Sexual Tension

Capítulo 3

Respeito.

Anos de relacionamento, tanto profissional quanto romântico. Diversas palavras de amor trocadas no escuro de um quarto enquanto planejavam um longo futuro juntos. E era esse o respeito que recebia após um término apressado.

Cyril já imaginava que o contrato com a RedBull não se manteria por muito mais tempo. De fato, havia uma incompatibilidade entre os chassis da equipe e o motor francês, portanto a decisão não foi de grande surpresa. Porém era de se imaginar que teriam ao menos o profissionalismo de informar no privado sobre sua decisão, buscando manter uma relação saudável com a companheira de anos.

A quem gostaria de enganar? Se Christian, que por anos afirmou que o amava, não teve a decência de comunicar sobre a decisão, por que teria a equipe?

Cyril havia conseguido lidar bem com a situação, na medida do possível. Esquivando-se das perguntas tendenciosas com respostas genéricas, fingindo ter conhecimento prévio da decisão e que tudo havia acontecido conforme o planejado. Passara por pelo menos duas reuniões de emergência após isso, com os departamentos financeiro e de relações públicas, para que lidassem melhor com os próximos dias turbulentos.

Saíra do autódromo de Sochi quando já estava de noite. Era primavera então, por mais que ainda estivesse frio, o clima estava bom o suficiente para que fizesse uma caminhada calma até o hotel em que estava hospedado. Isso o dava tempo para pensar, depois de um dia cheio como o ocorrido. Repensar suas decisões e o rumo que sua vida havia tomado de repente.

De uma semana para outra, Cyril perdera um amor, e com isso também descobrira que muito do que viveram juntos pouco valia. O francês chorou mais do que gostaria de admitir desde o término, demorou a se acostumar com a sensação de estar sozinho novamente. E ainda tentava absorver que para o ex, pouco importava seu relacionamento.

Aos poucos, os sentimentos de tristeza e carinho se transformavam em desgosto e incredulidade. Horner havia marcado sua vida, isso era inegável. Viveram momentos lindos: desde seu primeiro beijo, escondido e temeroso, sem saber ao certo se realmente poderiam seguir aquele caminho, até o último beijo, já cheio de nostalgia e lágrimas.

Todos estes momentos tomaram significados novos com as decisões de Horner. Os beijos já não traziam felicidade, as declarações não enchiam seu coração. As palavras não significavam mais o mesmo, agora que sabia que Christian não o considerava nem mesmo digno de um olhar, de uma palavra.

Chegando a porta de seu quarto, Cyril força seus pensamentos a pararem. Não poderia continuar nesse ciclo infinito de sofrimento e remorso. Não podia parar a sua vida por um relacionamento fracassado. Ele merecia mais, podia fazer mais do que ficar estagnado naquele momento.

Com esses pensamentos o francês retoma seu restante de autoconfiança. Toma um banho quente, liberando seu corpo de um dia estressante, e organiza seu pensamento. Colocaria sua vida na linha, não importa que tentassem o atrapalhar.

⁂

Era fim da corrida no Japão, sem grandes emoções para a equipe. Sainz havia terminado no limite da zona de pontuação, com um resultado mediano para a capacidade do espanhol. Já Hulkenberg havia sido obrigado a largar a corrida após um pneu estourado.

Não era um grande resultado e estava longe do esperado pelo francês, que costumava ser muito perfeccionista com seu trabalho. Porém entendia que, estando encaminhada ao final da temporada, a equipe já focava na estratégia para o próximo ano. Após a saída confirmada de Carlos para a McLaren, Cyril havia feito uma pesquisa apurada sobre os possíveis nomes que poderiam assumir o assento ao lado de Nico. Alguns bons pilotos foram considerados, mas não haviam certezas sobre quem subiria de fato.