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Ray passa fechando a porta dupla do bar, andando com os musculosos braços cruzados, exaltando-os, um ar pesado rodeia o ambiente, ele nos encara com raiva, provavelmente esperando quem dos dois irá se pronunciar por destruir a carroça, pela calmaria, deduzi que o fogo já estivera contido.
ㅡ Ei, que história é essa de explodir a remessa de suprimentos dos outros hem!? ㅡ Ray vira a cadeira e se senta conosco ㅡ Anda, desembucha! Eu odeio repetir as coisas. ㅡ ele diz com voz calma, porém sem perder a imponência.
Minha cabeça dói, nem eu sei dizer o que foi aquilo de fato, sempre soube que elfos tinham uma ligação com os espíritos, é um dom, essa habilidade requer um controle mental pleno, sendo mestiça a situação é um pouco diferente, eu não deveria ter esses deslumbres espirituais, apenas sinto presenças e tenho intuições, eu sou fraca até pra usar magia, só tive uma ou duas experiências na infância pelo que eu consigo buscar na memória, nada mais, mesmo assim, depois de hoje não posso mais ficar adiando.
Estamos há segundos em silêncio o que não agrada nem um pouco Ray, me enfureço com o jeito que todos no bar continuam tentando "sutilmente" disfarçar seu interesse na nossa mesa para saber da fofoca do dia, parece que o descontrole da filha do rei vai ser assunto por um bom tempo, o canto do olho vai até o grandão sentado a nossa frente que ainda quer uma explicação, minha mente está tão embaralhada que eu não consigo pensar numa resposta concreta.
Hank me olha preocupado, nem eu ou ele sabemos por onde começar.
ㅡ Os soldadinhos vão ficar com essa cara de bunda? ㅡ ele coloca um dos braços sobre a mesa o que faz ela tremer um pouco pelo impacto ㅡ Ou vou ter que relatar ao superior seu pa- ㅡ eu o interrompo.
ㅡ E-Eu não sei. ㅡ falo inexpressiva, ainda assimilando tudo.
ㅡ Como não sabe? Eu vi você quase atirando no seu amigo ali e explodir aquela carroça! ㅡ esbraveja Ray, irritado.
ㅡ Eu NÃO quis atirar nele! ㅡ minhas sobrancelhas se juntam ao ponto enrugar a minha testa, enquanto cerro meus punhos por debaixo da mesa, triste por saber que quase acertei o Hank, que mantém o olhar baixo para mim, desolado.
ㅡ Se não, o que encrenqueira tava fazendo então? ㅡ ele abaixa o tom com o rosto sério.
ㅡ Já te disse! ㅡ começo a apertar o tecido da calça nervosa ㅡ Eu não faço ideia, só tenho flashes daquele momento. ㅡ minha mão vai até a têmpora ㅡ Um brilho... uma voz na minha cabeça, uma dor forte, e de repente, branco e aí o Hank apareceu, e eu não... consegui... desviar o tiro.
ㅡ Noora, eu tô bem, você não tem culpa. ㅡ Hank coloca a mão sobre meu ombro para me consolar e direciona sua atenção ao Ray, nisso eu dou um sorriso de canto insosso ㅡ Bom... ㅡ ele pressiona os lábios nervoso ㅡ Eu vi que tinha algo errado quando a vi entrando naquele beco. ㅡ a cabeça se estreita um pouco para o lado dando um suspiro tenso e ele continua em voz baixa tendo o cuidado de que ninguém mais estivesse escutando ㅡ Ela estava claramente assustada e precisava de ajuda. Nunca presenciei algo desse tipo, ela sempre trabalha em diversas missões agindo com calma e cautela, mas dessa vez estava diferente. ㅡ ele faz uma pausa ㅡ Eu senti uma corrente de ar saindo dali, quando corri pra ver, tinha uma fonte de luz no peito...
Nesse momento eu congelo e devagar desço a visão até a lasca de pedra no meu pescoço, minhas mãos suam um pouco e com dificuldade tento parar a tremedeira que começara.
ㅡ Os olhos estavam fixos no fundo do beco, quando pensei em me aproximar a ventania ficou mais forte, quase me empurrando para trás, de repente um vulto passa por mim.ㅡ Ray e eu ao escutarmos cada palavra que saia de sua boca ficávamos mais assustados, Hank continua falando colocando seu tronco um pouco mais pra frente ㅡ Então o corpo da Noora finalmente se moveu apontando a flecha e percebi que ela estava agora com os olhos brilhando também e lágrimas estavam caindo antes de atirar, e o resto vocês já sabem. ㅡ ele levanta uma das mãos fazendo um gesto.
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Filhos da Alvorada - Primeira Parte: Lua Crescente
Fantasia❝Acredite criança, nem tudo é o que parece...❞ ⊱ SINOPSE: Contrariando os desejos de seu pai, Noora realizou seu sonho de infância ao se juntar à guarda real. Em uma semana ela se tornará a capitã da tropa, e hoje é um dia especial: seu aniversári...