21. Não posso aceitar

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Senti meu coração acelerar à medida que as palavras duras do meu pai ecoavam pela sala

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Senti meu coração acelerar à medida que as palavras duras do meu pai ecoavam pela sala. Aquele convite, que eu tinha esperado ansiosamente para entregar, agora parecia uma sentença de prisão.

— O que? Por que não posso participar? — questionei, tentando conter o tremor em minha voz.

Meu pai soltou uma risada cínica, seus olhos encontrando os meus com frieza. Ele parecia maior, mais intimidador do que nunca.

— E como vão ficar os estudos? — ele perguntou, sua voz carregada de desdém. — Você não faz nada dentro de casa para nos ajudar e eu ainda te deixo livre para usar essas tecnologias o quanto você quiser, deixo você ir para a sua avó sempre que quiser... — sua voz era um misto de raiva e desprezo. — ... mas você está nem entre as 30 melhores da sua escola, e ao invés de entrar em algum grupo de estudos para melhorar suas notas, você quer participar de uma peça insignificante?

Minha mãe tentou intervir, mas foi silenciada pelo olhar duro do meu pai.

— Querido, porque... — ela começou, mas ele a cortou.

— Não. — ele disse, enfático. — Você vai subir para o seu quarto agora e quando chegar na escola amanhã você vai conversar com o seu professor e não vai participar!

Senti as lágrimas queimando nos meus olhos, uma mistura de raiva, frustração e tristeza. A injustiça da situação pesava sobre mim como uma âncora.

— Eu te odeio! — gritei, antes de correr para o meu quarto e trancar a porta.

Apenas o som do meu próprio coração acelerado preenchia o silêncio opressivo do quarto. Eu sabia que meu pai estava do outro lado, esperando que eu obedecesse.

— Abre essa porta. — sua voz soou como um trovão.

— Não! — respondi, minha voz trêmula, mas firme.

Uma sensação de coragem misturada com medo percorreu meu corpo enquanto eu segurava a maçaneta da porta.

— Abre a porra da porta e me passa o seu celular e o seu notebook. — ele ordenou.

Eu sabia que não tinha escolha. Apressadamente, peguei meu celular e notebook e os entreguei pela fresta da porta, meu coração afundando com a sensação de perda.

Depois que meu pai se afastou da porta, um silêncio pesado pairou sobre o quarto, preenchido apenas pelo som abafado dos meus soluços. Ele estava certo, eu precisava pedir desculpas. Não por ter expressado minha frustração, mas por ter perdido o controle e gritado com ele, algo que eu nunca faria normalmente.

Porém, mesmo sabendo que estava errada, senti um nó de medo apertando minha garganta. Meu pai estava calmo demais, e eu conhecia o suficiente para saber que isso não era um bom sinal.

Deitei-me na cama, tentando afastar os pensamentos tumultuados que giravam em minha mente. Mas então, uma lembrança surgiu, algo que eu mantinha guardado no meu quarto há anos, algo que nunca havia usado por medo de ser descoberta pelos meus pais.

Com um suspiro nervoso, me levantei e fui até a gaveta onde estava guardado. Abri-a com cuidado e peguei alguns papéis, até finalmente encontrar o celular antigo que Hongjoong me havia dado.

Ao abrir a caixa de presente que ele me deu, fiquei surpresa ao encontrar o celular lá dentro.

— Hong, esse é o seu celular antigo. — murmurei para mim mesma, confusa.

— Eu sei. — sua voz ecoou na minha mente. — E agora ele é seu.

— Por que você está me dando isso? — questionei, perplexa. — Isso ainda funciona?

— Claro que funciona. Ah, e lembre-se, ninguém pode saber que você tem esse celular. Vai ser nossa comunicação quando você ficar incomunicável. — ele explicou.

— Não posso aceitar isso, Hongjoong. — devolvi a caixa, hesitante. — É errado, eu estaria mentindo para os meus pais.

— Você não vai estar mentindo, Soomi. — ele assegurou. — Eles não vão fazer ideia disso, então nunca vão questionar.

— Mesmo assim... É errado.

Era errado, eu sabia disso. Estava guardando aquele celular por dois anos, escondendo-o dos meus pais. E agora, ao pegá-lo e conectá-lo ao carregador, senti uma onda de culpa me inundar. Mas, apesar de tudo, eu precisava conversar com alguém.

Esperava apenas que o celular ainda funcionasse.


FEEL SPECIAL; jisungOnde histórias criam vida. Descubra agora