44. Estou orgulhosa de você

465 44 33
                                    

Era quinta-feira, e Soomi acordou sentindo o peso do mundo sobre seus ombros. O desconforto no peito que havia se intensificado nas últimas horas parecia sufocá-la mais a cada segundo, mas mesmo com o corpo pedindo para que ficasse deitada, sem ter que enfrentar ninguém, ela decidiu que ir à escola era o melhor a fazer. Ficar em casa significava encarar seu próprio caos interior, e isso a assustava mais do que qualquer coisa. Chanyeol, sempre preocupado, havia notado que algo estava errado, e sugeriu que ela não fosse, que tirasse o dia para descansar.

– Você não precisa ir se não quiser, Soomi. – ele disse, com a voz carregada de cuidado. Seus olhos a observaram com preocupação ao longo do café da manhã. Ela sabia que queria apenas protegê-la.

Mesmo assim, Soomi se recusou a ficar em casa. A escola não era o problema. Ou pelo menos, era o que ela tentava convencer a si mesma. Na verdade, ela sabia que havia algo diferente no ar, algo incômodo que não conseguia ignorar, mas não queria demonstrar fraqueza. Já fazia tempo que fugia dos sentimentos, ignorando o peso que se acumulava dentro dela. Fugir era mais fácil.

– Qualquer coisa, você me liga, ok? – pediu Chanyeol, estacionando o carro em frente à escola e virando-se para ela com a expressão séria e protetora.

Soomi assentiu com a cabeça, mas ambos sabiam que ela não o faria. Ela raramente pedia ajuda, preferia lidar com as coisas sozinha, mesmo quando estava à beira de explodir por dentro.

Quando desceu do carro e olhou para a fachada da escola, sentiu o estômago revirar. O pátio começava a se encher de estudantes, e a ideia de encarar todos aqueles rostos conhecidos a deixava nauseada. Durante o dia anterior, ela havia ignorado todas as mensagens de seus amigos. Até Lee Jeno e Park Jisung, que normalmente não se metiam em sua vida pessoal, haviam enviado mensagens perguntando se algo estava errado. Isso só fazia Soomi se sentir mais culpada e isolada. Eles queriam ajudar, mas ela não sabia como deixá-los entrar.

Respirou fundo, tentando ignorar o aperto no peito. "Por que hoje seria diferente?", pensou, enquanto caminhava em direção à entrada. Soomi sempre fugiu dos próprios sentimentos, construindo muros ao redor de si mesma para se proteger. Hoje, porém, havia algo de mais inquietante em seu silêncio, uma sensação de que, cedo ou tarde, não seria mais possível fugir.

Soomi entrou na escola com passos lentos, o peso em seus ombros cada vez mais evidente. Olhou em volta, seus olhos varreram o corredor vazio, e ela suspirou aliviada. Pelo menos, por enquanto, não teria que lidar com os olhares preocupados dos amigos ou com as perguntas que sabia que viriam. Não havia nenhum rosto conhecido à vista, e isso lhe deu um breve respiro de tranquilidade. Mas a paz era momentânea, como a calmaria antes de uma tempestade. Ela sabia que o pior ainda estava por vir.

Caminhou apressada até a sala dos professores. Seu coração batia rápido enquanto se aproximava da porta, não porque estivesse ansiosa para ver os professores, mas porque sabia que estava prestes a desistir de algo que, até o dia anterior, significava muito para ela. O teatro acabou sendo um escape, uma forma de se expressar quando as palavras não bastavam. Mas agora, a chantagem de Haeri estava a sufocando.

O primeiro professor que ela encontrou foi Jackson, o responsável pela peça que ela tanto ensaiara. Ele estava inclinado sobre uma mesa, analisando alguns papéis, provavelmente algo relacionado à organização do espetáculo. Soomi parou por um momento, respirou fundo e então se aproximou dele com passos hesitantes.

– Professor Jackson... – sua voz saiu baixa, quase tímida, enquanto ela tentava controlar o tremor que a tomava por dentro.

Jackson levantou o olhar, surpreso ao vê-la ali tão cedo. Ele sorriu de forma acolhedora, mas o sorriso logo se desfez quando percebeu a seriedade no rosto de Soomi. Algo estava errado.

FEEL SPECIAL; jisungOnde histórias criam vida. Descubra agora