cego e acabado, ela tá sugando tudo dele, vai acabar sem nada — falo ficando séria, ele vai ter o que merece, e não será eu!

Ficamos batendo um papo e só me confirmando as certezas de tudo, é óbvio que a Patrícia armou para mim, o Natan está certo, aos poucos eu vou indo mais fundo nessa história, alguma coisa não bate.

Cheguei em casa botando a cria para tomar banho e terminei de arrumar as coisas dela que já já o outro vem buscar, tô estressada, triste, puta da vida com tudo que eu escutei hoje.

Tudo que eu já sabia, a Patrícia desgraçou minha vida e o Breno se calou diante disso tudo, incrível né, como o homem fica cego por causa de buceta, ele jogou nosso relacionamento no lixo, ele compactou para acabar com a minha vida!

— Eu vou viajar com a minha vó — Beatriz falou entrando no quarto e sentando perto de mim

— É? Vão pra onde? — perguntei séria, Breno não me avisa nada, ele quer de todas as formas me deixar afastada dos assuntos que envolve a Beatriz.

— Lá pra pe.... peno alguma coisa assim, mãe — ela riu animada — Mãe, a senhora botou aquele vestido com bolinhas azul? — perguntou

— Botei! E é Penedo, né? — ela concordou e eu terminei de arrumar o arco na cabeça dela — Se comporta lá tá bom? Respeita sua vó! — ela concordou

— E minha vó Shirley volta quanto? Tô com saudade dela — perguntou manhosa e dou um beijo na bochecha dela

— Quando! — corrigi ela e me levantei da cama — Domingo, quando você chegar ela já vai estar aqui — ela concordou distraída com o celular

— Posso passar meu brilho de cereja? — perguntou vindo na minha direção

— Pode! Rapidinho que seu pai já deve estar chegando! — falei indo para sala com a mochila dela

Não deu nem 5 minuto e o Breno já estava batendo no portão, ela saiu em disparada para atender ele e eu fui atrás.

— Boa noite! — ele falou para mim com a Beatriz no colo — Vai dar um rolê maneiro com a mercenária da tua vó hein? Aquela lá só quer gastar — riu me fazendo fechar a cara

— Merce...o que pai? — Beatriz perguntou sem entender

— Nada! Seu pai só fala besteira, não repete isso — falei séria negando com a cabeça, É UM BABACA MESMO

— Foi mal! — Breno riu sem graça e eu revirei os olhos

— Quero falar com você! — falei ignorante, ele concordou botando a Beatriz no chão — Te amo, qualquer coisa liga pra mamãe — dou um beijo na testa dela e ela me abraça

— Te amo muuuuuuuito mãe — fala me fazendo rir — Eu vou tirar muitas fotos lá pra gente depois postar no meu instagram — concordei e o Breno riu

— Vai lá pro carro que eu vou ter uma conversa de adulto com a tua mãe rapidinho — ele falou para ela que concordou, dou a mochila dela para ele e reviro os olhos

— Que história é essa de viagem? Tua mãe viaja assim com a minha filha e eu fico sabendo pela boca dela? — perguntei cruzando os braços

— E daí? Assim como tu é mãe, eu sou pai ué, eu deixei — ele responde sério, nego com a cabeça

— Breno, é o meu direito saber das coisas antes, a Beatriz que é uma CRIANÇA que fica me avisando as coisas! — ele riu — Eu sou a mãe, você não pode ficar me excluindo assim, já tá ridículo isso já!

— Direito de que, Shayene? Tu pensou nela quando quis dar uma de lutadora aí pela favela? Não né, só tava querendo amansar teu chifre — debochou me fazendo bufar — Quem sustenta sou eu, quando tu tava presa não foi eu que sustentei e sustento até hoje? Quem faz o papel aqui sou eu po, palavra final é minha! Tem direito de reclamar de porra nenhuma você! — me deu as costas e sai andando pro carro, bateu a porta com força e meteu o pé

Engoli o choro na garganta e entrei pra dentro de casa, acabou a minha noite, acabou meu dia. Rejeito a ligação do Natan e desligo o celular, nada me tira de casa hoje, até quando eu vou viver esse inferno?

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