"Você está encarando a bunda dele...de novo." | Wade Wilson

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O clima frio daquela manhã levava Wade a tremer debaixo de sua fina coberta, apesar das janelas do casarão estarem fechadas, as paredes da mansão crépida em que compartilhava moradia não eram as mais grossas para manter o pouco calor que demônios conseguiam produzir, ali dentro.

— Hm. – O loiro resmunga se encolhendo. – Merda.

Wade sabia que havia perdido o sono e nem mesmo eram 6 horas da manhã. Deslizando a coberta para o lado, o jovem passou suas pernas para fora da cama e seus pés encostaram no carpete. O que ele poderia fazer até o horário do colégio agora?

Morando na Mansão dos Demônios desde os 13 anos, Wade havia aprendido a se virar, porém como qualquer garoto demônio de 17 anos, sua moradia individual de três cômodos improvisados não era o mais limpo ou o mais prático, porém o fazia se sentir confortável.

Se arrastou até a banheira. A liberdade de ter trancas em todas as portas, era poder andar pelado de um lado para o outro sem ninguém incomodar. Wade deu um gole na cerveja quase vazia ao lado da banheira enquanto a mesma enchia, seu sangue demoníaco deixava quase impossível que ele se embebedasse com os líquidos humanos, mas ali estava ele, apreciando o gosto de cerveja barata ainda de manhã.

Wade Wilson era um dos demônios mais adeptos a costumes humanos. Fosse pelo fato de agora viver entre eles, na Terra, desde a morte de seus pais, ou porque gostava de saciar os prazeres da sua carne; ele achava fascinante como humanos podiam se contentar com tão pouco e ainda assim serem felizes.

Ele se encaminhou até a pia se olhando no espelho.

Olhos cansados apesar do sono recente, os cabelos loiros desarrumados, sendo divididos em sua testa por seus chifres arroxeados, as gigantescas asas lisas e negras se abriram, como se estivessem se espreguiçando. As marcas de seu acidente se espalhavam por seu corpo todo e ainda estavam visíveis desde que tinha 8 anos, com o tempo iam clareando e conforme crescia, algumas se esticaram, porém outras nunca iam sumir completamente. Wade tinha sorte que nenhuma delas havia chegado ao seu rosto, ou teria sérios problemas em relação a sua popularidade no colégio sobrenatural.

Ele ainda se lembrava da sensação de dor se espalhando por todo o seu corpo enquanto fogo celestial o queimava. A Academia do Mal, onde todos os demônios treinavam antes de serem enviado para o Colégio Sobrenatural, havia sido sua pior experiência. Seus chifres arroxeados, mudaram para um azul escuro rapidamente. Ele estava triste.

Tentando esquecer, o loiro agarrou a folha de caderno mais próxima e a cortou em um pedaço retangular, enchendo de sua substância favorita, pó de anjo, e logo em seguida lambeu a borda para poder selar e ter seu baseado matinal pronto.

Wade amava fazer suas coisas mundanas favoritas logo pela manhã. Comer, fumar, beber e se pudesse, uma foda matinal sempre caia bem. Claro que tendo respeito pela própria cama, Wade quase não trazia ninguém ao seu quarto para traçar, porém isso não se dizia a respeito de seu sofá ou até mesmo da sua mesa de estudos ou do chão da casa.

Toda a mansão era dividida em pequenos apartamentos, onde cada demônio órfão podia morar até os 18 anos. Após isso, eles seriam enviados para a guerra, mas se tivessem sorte, poderiam conseguir uma bolsa do colégio e serem enviados a universidade celestial, onde seriam designados a cargos comuns, sem o perigo de morte eminente.

O loiro entrou na banheira soltando um grunhido de prazer ao sentir a água quente em contato com seu corpo. Essa era a maneira perfeita de começar uma manhã, com certeza.

Wade esparramou o braço esquerdo pela borda da banheira, enquanto o direito ia e vinha ocasionalmente para que pudesse acender seu baseado e encher o cubículo de vapor e tornar todo o cheiro do ambiente automaticamente intoxicante com o cheiro da erva.

Soulmate - SpideypoolOnde histórias criam vida. Descubra agora