Deixe-me saber

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O despertador se preparava para tocar insistentemente naquela manhã, fazendo seu dono despertar de um sono tranquilo para se iniciar mais um dia, porém mais uma vez não foi preciso, mãos gélidas interromperam suas funções, faltando apenas um minuto para às 4 horas da manhã.

Iria começar o seu ritual.

Sasuke se levantou com calma e com a graça de um felino, se espreguiçou, alongando-se com preguiça, calçou o seu chinelo e rumou-se para cozinha de seu apartamento para preparar seu café. Com paciência colocou o pó e a água na cafeteira e a ligou escutando um estalo característico do início de seu funcionamento, suspirou satisfeito, depois agradeceria ao seu irmão, aquele objeto facilitava muito a sua vida, só de lembrar que não precisava mais parar no caminho do serviço para comprar café lhe dava alívio.

Saindo de seus pensamentos se encaminhou para a sala, mas especificadamente para grande porta de vidro que estava coberta com uma pesada cortina cinza, era o acesso para sua varanda. Arrastou com calma as cortinas e abriu as portas, trazendo uma lufada de ar fresco e gélido, ah como adorava aquela hora da manhã, o vento gélido adentrando no seus pulmões devagar, a pele quente se arrepiando com contato repentino da brisa, o barulho da cidade que estava começando a despertar, o baixo som dos poucos pardais que se agitavam nas árvores que tinham entrada de seu prédio, quinze andares abaixo de si com o próprio morando no décimo sexto, Respirando fundo novamente, refez o caminho para o seu quarto a fim de tomar um banho relaxante e realmente começar aquele dia.

Se despiu no caminho, deixando a peça que usava sobre o chão de porcelanato acinzentado. Abrindo a porta que dava ao seu banheiro pôde ver o seu reflexo no espelho, que ficava logo na entrada, seus cabelos negros estavam bagunçados, não que isso fosse novidade, eles não paravam no lugar, estavam sempre rebeldes e o moreno gostava disso, lhe dava um ar mais jovem, não que fosse velho também, longe disso, tinha apenas 23 anos, mas adorava quando recebiam a idade menor pela sua aparência, isso inflava seu ego, e para ajudar a sua pele era alva, sem nenhuma tonalidade abaixo ou acima de um branco pérola, mas que agora tinham traços de uma noite bem dormida. Sorriu. Era bonito e sabia disso.

Quantas vezes não tinha usado a sua beleza ao seu favor? colocava o seu melhor sorriso galanteador e se preparava para mais uma causa ganha, não que não fosse competente o bastante para ganhar as suas causas, o problema era que gostava de se sentir desejado, não se importando por quem, só gostava, aliás, era gay, mas as senhoras e as moças não precisavam saber, não é mesmo? Não estava fazendo nada de errado, portanto, quem o julgaria? Esse era ele, Sasuke Uchiha, 23 anos, advogado narcisista.

Não precisava de nada porque tinha tudo.

Revirou os olhos entrando no banho, lembrara do seu irmão e um dos milhares discursos que o mesmo dava sobre a sua vida, coisas como: “O que adianta ter tudo e não ter amor, Sasuke?” falava isso e fazia questão de esfregar em sua cara o quanto era feliz com seu namorado, Deidara, e de acordo com o Itachi, era daquilo que ele precisava.

Ficava em dúvida, do que necessariamente ele precisava? De beijos molhados em plena manhã? E o bafo matinal?... De abraços suados, de quando Deidara voltava de uma de suas corridas? De demonstrações melosas com direito a apelidinhos “fofos”? Era esse o conjunto que Itachi chamava de amor? Ele precisava daquilo? Não, definitivamente não! A sua glicose já era alta o suficiente só de observar o seu irmão e seu cunhado naquela maldita melação, “felicidade” era o que Itachi chamava.

— Tsc... até de longe aquela fuinha me atormenta. Resmungou.

Não que fosse culpa do Uchiha mais velho dessa vez, a culpa era toda sua por pensar demais, talvez esteja ficando louco com a falta do irmão, Itachi tinha saído de férias com seu loiro escandaloso a fim de “se aproveitarem”, como se aqueles dois não se aproveitassem um do outro o tempo todo. Suspirando, fechou o registro de seu chuveiro e saindo do box alcançou uma toalha negra felpuda para se secar e logo se dirigindo ao quarto novamente, olhou as horas.

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