Capítulo dez

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Ana


A semana foi longa

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A semana foi longa. Descansei a mente e a alma na viagem, mas meu corpo estava um trapo. Passei o final de semana em casa assistindo a filmes e séries na TV. Estava quase cochilando, no domingo à tarde, quando o celular tocou. Levantei para atender.

— Oi, meu bem! — atendi contente, por ser André quem chamava.

Oi, gata! Como vai? O que fez hoje?

— Passei o dia todo em casa, jogada no sofá, assistindo à TV. — Encaminhei-me para a cozinha para buscar água. — E você, o que fez?

— A mesma coisa, passei o dia maratonando minhas séries preferidas.

— Virá me ver no próximo final de semana? — perguntei, fazendo manha.

Infelizmente não poderei, tenho uma reunião no sábado de manhã.

— Hum... que pena. Assim eu vou morrer de saudades!

Mas a gente vai se falando todos os dias e, no final de semana seguinte, daremos um jeito de nos encontrarmos.

— Está bem... — Esfreguei o rosto, desanimada.

Só liguei para saber como estava, depois a gente se fala mais. Um beijo, boa noite e boa semana!

— Pra você também!

Desliguei o telefone tristinha. Não queria passar mais um final de semana sem vê-lo. Então pensei em fazer uma surpresa. Compraria uma passagem para chegar a São Paulo na hora do almoço, no sábado seguinte. Assim poderíamos almoçar e passar a noite juntos, voltaria no domingo, pois tinha compromisso logo cedo na segunda-feira. Decidi ligar para Amanda para pedir uma opinião.

Oi, amiga! Como vai? — ela atendeu, toda animada.

— Bem e você? — perguntei, puxando uma cadeira para me sentar. — Amanda, acabei de conversar com André por telefone e ele não poderá vir me ver no próximo final de semana. Disse que está com muito trabalho, que tem uma reunião no sábado de manhã, não aguento mais passar tantos dias longe dele e então estou pensando em ir pra lá de surpresa, o que acha? — perguntei, mas estava com medo da resposta dela.

Ai, amiga, sei não... — falou, em tom de preocupação. — Se o cara te disse que está ocupado é porque não terá tempo para lhe dar atenção. Não acho uma boa ideia. Você não concorda?

— Ah... está bem — respondi, chateada, deitando minha cabeça sobre a mesa. — Só queria mesmo sua opinião. Depois nos falamos mais. Beijos e boa noite!

Após desligar o telefone, voltei para a sala e liguei o rádio. Uma música da 330 Hertz estava tocando.

Alguma coisa me diz que tenho que ir até lá. Pensei, angustiada, enquanto as palavras daquela letra sobre não desistir do amor verdadeiro, cantadas na bela voz rouca de Marcus, embalavam as batidas do meu coração.

Apesar do conselho de Amanda, resolvi me arriscar. Peguei meu computador e comprei uma passagem para São Paulo.

Durante toda a semana eu e André nos falamos ao telefone, entretanto mantive segredo sobre visitá-lo.

Arrumei as malas na sexta-feira à noite e estava tão empolgada que custei para dormir. Acabou que quase perdi a hora do voo no dia seguinte.

Cheguei a São Paulo às treze horas em ponto, peguei um táxi e fui para o apartamento dele. Quando adentrei a recepção, vi o elevador se abrindo e quase caí dura. André saiu abraçado com uma moça loira e alta. Senti um enjoo forte e minhas mãos ficaram geladas.

O que está acontecendo? Quem é ela? Os pensamentos começaram a ferver em minha cabeça e tive de respirar fundo para tentar me controlar.

— Surpresa, querido! — falei, tentando colocar um sorriso no rosto. — Não aguentei a saudade e vim passar o sábado com você. — Minha voz saiu um pouco trêmula.

André ficou pálido e soltou a mão da loira. O rosto dela estava vermelho e, com os olhos cheios de raiva, perguntou:

— Querido? Quem é essa mulher, André? — Apontou para mim, visivelmente irritada.

Meu mundo desabou e comecei a chorar.

— Eu pensava ser a namorada dele — respondi baixinho, entre lágrimas e soluços.

Peguei minha mala e saí correndo dali.

— Espere! Por favor, eu posso explicar... — Correu em minha direção, tentando me alcançar, estendendo a mão enquanto gritava.

Mas eu já tinha entrado em um táxi.

— Para o aeroporto, por favor — pedi ao taxista.

— Sim, senhora.

Estava com a cabeça girando, achava que ia vomitar. Não conseguia acreditar que André estava me traindo.

Como ele pôde? O pensamento não saía da minha cabeça, enquanto eu tentava olhar a cidade pela janela, porém tudo que eu conseguia ver eram borrões, imagens distorcidas pelas lágrimas em meus olhos.

Não sabia o que fazer. Minha passagem de volta era só para o dia seguinte, tentaria trocar, ficaria num hotel perto do aeroporto, caso não conseguisse. Não parava de chorar, meu coração estava partido.

— Estávamos tão felizes... Por que fez isso comigo? — eu repetia sem cessar e sem conseguir conter o choro.

— Está tudo bem, moça? — perguntou o taxista, parecendo preocupado, enquanto me olhava pelo retrovisor.

— Está, sim, obrigada por perguntar — respondi, tentando me recompor.

Desci, quando chegamos, e fui direto ao balcão da companhia aérea. Realmente não consegui trocar o bilhete. Sentei no saguão de saída e chorei como uma criança.

Fiquei um bom tempo ali, até que senti uma mão em meu ombro.

— Desculpa, eu não queria te assustar. O que aconteceu? Posso te ajudar?

Meu rosto estava vermelho e minha visão embaçada de tanto chorar. Espantei-me ao perceber quem era.

Contra todas as probabilidades (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora