14 - Cova.

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Jennie Kim

Segunda Feira, 7:00 AM

Hoje completam exatos 7 dias que a Lisa está no abrigo e a única informação sobre ela que eu tenho é que ela come pelo menos uma vez por dia, claro, que tem dedo da Irene nisso.

Hoje é finalmente o dia de ir com a pericia na casa de Lisa, tenho que pegar todas as coisas dela e tentar não vomitar por estar na casa de dois malucos que tentaram queimar a própria filha enquanto ela ainda estava viva.

Sobre meus dias, eles estão pacatos. Sinto muita falta da Lisa e minha preocupação domina toda a minha cabeça, fico pensando nela, remoendo cada momento que ela esteve por perto. Além de que continuo trabalhando normalmente com outras crianças e adolescentes o que também acaba ocupando minha mente.

Ainda não tive muitas noticias sobre a transferencia da guarda de Lalisa se quer saber, sei que é um processo longo e fazer tudo pelas costas de Seulgi está complicado mesmo ela não tento mais nada a ver com o caso já que Lalisa não é mais problema dela.

Confesso que estou exausta mentalmente e físicamente e sei que preciso dar um jeito nisso, prometi a mim mesma que não pararia de viver para trabalhar e que cuidaria da minha saúde. Sou extremamente nova para ter problemas com envelhecimento precoce.

— Estou ocupada a semana toda, só tenho os finais de semana livres Jongin. -Falei na ligação enquanto saia de casa, eu sabia que ele estava tentando me conquistar e sei que na minha idade eu já deveria ter alguem, mas está tão forçado que não quero me envolver. -Não use ela para me chamar atenção, tenho que trabalhar.

Ah, além que investir forte e flertar ele também tocava no caso da Lisa diariamente porque sabia que isso atraia minha atenção, lógico que quando percebi o cortei e disse que ele só deveria falar nela se tivesse alguma noticia relevante.

Foquei minha atenção na estrada e dirigi até a casa de Lalisa, estacionei atrás de dois unicos carros que estavam na rua e passei por baixo da fita de isolamento que provavelmente foi colocada por ser cena de crime.

A casa já estava aberta e cerca de 5 pessoas circulavam lá dentro, lógico que me deixaram entrar sem problemas já que eu estava com o cartão do departamento. Subi direto para o segundo andar evitando olhar para a cozinha.

A primeira coisa que eu notei foram grandes trancas e cadeados abertos do lado de fora da porta de um dos quartos, me aproximei e constatei que era o quarto da Lisa. Que ótimo, aqueles malucos tambem a trancavam no quarto.

Olhei em volta, o cheiro era o mesmo da Lisa, a cama de solteiro estava no canto com o colchão levantado, olhei para o chão vendo as marcas de pés no carpete e o telefone jogado em baixo da cama, Lisa estava escondida alí quando me ligou.

Abri o guardaroupas e peguei a pequena quantidade de roupas que ela tinha jogando no estrado da cama, peguei uma mala surrada em cima do armário e soquei as roupas nela. Achei uns três pares de sapato e mais nada. No armario tambem havia uma babá eletronica antiga mas estava ligada.

Não havia maquiagens, jóias, perfumes, aparelhos eletronicos, livros nem mesmo algum brinquedo. Nada do que adolescentes normais costumavam ter nos seus quartos, Lalisa só tinha roupas, uma cama, um pente de cabelo e sapatos no quarto. Apenas isso.

Eu estava quase saindo do quarto quando mais uma coisa me chamou a atenção, o papel de parede que deveria ser lilás estava rasgado em apenas um canto do quarto, ele estava arranhado e a parede amassada. Havia sangue alí.

Saí do quarto indo em direção ao ultimo com um nó enorme na garganta, era o quarto dos pais dela. Havia a mesma tranca do quarto de Lisa porém do lado de dentro, o quarto era repleto de coisas de casais normais e apenas o que me chamou a atenção foi a escuta da babá eletronica também ligada.

Eles estavam monitorando até os sons que Lalisa fazia em seu quarto.

Desci para o porão que era onde que Lisa dizia escutar os pais conversando. Era um lugar pequeno, com ferramentas, móveis sem uso e um enorme buraco no chão, cabia um corpo perfeitamente ali.

Calma, cabia um corpo alí.

— É uma cova. -Tomei um susto ao escutar uma voz na escada, olhei rápidamente e vi um dos detetives alí. - Serviria para enterrar a garota.

Eu suspirei segurando as lágrimas, últimamente eu só tenho chorado. Não costumo ser tão emocional mas tenho bastante empatia, e me imaginar no lugar de Lalisa em toda a sua vida me cortava o coração.

— Ainda bem que chegou a tempo. -O escutei dizer e me permiti apenas afirmar com a cabeça e dizer um "ainda bem" em um tom baixinho.

Caso 22 | JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora