Capítulo 4 - Hayane

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Acomodada em um carro luxuoso, Danilo me levou para casa, me ajudou a abrir a porta e me acomodou no sofá, porque ria e me mexia demais para irmos até o quarto. Ele havia contado sobre seu irmão confundir um homem com grandes cabelos loiros com uma mulher em um bar.

— Imagina a cara dele elogiando a pessoa de costas, falando da bunda e dos cabelos e quando senta do lado, escuta um: e ai mano! — imitei voz de homem e ri alto deitando no sofá. — Seu irmão deve ter ficado traumatizado com cabelos cacheados loiros.

— A única coisa que posso te falar é que nunca mais comentou sobre bundas. — Beijou minha testa e tentou se levantar, mas segurei sua camiseta. — Preciso ir, Hay.

— Não, fica mais. Tenho certeza que você tem mais histórias do seu irmão. — Olhei-o com cara de pidona e vi seu sorriso amolecer. — Se eu que sou uma mera funcionária estou acordada e bêbada a esse horário da noite, você que é dono pode ficar ainda mais.

Levantei meu tronco, forcei seu corpo se sentar e coloquei minha cabeça na sua perna. Que sensação maravilhosa, ainda mais quando sua mão começou a fazer carinho na minha cabeça.

— Vou embora amanhã — revelou com voz contida.

— Tudo bem — respondi sem entender realmente o que queria dizer.

— Volto na semana que vem, poderemos nos ver novamente, antes de você começar os trabalhos sem mim? — perguntou divertido.

— Primeiro, não estou bêbada. Levemente alcoolizada, tudo bem. Segundo, acho que consegui superar o choque de te ver e achar que tudo mudaria entre nós. Prefiro você assim — bati na sua perna —, sem terno, divertido e sem avançar o sinal.

— E se eu disser que quero avançar o sinal?

— Para quê? — Sentei no sofá e o encarei como se ele fosse um extraterreste. — Melhor amizade do mundo, estar com você, falar de tudo e não ter medo de ser mal interpretada ou parecer muito infantil ou muito louca.

— E se eu te der algo para pensar até minha volta? — Levantou uma sobrancelha e franzi a testa.

— Danilo, fica na sua e com o seu café enquanto eu fico com meus números e indecisões infantis. Surtei quando te vi, fugi do nosso primeiro encontro. — Coloquei a mão no seu ombro e sorri. — Se eu fosse você, aproveitava e continuava na zona segura da amizade, porque essa louca aqui não...

Fui calada com um beijo. Depois de tanto reclamar dos romances clichês, minha vida estava parecendo um e me fazendo engolir todas as minhas críticas com essa língua maravilhosa. Suave e calmo, Danilo moldou meus lábios com os seus e me conduziu a seguir seu ritmo. Sua língua e seu sabor se misturou ao meu, me fazendo querer ser ousada ou mesmo fugir para as montanhas, uma vez que aconteceu o que não queria.

Ou queria e tinha medo?

Sentei no seu colo, abracei seu pescoço e nos ouvi gemer quando movimentei meu corpo para que minha virilha se esfregasse na sua. Ele estava duro por mim e eu, estava mais do que pronta para ele.

Fui colocada de costas no sofá, seu corpo cobriu o meu e sua boca não abandonou a minha em nenhum momento. O beijo começou a mudar, sua pegada se tornou abrasadora e tudo o que mais ansiava era poder aliviar a queimação que começou a surgir da ponta do dedão do pé e foi subindo pelo meu corpo, intensificando no meu ventre e se espalhando pelo meu coração e mente.

— Fica comigo — pediu com sofrimento, espalhando beijos pelo meu pescoço enquanto suas mãos exploraram minhas laterais. Peguei sua mão, coloquei em cima do meu seio por cima da roupa e me ofereci, como resposta ao seu pedido. — Vou tornar nossa primeira vez especial.

E como a autora do livro que ele me presenteou, mostrou que felicidade poderia ter várias definições. Danilo se levantou, colocou a mão no bolso da sua calça e colocou um objeto em cima do braço do meu sofá. Desnorteada por causa do beijo e da bebida, não consegui identificar o que era, não quando foi tarde demais, quando o vi fechar a porta do meu apartamento. Peguei o objeto e nas minhas mãos, o anel brilhou mesmo no escuro.

Como assim?

Deitei de volta no sofá, coloquei o braço em cima dos meus olhos e senti o peso do anel que meus dedos seguravam. Tudo bem que era mais de um ano que conversávamos, sabíamos muita coisa sobre o outro, mas, por exemplo, nem imaginava que o cara era sócio de uma empresa. Um amor virtual não deveria ser tão real como esse anel.

Era um final feliz diferente, com toda certeza. Mas era o que queria? E se mudássemos um com outro?

Fui atrás do meu celular e encontrei a bolsa e o livro em cima da minha mesa da cozinha. Deixei o anel em cima do presente, vasculhei as mensagens no celular e respirei fundo depois de ler todas aquelas que ele me mandou durante a tarde, preocupado que sumi e não respondi.

A última foi a que mais me impactou.

Danilo>> Apesar de ser homem e dono da minha vida, sua insegurança é a minha. O que temos aqui é perfeito, mas não posso passar essa vida sem testar o que temos no mundo real. Você me beijava quando me dava bom dia cheio de carinhas felizes. Você dormia comigo quando desejava boa noite cheio de corações e carinhas sonolentas. Vamos fazer acontecer, Hay.

E com uma coragem que só bêbada teria, respondi a mensagem com:

Hayane>> Tudo bem, vamos tentar. Pegarei todas as minhas fichas e farei um All In como no jogo de poker. O que tenho a perder? Pelo menos ganhei um livro de presente se precisar de consolo por conta de um coração partido.

Coloquei o celular para carregar, tomei um banho rápido, mais conhecido como "tcheco" e deitei na minha cama como vim ao mundo de tão cansada e com sono estava. Amanhã eu decidiria o que fazer com esses sentimentos no meu peito.

Um Amor Real para Danilo & Hay (Encantadas Segunda Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora