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02. Can't help it

Notas iniciais

OIEEEE
Obrigada à Trice, que betou e me deu uma confiança boa para ficar mais tranquila postando essa fic! Você é demais amiga ♥
Nesse temos mais algumas reflexões do Draco e algumas reviravoltas.
Espero que gostem ♥

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É claro que nada na vida de Draco seria fácil. Terminar o que quer que tivesse com Astoria também não fora. Inclusive, ousava dizer que era uma das coisas mais difíceis que já necessitou fazer, considerando tudo que já havia feito, por livre e espontânea vontade - ou pressão.

Por mais que ela lhe fizesse bem, precisava afastá-la. Necessitava afastar a única coisa boa que havia lhe acontecido na vida, para protegê-la. Astoria, que era a vivacidade em pessoa, não merecia uma vida cinzenta, marcada por julgamentos e tristeza. Era irônico que, justo ele, alguém que sempre pensara em si mesmo, estivesse abdicando da própria felicidade por amor. Não esperava que fosse encontrar o amor algum dia, entretanto nunca considerou que, caso acontecesse, deixaria-o ir.

Todavia, não adiantava ele apenas querer. Astoria não parecia minimamente disposta a aceitar aquele suposto ato altruísta de Draco.

— Você não quer de verdade que eu suma da sua vida. Você não quer encerrar o que temos — ele quase não ousou contra-argumentar de tão convicta que a morena estava de suas palavras. Bastou um pouco para que concordasse e jogasse toda a história de deixá-la ir embora para o alto. Parecia loucura pedir a Astoria que se fosse, quando ela claramente queria tanto ficar.

— Não é sobre querer... — não soube de onde tirou a força necessária para dizer aquilo, mas o fez com incrível frieza. — É sobre o que é certo.

— O certo — repetiu ela, incrédula. Draco assentiu, começando a perder a paciência. Queria que ela sumisse o mais rápido possível, antes que fizesse algo do qual fosse se arrepender. — O certo seria nos separarmos, mesmo que sejamos tão bons juntos?

Astoria não facilitaria. Draco deveria ter imaginado. Fechou os olhos, respirando fundo. Teria que fazer aquilo se quisesse mantê-la segura de seus demônios internos. Não era justo colocá-la na mira de olhares agressivos, fazê-la carregar um nome manchado e obrigá-la a conviver com os traumas que ele carregava. Draco a amava tanto... Não poderia destruí-la. Preferia viver miserável a vida toda sem ela do que ousar fazê-la sofrer com as consequências de algo do qual Astoria jamais seria culpada. Conhecia-a bem demais para saber que, se necessário, ela sofreria como ele, por ele. E faria isso sorrindo para encorajá-lo. Caso Draco tentasse novamente desistir de tudo, Astoria estaria lá para lembrá-lo de que ela estava com ele, mesmo que aquilo estivesse partindo seu coração.

Preferia morrer a vê-la sofrendo, ainda mais por alguém tão indigno quanto ele.

Que culpa Draco possuía de amá-la tanto e querer poupá-la? Sabia que não poderia argumentar aquilo, caso contrário aí mesmo que Astoria não o deixaria em paz. Se falasse de amor, tudo estaria perdido, embora fosse a mais pura verdade. Então apenas disse:

— Foi só uma diversão, um conforto e acabou. Achei que tivesse ficado implícito.

Ela comprimiu os lábios em uma linha fina ao mesmo tempo que arqueava uma sobrancelha.

— Você não poderia ter sido mais claro.

E saiu. Não olhou para trás enquanto saía pela porta do apartamento.

Draco não a viu por longos quatro meses. Apenas se trancou em seu quarto e ali permaneceu. Recebeu visitas nada agradáveis dos pais, que queriam entender o que diabos estava acontecendo com o filho e não à toa, considerando seu histórico de sumiços e crises desenfreadas. Narcisa argumentava que, alguém no estado dele não deveria morar sozinho, ainda mais após um trauma. Ele nada disse, apesar de ter achado graça no uso do termo "trauma". O término com Astoria não seria um trauma desencadeador de horrores, não como havia sido antes, e por isso o uso lhe dava repulsa. Queria separar o que teve com ela em uma caixinha diferente, por mais que o término tenha se dado justamente por seus traumas prévios, aquilo ainda era precioso demais, embora doesse infinitas vezes mais.