Capítulo 1

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ALTURA MACHO: 3,5 METROS

ALTURA FÊMEA: 2,0 METROS

   Ninguém sabe com certeza quando essa doença entrou no nosso organismo. Ninguém sabe como ela se desenvolveu, mas todos sabem de suas consequências e o que acontece.
Nós chamamos essa doença de ALIEN. Muito neutro, eu sei, mas se você soubesse como são talvez não pensaria assim.

   Tudo começa com sintomas que até então parecem uma doença normal. Ansiedade, ânsia de vômito e sudorese, nada de mais, esse é o estágio inicial. Pode ser apenas uma pessoa com isso, como aconteceu, mas o escarcéu que essa única criatura faz, é inacreditável.
O segundo estágio vem logo depois de 5 dias da doença no organismo e então o tempo diminui drasticamente, os sintomas são: pele escamosa, semelhante às de répteis, aumento de sudorese, lesões incuráveis na pele e perda de apetite, você pode até tentar ajudar, tentar atrasar, mas não tem volta.
O último estágio vem depois de 5 horas, as pessoas se tornam em algo totalmente diferente, seus olhos se tornam opacos e pretos, não existe mais a cor da íris e nem da córnea, apenas a vastidão preta, em alguns nasce mais dois braços embaixo dos que já estavam, em outros a coluna cria uma extensão fazendo parecer uma calda que pode conter uma enorme força, aumento de tamanho, pele acinzentada que começa dos olhos e bocas e depois vai expandindo-se pelo corpo, dentes poderosamente afiados e instintos animalescos super aguçados. Neste estágio, abandone qualquer esperança de poder recuperar alguma pessoa. Ela se torna em um monstro em apenas uma hora. Há apenas duas soluções, ou você a abandona e sai correndo para longe o máximo que der, ou você a mata e deixa para os ALIENS se alimentarem quando acharem.

  Dentre tudo o que falei, algumas pessoas não se "infectaram" por assim dizer, já que é um doença autoimune, e uma delas sou eu... Não sei dizer se isso é sorte ou azar... eu estou me ferrando igual. Vivendo em um mundo onde tudo foi tirado de nós e nem se quer teve aviso prévio.

Depois de um tempo, correndo por desespero, sentindo meus pulmões queimarem a cada inalada e tentando despistar aqueles carnívoros eu chego em um local abandonado como tudo aqui. Era uma fábrica antigamente, mas está mais abandonada do que as outras coisas aqui. Por fora haviam carros totalmente ou quase totalmente destruidos, partes da parede da fábrica estavam rachados ou em pequenas frestas, a tinta de cor beige estava horrível, cheia de marcas de garras ou sujeira, se não era mofo ou a tinta se descascando, de todo modo, eu entrei com o mesmo desespero de que quando eu estava correndo, abri a porta de metal e a fechei colocando uma viga de metal pesada entre as alças da portal, então encostei minha costas esperando algo, de repente eles bateram com tudo na porta depois o que não demorou dois segundos após eu ter me encostado sobre ela, provavelmente era o impacto de eles estarem correndo. Suspiro em alívio inalando o odor metálico misturado a mofo e outras coisas desagradáveis que provavelmente havia no local, dentre tanto, escuto um pequeno arquejo em meus pés, muito pequeno mesmo. Quando minha visão se acostuma com o breu da escuridão eu os vejo lá, um ninho, vários daqueles ALIENS, eram aparentemente recém nascidos deitados no chão, deveria haver uns cinquenta ou mais no local, estavam todos dormindo, haviam vários deitados no chão húmido daquela fábrica, alguns estavam amontoados em um pequeno monte, um em cima do outro, mas o meu medo era o maior que estava dormindo assim como os outros. Provavelmente era o cuidador, na hora eu coloquei minhas mãos em frente ao meu rosto, tampando a boca e o nariz, tentando abafar o máximo que pudia a minha respiração que no momento estava pesada, no entanto, aparentemente ele estava prestes a acordar, meu cheiro estava sendo o intruso ali e obviamente aquela criatura iria acordar a qualquer momento, procurei rapidamente uma saída, e eu encontrei. Uma porta, também de metal, mas diferente da que eu entrei, aquela passava uma pessoa por vez, e em cima havia um letreiro escrito saida, mas como não havia energia, ele não estava ligado, a saída estava tão próxima do ALIEN que eu fiquei paralisada de medo que ele me descobrisse antes de sair, eu percebi sua respiração começar a acelerar o que significava que ele acordaria a qualquer momento. Eu não podia morrer ali, eu não queria morrer ali, meu orgulho era muito mais alto que meu medo da morte, então me apressei, ignorei a minhas pernas tremulas e a minha intuição de que além de perigoso, iria dar errado esse plano, e comecei a me movimentar rápido mas o mais silencioso possível.

