Um descendente de venezuelanos, terceira geração de policiais nascidos nos Brasil, Javier Augusto Calixto Dias um policial militar de meia idade e muita experiência nas ruas do Rio de Janeiro, todos o conheciam, ou recorriam a sua famosa flexibilidade ideológica quando as coisas apertavam, de pais de família viciados, até traficantes de drogas que cumpriam com certos "requerimentos" para poderem atuar nas ruas.
Mesmo alguns membros de famílias de políticos e empresários poderosos de todas as raças o conheciam justamente por sua moralidade e contatos em todos os meios, juízes homossexuais e drogados que teriam suas carreiras destruídas pelo "escândalo", promotores e médicos legistas, falsários e prostitutas. O oficial Dias era um meio termo entre a lei escrita e a realidade das ruas.
Por diversas vezes a corregedoria tentou pegá-lo, mas seus contatos em todo lugar sempre impossibilitaram que ele fosse condenado a algo, além do corporativismo da polícia proteger os seus, principalmente aqueles membros chaves ao lidar com a população, a única coisa que conseguiram foi impedir sua promoção, pensando que essa frustração o faria cometer algum erro, estando a sua espreita o tempo todo desde então.
Cabelos grisalhos nas laterais em um rosto imponente e austero que impressionavam à primeira vista, mas quem o conhecia em sua vida pessoal sabia que ele era na verdade um coração mole e muito espirituoso. Casado e pai de dois meninos ninguém de sua família suspeitava das atividades a margem da lei que ele estava acostumado, algumas delas eram até remuneradas, mas somente ele sabia o destino do dinheiro arrecadado de maneira escusa, ele não morava na cidade porque desde quando sua esposa foi assaltada, começou a manifestar síndrome do pânico ou estresse pós traumático, e para manter a saúde mental dela, a afastou das multidões tal qual seus meninos.
Atuando mais no centro da cidade do Rio de Janeiro, Javier havia chegado a delegacia para seu turno como sempre fez por quase 20 anos e após as rápidas instruções matinais, todos começam seus turnos, seu parceiro já estava com ele a alguns anos, seu antecessor havia sido obrigado a se aposentar devido a uma batida que deu errado, ele foi alvejado e perdeu o movimento das pernas, mesmo o incidente não tendo nenhuma correlação com seus esquemas, ninguém acreditava, nem mesmo seu atual parceiro que sempre mantinha um par de olhos a mais sobre Javier.
Ele rotineiramente passava em uma padaria que vendia bolos maravilhosos e sempre levava um para sua capitã, uma orque que o odiava, mas fazia vista grossa para muito dos atalhos burocráticos que ele tomava, porque apesar dos apesares, ele era excelente com o controle da população, as pessoas viam-no como um arauto e era muito respeitado na delegacia, entre os mais antigos ele era o único ainda patrulheiro, todos já haviam sido promovidos e mudaram para outras jurisdições. Apenas ele com sua carreira estagnada devido aos meandros da mesma.
Todos os dias eram uma sequência constante, os mesmos problemas dos mesmos cidadãos dia após dia, de reclamações com o cachorro inexistente do vizinho, um indigente drogado que sempre ameaçava se matar e nunca o fazia, uma senhora anã extremamente racista que achava que os orques que moravam perto dela iriam matá-la, estupra-la e rouba-la, nesta ordem específica, diariamente um show de sandices, que, assim que terminado ele iria buscar outras informações.
Descobrir o que estava acontecendo na cidade com algumas garotas e garotos de programa, de todas as raças que residiam e trabalhavam na Praça XV, conversar com alguns comerciantes legais e ilegais sobre o mesmo assunto, mantendo-se assim informado sobre muitas pessoas, locais, negócios e o que mais aparecesse em seu radar.
Ele também buscava uma jovem filha de um ricaço na escola todo dia ou fazia escolta no carro dela até em casa, apenas um pai controlador demais com sua filha adolescente, um de seus serviços extra mais bem remunerados, o carro da jovem estava "coincidentemente", na mesma rota em que eles patrulhavam, diariamente. Tudo ocorria como de costume naquele dia, até o momento em que viu o motorista do carro que seguia fazer uma curva diferente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quinta Essência
FantasyEm um mundo onde a magia que uma vez reinou plena vê com o passar dos anos ela definhar até o quase esquecimento, mas eventos poderão mudar essa realidade. Caberá aos usuários dessa quinta essência, decidirem se esta antiga ferramenta ressurgida se...