9 - Aquele olhar.

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Jennie Kim

Segunda Feira, 07:46 AM

Se eu dormi duas horas foi muito, apenas saí do hospital para pegar uma muda de roupa para Lisa. Na verdade, nem foi necessário já que ela estava apagada durante todos os exames e suas roupas foram rasgadas e trocadas por uma camisola de hospital.

Achei que Irene iria para casa e ela realmente foi, voltou vinte minutos depois dizendo que ficaria a par dos exames de Lalisa e que ligaria para o neuropisicólogo do departamento o quanto antes. Ele já estaria aqui quando Lalisa acordasse.

Senti Irene bastante preocupada, não era pra menos.

— O que foi Seulgi? -Eu estava sem paciencia nenhuma e a ligação de Seulgi tirou o resto que tinha.

— Finalmente você atendeu essa porra, será que da pra me dizer que merda está acontecendo?. -Eu nem tinha me dado conta das ligações perdidas.

— Os pais de Lalisa Manoban, tentaram matar ela.

— O QUE? -Ela berrou.

— Será que da pra parar de gritar no meu ouvido?

— Como ela está? -Disse mais calma.

— Totalmente dopada, vai daqui direto para um psicólogo. -Olhei para frente apenas checando se algum médico se aproximava.

— Vai ficar aí?

— É óbvio que sim.

— Beleza, vou ver a situação deles com a policia.

— Policia? Você tem que ver a situação deles com um manicomio de segurança máxima! -Exclamei nervosa novamente.

— Não é pra tanto Jennie. -Ela estava de brincadeira com a minha cara.

— Você com com certeza não sabe do que está falando. -Me preparei para desligar o telefone.

— Como assim? O que você viu? -Eu que não iria explicar agora.

— Conversamos depois.

Aproveitei a deixa para desligar o celular, fiquei apreensiva quando uma enfermeira se aproximou de mim.

— Você é Jennie Kim? -Eu afirmei com a cabeça. -A paciente Lalisa, está chorando e te chamando.

Meu coração apertou naquele momento, eu já sentia que não deveria ter deixado ela sozinha mas meu estomago famindo acabou me sabotando. Corri junto a enfermeira até o quarto de Lalisa já escutando os berros dela e uma voz masculina que parecia tentar tranquiliza-la.

— O que aconteceu aqui? -Fui até a menina que tremia da cabeça aos pés e tinha o rosto mais vermelho que um pimentão. -Se acalma Lisa!

A puxei pelo braço e ao notar que era eu, ela agarrou meu pescoço e ficou de joelhos. Olhei para o médico que parecia aliviado por eu estar alí e a abracei apertado.

— Você foi embora. -Ela susurrou trêmula e eu entendi, ela se viu sozinha e ficou assustada.

— Me perdoa princesa, eu deveria ter ficado no quarto. -Levei minha mão até seus cabelos e fiz uma carícia alí, ela pareceu relaxar então me levantei junto com ela.

— Toma, pegue. -O médico me estendeu um tufo de algodão e antes de perguntar o motivo percebi o que o braço de Lalisa escorria sangue. -Ela arrancou os dois acessos de soro.

— Lisa, você não pode fazer isso! -Ela se afastou de mim bruscamente como se eu tivesse dito algo totalmente absurdo, resolvi ignorar isso e a levei até a cama. Quando o médico se aproximou para colocar o soro novamente ela transferiou aquele olhar de ódio para ele que pareceu congelar. -Deixe ele colocar o soro Lalisa.

Ela manteve aquele olhar que já estava começando a me assustar, o médico saiu do quarto sem mais nem menos e voltei a olhar para a garota que ainda me fitava com uma raiva absurda.

— Por que está me olhando assim? -Ela não me respondeu como normalmente fazia. Tentei entender o que estava acontecendo, mas nada plausivel vinha na minha cabeça. -Se continuar assim eu vou embora.

— De novo? -Ela perguntou com o mesmo susurro dolorido de sempre.

— Eu já pedi desculpas por isso, pare de me olhar assim que você está me assustando! -Falei séria para tentar intimida-la de algum jeito, mas ela não me respondeu, apenas relaxou o corpo na cama e passou a apartar o algodão contra seu braço.

Caso 22 | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora