Foi imerso por essa raiva que, tão rápido quanto adormeci, eu acordei. Percebi que meu corpo suava, mesmo que o clima estivesse frio.
Meus batimentos e respiração estavam um tanto alterados, mas, no fundo, pude encontrar paz. Foi um sonho, afinal.Passei alguns momentos deitados, encarando o teto tão amplo, fazia aquilo para tentar acalmar a mim mesmo, pois meus pensamentos ainda estavam agitados, algo assim nunca tinha me ocorrido, havia sido como um sonho lúcido.
—Porra...
Abri meus lábios e deixei escapar o pequeno xingamento, dando um último suspiro antes de passar meus dedos grandes, brancos e nervosos pela pele de minha face, na intenção de secá-la nem que um pouco.
Decidi que, por hora, tentaria manter minha cabeça focada no que realmente me era importante, entretudo, minha mente resolveu me pregar uma peça e, enquanto tinha uma das reuniões mais importantes da minha vida, pensava em várias perguntas, quais não tinham resposta alguma.
Foi assim que eu me perdi. Não sabia mais se falava sobre um acordo para a junção de terras durante meu reinado, ou sobre o meu estúpido sonho, que era como o via agora.
—Oh...Perdão?
Foi uma das únicas coisas que disse durante aquela reunião, qual acabou por ser adiada, pois Laurent alegava que eu parecia mal desde o momento que acordei, e que provavelmente não estava apto para tomar tal decisão no momento.
—Alistair, o que tens de errado? Sente-se bem?
Foi o que o mesmo homem me perguntou quando estávamos a sós, eu nunca poderia admitir que o motivo de tamanha desorientação era um homem de fios azuis que provavelmente só existia em meus pensamentos.
—Estou meio tonto, talvez seja a ansiedade.
Foi o que relatei, deixando que um suspiro seguisse minhas palavras.
Por um breve momento, me mantive em silêncio, perdido na vastidão de pensamentos que me rodeavam, até que, enfim, perguntei:—Laurent, estudaste bastante sobre os outros reis, certo?
Sem o dar tempo para responder, continuei:
—Sabes algo sobre um com fios azuis e que...Uhm... –Fiz uma pequena pausa, buscando por alguma outra característica marcante– Com um tapaolho?
Por alguns segundos, tive esperanças de obter uma confirmação. Parecia bobo, mas realmente estava considerando aquilo.
Porém, tudo que tive foi uma negação com a cabeça, que foi acompanhada pelas palavras que me chamaram a atenção logo depois:—Não me recordo de nenhum, Vossa Majestade. Entretudo, te recomendo tentar achar quem procura por entre os livros da biblioteca, temos vários relatos dos reis passados lá. Tantos que nem mesmo eu posso contar.
Laurent separou os lábios para continuar falando, mas eu já estava longe. Andava em passos rápidos na direção do local que me foi indicado, como não havia pensado nisso antes?
Quando abri as portas um tanto grandes, soltei um arfar ao encontrar mais livros do que eu posso lembrar, levaria uma eternidade para localizá-lo entre todos aqueles.Paciência nunca me foi uma virtude, então jurei para mim mesmo que se não o encontrasse em livro algum na primeira semana de busca, desistiria, pois, provavelmente estava jogando meu tempo fora.
Hesitante, dei alguns passos até a primeira estante da direita, apanhando um livro maior que a bíblia.—Por que eu estou fazendo isso?
Indaguei em um sussurro para mim mesmo, me direcionando até a mesa de leitura e tomando o acento principal dela, mesmo que todos estivessem desocupados.
Passei meus dedos nervosos pela capa do livro, então abri este em sua primeira página, estava na hora de começar minha busca.
Escrito por: SenhoritaHolmes
Corrigido por: SenhoritaHolmes
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Olhos de Universo.
Romansa07/12, Inglaterra. Se escrevi até aqui, é porque me preocupo em te esquecer, Peter, e realmente não desejo isso. Não quero esquecer seu riso, seus fios azuis. Não quero esquecer sua voz, muito menos a cor de seus olhos... Não quero esquecer nenhum...