Capítulo 1 - O orque

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Quase cinco horas da manhã e já estava meio tarde para iniciar a corrida diária, o orque vivia sozinho e não tinha muitas posses, duas geladeiras para guardar imensas quantidades de comida, um fogão e 2 colchões. Algumas roupas muito bem dobradas no chão e um banheiro limpo de maneira séptica, onde ele terminava de escovar seus dentes após um café da manhã balanceado, pois ele deveria perder um pouco de peso pois sua luta já estava próxima.

Em seu apartamento alugado nenhum quadro pendurado, nenhum memento de qualquer pessoa na vida dele, um triste e pequeno apartamento pintado com tons sépia, não parecia conter vida alguma, nenhuma alegria, apenas um sobreviver.

O jovem orque com quase dois metros de altura e careca era repleto de tatuagens tribais órquicas que cobriam quase todo seu torso e braços, sua pele era verde bem escura, ele estava com seus caninos inferiores grandes novamente, havia um limite mínimo de três dias antes da luta para removê-los, pois logo voltariam a crescer novamente. Eram removidas para evitar danos aos lutadores e a eles mesmos pois vasta maioria dos orques possuíam neodontia constante e seus dentes sempre voltavam a crescer.

Em uma das geladeiras os horários das refeições, e demais compromissos como lutador profissional, que ele relia para memorizar os afazeres diários, mas ao pensar na luta começa a ficar muito ansioso e nervoso no processo. Segurando-se na geladeira como se esta, ou ele fosse cair no chão.

Suas pupilas dilatam e seu coração acelera e só de imaginar seu embate, mas antes de perder-se ele coloca em seus ouvidos o fone de ouvido já tocando uma música para que ficasse calmo, tremendo e já com a boca com o gosto ferroso do sangue pela pressão que ele aplicou nos dentes por estes curtos momentos, vagarosamente se acalma, ele ficou preocupado com a luta pois seu adversário era um orque muito expansivo e arrogante. Ele estava com medo do que poderia acontecer, e as coisas não saírem como o planejado.

Ele respira fundo enquanto reza sob o som de suas músicas que o relaxavam. De frente com a porta de seu apartamento, que, para ele era um portal para outro mundo, um mundo mais tranquilo que este que ele vive em sua mente, o ritmo da música o faz começa a saltitar e se alongar enquanto a porta ainda estava fechada, após uns minutos de alongamento ele se sente preparado o suficiente para sair de casa, sua mão ainda tremia enquanto girava a chave.

Mas com sucesso ele consegue sair e trancar a porta, e desce as escadas do prédio nas periferias do Rio de Janeiro, mesmo possuindo uma carreira no esporte e possuindo patrocinadores, ainda era um orque muito recluso e humilde, financiava escolas e orfanatos com vasta porcentagem do dinheiro que recebia, tudo anonimamente com a ajuda de sua mãe. Sobrando assim o suficiente apenas para ele viver a seus moldes de conforto.

Ao chegar no térreo, para variar, um de seus vizinhos, o seu Francisco estava bêbado e ainda com o uniforme da fábrica onde trabalhava. O jovem o acorda como fazia quase que diariamente e o põe para dentro pois ele tremia de frio naquela madrugada nublada do início de dezembro.

Ele termina de descer os poucos degraus que levavam até a calçada e dali ele iria decidir sua rota, e começa a correr sem muito esforço afim de aquecer, até chegar ao ponto de ônibus que o levaria até a academia onde treinava quase que diariamente, mas sempre descia antes para ir correndo e já chegar lá estando aquecido e pronto para o treino. Parado esperando no ponto de ônibus na madrugada de sereno, viu uma orque com uma criancinha no colo, ela tinha um machucado em um olho estava com uma grande mala, e a menininha de provavelmente uns 6 anos em seu colo ainda dormia.

Ele se lembrou de sua mãe e de como havia sido encontrado por ela. Dentro de uma caixa de feira, ainda sujo com sangue e com seu cordão umbilical com um nó. Nenhuma carta, nenhum objeto nada. Do outro lado da rua viu goblins viciados em crack se espalhavam por toda cidade. Certamente era algo que preocupava a jovem mãe a seu lado.

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