Uma vez, pensei que a morte seria igual para todos. Quando assistia alguém morrer, era quase simples - um último suspiro, um piscar de olhos, um peito trêmulo e então o sofrimento se partia; terminava. Me apegava a ideia de que o fim seria assim, como um estalar de dedos.
Gostaria que fosse desse jeito. Mas com o passar do tempo, as coisas mudaram tão rapidamente que me senti perdida. Eu havia construído uma mentira para mim mesma, um compasso e um ritmo do que era a morte. Mas nem todos morriam na simplicidade. As vezes era preciso mais do que um estalar de dedos.
Uma vez, pensei que a morte seria menos violenta. É difícil quando alguém é arrancado de sua vida, quando alguém grita por socorro e sua voz é silenciada. A morte é se afogar, ser atropelado, cair de um lugar alto, ser destroçado por criaturas de medo. Eu gostaria que a morte fosse menos dolorosa - na verdade, meu maior desejo é que ela não infligisse nenhuma dor.
Mas eu não controlo a morte.
Eu só a chamo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Passado: Fúria e Escuridão
RomanceTodos os dias, Solíria Ambrose tenta conviver com um dom; uma maldição. Tocando em sua pele, ela vê como espectadora o seu passado, presente e futuro - consequentemente chegando a sua morte. Há aqueles que perecem tranquilamente em idades avançadas...