Minha Chegada

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Estudar anos japonês e coreano não havia sido em vão. Eu mal podia acreditar, estava finalmente me mudando para o Japão. Um dos meus maiores sonhos, realizado. Os animes e Doramas me fizeram conhecer uma cultura da qual eu gostaria muito de fazer parte, e por isso, estudei sozinha e cheguei onde queria.

Claro que, estar no ensino médio, trabalhar e treinar minha linguagem oriental, não foi fácil. Precisei aconselhar meu tempo. Mas agora era real. Eu estava fluente, havia guardado dinheiro para me mudar e meu último ano do colegial seria em uma das melhores escolas japonesas. A felicidade tomava conta de mim.

Meus pais choraram muito, mas aceitaram me emancipar para que eu pudesse me mudar sendo uma "adulta" mesmo com dezessete. No Japão, eu ficaria na casa de uma amiga da minha mãe que se casou com um asiático e ficou por lá mesmo. Mas eu estava  com dinheiro suficiente para a viagem e para a escola. Claro que também tentarei um emprego por lá o mais rápido possível.

Ao finalmente superar o leve medo de avião que tinha dentro de mim e voar até o Japão, Meire, a amiga da minha mãe, me esperava sorridente no aeroporto. A abracei e sorri ladino. Ela me ajudou com as malas e seguimos na direção de um carro prateado. Seu marido estava no volante, me cumprimentou em japonês e conversamos durante a viagem até a casa deles. Era uma casa simples, não tão chique e nem tão grande. Mas era bacana. O local tinha dois quartos, e um deles seria o meu. A parede estava recentemente pintada de lilás. As cortinas eram rosas e a cama florida. Talvez achassem que eu fosse menininha demais, mas eu não era assim. Essa decoração não era a minha preferida, mas claro que eu não iria reclamar, pois eles haviam preparado com carinho para mim.

Jantamos juntos e logo eles foram se deitar. Me mostraram a casa antes e me disseram para tomar um banho pós viagem. E assim fiz, mergulhei na água quente, molhando meus cabelos naturais. Suspirei após desligar o chuveiro, cinco minutos depois. Vesti uma das minhas camisolas e me deitei na cama de solteiro florida, pegando o aparelho celular e entrando na página do Facebook do colégio que eu começaria pela manhã. 

Vasculhei a página, descobrindo que aparentemente os jovens de lá gostavam muito de apostar entre as aulas. Eu não era ruim em jogos, mas também não era boa. Será que não me enturmaria? Já era difícil me enturmar por ser de outro país. Se eu não tivesse os mesmos gostos que os adolescentes da minha turma...seria ainda pior.

Entrei em uma das fotos da página, uma foto de um grêmio estudandil. Na imagem, uma garota com cabelos escuros e compridos estava séria. Ao seu lado, uma baixinha fantasiada que aparentava ser mais nova, segurava um pirulito vermelho. Uma outra de cabelos rosa e olhar sorridente, piscava para a câmera. Uma outra jovem, mascarada, me intrigou. Suas mãos estavam cruzadas à frente da barriga, e seus cabelos loiros pareciam brilhantes de tão claros. E, ao centro, uma garota com tranças me chamou ainda mais a atenção. Os olhos eram claros e penetrantes. Ela parecia ser a líder do grupo, dava para se notar até mesmo por sua postura. Sorri encantada. Ela era intimidadora, talvez eu sequer conseguisse conversar com ela pessoalmente.

Após encarar sua imagem por um bom tempo e salvar a foto na minha galeria, coloquei o celular para despertar e tentei dormir. Mas, claro, me revirei na cama por cerca de duas horas antes de finalmente conseguir. A ansiedade tomava conta de mim, eu começaria a estudar em um colégio novo...cheio de japoneses, e eu não era uma.

De manhã, tomei suco e comi duas frutas. Precisava estar bem alimentada.  Vesti meu uniforme branco e vermelho com beiras pretas e penteei o cabelo. Agradeci Meire e seu marido Itachi, quando ambos me deixaram no colégio enorme. Mas seria o único dia, pois nos outros eu teria de ir andando.

Sorri, entrando calmamente no colégio com a minha bolsa no braço direito. Senti alguns olhares feios sob mim, me encaravam como se julgassem. Tinha algo de errado comigo? Adentrei no pátio e parei em frente a um quadro de avisos. Nomes de pessoas estavam escrito, e algo como "bichana" e "totó" também, ao lado dos nomes. 

Hot Girls - KakeguruiOnde histórias criam vida. Descubra agora