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"Evidências inéditas aparecem em momentos inapropriados." RUN

Nas primeiras horas, foram mantidos informados através de rádios, rede sociais e televisões, sempre sobre a contaminação desfreada, uma pandemia devastando o mundo. Semanas depois, apenas a internet dava sinais de algumas notícias. O mundo se tornou um inferno em poucos semanas, o vírus que foi solto em principais metrópoles logo se espalhou por cada cidade no planeta. De todas as notícias que se recebia, nenhuma era sobre a cura, sempre sobre mais infectados. No primeiro mês houve o desespero. Onde estaria os governantes, cientistas e a Organização das Nações Unidas? Nenhum pronunciamento, nenhuma motivação, e logo, nenhum sinal de vida.

Então com o primeiro mês veio as dificuldades. O barulho constante do grunhido seco e ranger dos dentes fazia os residentes notarem que haviam muitos, muitos à espera deles, mas então, veio a fome. Os mantimentos que se tinham economizados chegou ao fim, e a primeira busca era mais que necessária. Como se não bastasse, a caixa de água secou, e brevemente perderiam a energia. Sem água e comida, veio planejamento para o loja mais próxima, duas quadras e meia da casa.

— Será uma corrida precisa, não podemos parar, e não sabemos o que encontraremos lá.

O plano de Jimin foi bem sucedido, ou quase. Ele e Namjoon, foram basicamente cercados por parte do bairro dentro do pequeno mercado, e como planejado, o tatuador derrubou a prateleira de bebidas, o suficiente para atrasar os da loja e atrair outros para a entrada. Ambos humanos saíram na porta traseira, tendo tempo para correr de forma menos rápida com as sacolas pesadas.

E assim foi o segundo mês, sem energia, outra corrida, com o professor e aluno até o mercado, mais distante, mais perigoso e uma quase mordida no mais novo.

Atualmente, estavam jogando outra partida de Go uma noite antes próxima busca aos mantimentos. As velas que se tinham na casa, era usadas apenas a noite, enquanto estavam acordados no mesmo cômodo, mesmo que cada um tivesse uma vela em seu quarto, no caso de Namjoon, sua sala. Banhos, eram a cada dois dias, o principal era se manterem hidratados, e achar água parecia ter mais dificuldades do quê alimentos, Jimin suspeitava que havia outras pessoas, como eles, no mesmo bairro.

— Vamos dormir, amanhã os três terão uma longa caminhada. – Sooah juntou as peças, sabendo que perderia a partida para o mais alto, outra vez.

— A senhora só fez isso porque o Joon ganharia. – Em cúmplices, Park e Kim bateram as mãos sorrindo. — Mas, quem vai levar Hoseok para a cama? Ele parece em um coma agressivo quando dorme. – Sem muito, Namjoon foi até o mesmo, e o pegou no colo sumindo no corredor.

— Boa noite, garotinho. — Sooah deixou um beijo na testa do que ainda estava sentado no chão com as costas apoiada no único sofá da sala.

Enquanto Namjoon não voltava, Jimin arrumou sua cama no chão, que ficava próximo do sofá e da mesinha de centro, onde ele estava sentado. Segundo o tatuador, ele precisava de algo para encostar suas costas, por ser acostumado a dormir contra a parede.

— Obrigado. — O mais novo se assustou quando viu o Kim parado perto dele, logo, sorrindo suave e abraçando-o.

— Dorme bem. — Disse baixo, caminhando para o quarto que ele dividia com o Jung, não era grande, mas cabia a cama de casal perfeitamente, quase não sobrando espaço para as duas cômodas. Uma azul recheada de adesivos, Hoseok, e outra simples e branca, Jimin.

Dormir bem era algo que Park não fazia antes, e com os acontecidos, parecia que seu sono era apenas uma agulha no meio do palheiro, era demorado a encontrar e fácil de perder. Se Hoseok não dormisse tão pesadamente, ele mataria Jimin por rolar tantas vezes, porque ele fazia isso quase o tempo inteiro tentando achar seu sono, passava minutos, mais minutos, até ser horas. Mas, a cada fechar de olhos, ele via os dentes amarelados, os olhos sem vida, a pele roxeada e podia ouvir os grunhidos secos, tanto em sua cabeça, quanto no lado de fora.

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