Eu chego perto da porta que ficava ao lado do corpo adormecido do ALIEN macho. Seus três metros de altura me intimidam a ponto de eu não perceber onde estava pisando e acabar tropeçando em um dos recém nascidos,  olhei para o projeto de ALIEN abaixo de mim, rezando para que não acordasse, e como se meu instinto tivesse me falado "eu te avisei", prevejo o choro daquela criatura assim que ela puxa o ar e faz uma careta se assemelhando a um humano, meu medo me paralisou de novo, pois assim que aquela criatura abriu a boca e começou a berrar, eu senti uma lufada de ar em cima da minha cabeça. Com medo e rezando, eu olhei para cima, era obvio que aquele ALIEN havia acordado, os olhos embanhados em uma manto preto e brilhantes como petróleo, se assemelhavam a um buraco negro, aqueles olhos me fitavam sem me deixar sair de seu campo de visão, seu dentes amarelados e afiados estavam se mostrando lentamente da mesma forma em que ele começava a rosnar como um cão raivoso, tudo o que eu pude fazer naquela hora, em que nossos olhares se encontraram, foi tremer de medo e tentar pensar em algo, mas eu não tinha tempo pra pensar. Na situação em que eu me encontrava, esqueci de que estava tentando ser silenciosa, abri a porta com tudo, e então, o que vi antes de correr novamente pela minha vida, foi sua face se enrugando ainda mais em ameaça, e suas garras no ar prontas para me matar. Sai e a fechei da mesma forma que a abri, quando comecei a correr, percebi que eles estavam me seguindo, então, eu corri ainda mais para os despistar novamente, corri até não poder mais, por sorte a floresta não era longe e era bem densa para aqueles monstros. Corri como nunca na minha vida, a tensão que eu tive naquele momento me fez esquecer minha cãibra na perna, mas mesmo assim, eu continuei correndo.

Eu corri, corri e corri, não percebi que não tinha mais nenhum ALIEN me perseguindo até quando, finalmente, me permiti olhar para trás, o alívio tomou conta do meu corpo e, por descuido, acabei caindo em cima de algo que perfurou parte do meu braço, senti meu cérebro mandando o comando da dor para mim, e os meus instintos tentando acalmar a partir de grito que abafei, não sabia o quão longe eu estava, por sorte tenho uma certa resistência a dor, mas isso não me impediu de chorar pela dor que eu estava sentindo, resisti a vontade de ficar no local e chorar como um bebê. Me levantei com muita dificuldade, afinal eu havia notado a minha cãibra e a dor no meu braço era enorme, eu não tinha nada comigo então teria que ficar por assim mesmo até eu achar um lugar seguro na floresta que não esteja morto, como havia chovido no dia eu tinha que procurar um lugar úmido pelo menos e eu achei, abaixo da copa de uma árvore, por sorte eu achei alguns galhos secos de árvores para poder fazer uma fogueira e me esquentar, talvez eu possa cauterizar esse ferimento. Sentei em meio a quase escuridão e comecei o mais rápido que eu podia a ascender aquela fogueira, demorou pra pegar mas ela ascendeu, enquanto eu esperava a madeira esquentar com o fogo, eu tentei tirar a estaca que estava em meu braço, a dor foi enorme. Excruciante. Quando eu finalmente tirei eu segurei o ferimento para tentar fazer com que não saísse tanto sangue, foi então que eu lembrei que eu tinha água, tomei um gole para poder me hidratar um pouco e o resto eu joguei em cima da feria, ardeu um pouco, mas nada pior do que a cauterização.
Peguei aquela tocha com meio fogo e apaguei ele eu vacilei por um momento, queria que alguém tivesse a coragem de fazer por mim, mas era eu por mim mesma. Respirei fundo, puxei a blusa pra boca, tentei por o máximo que conseguia para morder algo, e quando coloquei aquela madeira ardente na minha pele, ela começou a queimar, minha pele estava implorando para parar e eu tinha que me concentrar para não tirar antes de fechar bem, se não, não conseguiria colocar outra vez, o cheiro de carne estava subindo pelas minhas narinas, era horrível, quando eu achei que eu já estive queimando tempo o suficiente eu coloquei aquela madeira de volta no fogo, arranquei um pedaço da minha blusa e tentei fazer um curativo, bem amador, não funcionou muito bem, mas até eu achar um local com remédios, era o que eu tinha naquele momento. Quando a dor acalmou eu resolvi deitar e tentar descansar, mas meus pesadelos continuaram.

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