Capítulo 4 - Um Abraço

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POV HARRY

Escuto a porta da sala se abrir, mas nem olho. Achei que teria mais tempo, talvez algumas horas antes de Ron e Mione lembrarem dela. Mas não devia reclamar, eles devem ter se preocupado comigo, enquanto mergulhava-me em tristeza e culpa. Nossa não mereço eles como amigos. Estou esperando as falas da Hermione, a oferta de comida de Ron, os olhares preocupados dos dois e a promessa de que tudo ficaria bem.

Minutos passam e nada disso acontece. Devo parecer pior do que pensei para eles ficarem tão quietos, estou ponderando se devo ou não levantar meu olhar para encara-los quando sinto braços me abraçando, congelo por um momento, não pelo abraço, Hermione sempre faz isso comigo, mas não é Mione, é um perfume que reconheceria em qualquer lugar, sinto as mãos dele nas minhas costas fazendo círculos reconfortantes e so quando ele se afasta se passa a mão no meu rosto percebo que na verdade ele esta secando as lagrimas, que nem tinha reparado estarem la.

Ele levanta minha cabeça e pronto, verde contra cinza, uma batalha silenciosa. Quantas informações uma troca de olhares pode passar? quando estou olhando para Draco, vejo tanto, vejo preocupação, carinho, afeto, vejo perguntas silenciosas rondando os pensamentos dele, Posso te confortar? Posso ficar aqui com você? Como posso te ajudar?

Por um momento penso em negar, voltar para a solitude. Mas me vejo fazendo o oposto, me vejo o abraçando de volta e afundando meu rosto na curva do seu pescoço e inspirando o cheiro que nem eu sabia, mas é reconfortante e me permito, me permito chorar, me permito soluçar, ele esta me segurando e sei que estou seguro.

Me pergunto o que ele viu em meus olhos antes de eu o abraçar, ele não fala que ta tudo bem, nem fala que é normal ou que não é minha culpa. Ele fala a coisa mais Draco possível " Com medo Potter?", e com isso, com essa frase ridícula me encontro sorrindo, parece que foi em outra vida o clube de duelos, quando estávamos brincando de nos odiar, sendo 'inimigos', quando ele fala agora não tem mais maldade, nem zombaria na voz, somente calma e carinho, como uma piada de amigos de longa data que ninguém entende, um segredo dos dois. 

E esse pensamento reconfortante me faz responder "Sim". Por que estou cansado e com ele aqui sinto que não posso mentir, estivemos por tanto tempo um orbitando o outro que não tenho forças em mim para fugir, talvez seja um grifinorio no final, pois uma coragem que nem sabia que tinha sinto crescendo em mim.

Mas talvez não era questão de ser ou não grifinoria, pois coragem não é somente na luta, mas também em admitir que precisa de ajuda e se permitir ser ajudado. É demonstrar vulnerabilidade para as pessoas que você confia e deixar que elas sejam sua fonte de segurança e aceitar ser ajudado. E agora nos braços de Draco sinto isso, sinto essa motivação e essa segurança.

Então eu me permito.


POV DRACO 


Quando entrei na sala não sabia o que fazer, ele estava encolhido em um canto olhando para o chão parecendo tão quebrado e vulnerável, quase sai da sala, queria ir até Hermione e falar que não podia, que ela o conhecia melhor, que estava errada e que não poderia ajuda-lo. Mas me obrigo a ficar, por que deve ter uma razão para isso, Hermione, Snape e até Ronald, acreditarem que posso conforta-lo.

Queria perguntar, saber o que passa em seus pensamentos, mas não posso obriga-lo, então faço o que acho mais próximo disso, abraçando-o, espero que com isso expresse o que as palavras não conseguem. Por um momento achei que estava errado e que piorei tudo quando senti as lagrimas dele, mas me obriguei a permanecer firme, segurei seu rosto com toda delicadeza possível, sequei sua lagrimas e o que vi me impulsionou, tinha uma faísca lá, era quase tão pequena que se não estivesse tão atento a ele não teria notado.

E com isso permiti que minha mascara caísse e todos os sentimentos e preocupação transbordassem e fossem visto. Em troca vi culpa, dor, ódio, tristeza, mas no final de tudo tinha algo que me confortou, tinha esperança, respondendo minhas perguntas silenciosas ele volta a me abraçar, sinto ele chorando, cada soluço e cada tremor do seu corpo, mas sabia que era o certo e se tudo o que ele queria era um abraço e alguém que estivesse com ele enquanto chorava, ficaria feliz em ser essa pessoa.

Depois que seus soluços diminuíram, penso em como abordar o grande problema, mas tudo o que tenho de referencia de lidar com Harry são brigas e algumas interações esse ano. Quando dou por mim e percebo o que disse quero me bater, finalmente estou confortando-o e mais importante ele esta me permitindo e eu solto essa maldita frase " Com medo Potter?", penso em como concertar, mas a resposta dele me faz congelar, ele sorri. 

Tinha me esquecido como é lindo, esse sorriso que nem chegou aos olhos, é como se fosse so um curvar de lábios, mas é mais do que vi esse ano, noto meus próprios lábios se curvando em uma resposta e agora que minhas preocupações de ter estragado tudo se acalmam percebo, o clima ficou um pouco mais leve como se fosse uma piada de velhos amigos e não uma frase usada para provocar seu inimigo.

Por um momento penso que ele vai responder como sempre, mas ele faz algo que não esperava, não tão facilmente de qualquer modo, ele se abre, vejo todas as barreiras cairem e uma faisca de coragem em seus olhos e ele simplesmente fala "Sim".

depois da guerra o que resta?Onde histórias criam vida. Descubra agora