01. Feeling alive

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Notas iniciais

OIEEEEE

Estou bem nervosa em postar essa drastoria por ela ter uma carga mais dramática o que, para quem me conhece, sabe que é EXTREMAMENTE fora da minha zona de conforto. Entretanto, esse ano me comprometi a arriscar alguns gêneros diferentes e também formatos - sou a rainha das bíblias e os capítulos dessa fanfic mal passam de 1k hahahah.
Adoro a música White Blank Page do Mumford and Sons e sempre quis fazer algo baseado nela, então drastoria pareceu um casal perfeito para tentar desenvolver algo.
Espero que gostem ♥

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Draco não deveria ter deixado as coisas avançarem até aquele ponto. Agora, encontrava-se mais arruinado do que antes e, para seu desespero, estava arrastando-a junto com ele para a miséria.

Foram alguns meses depois da guerra, que o que era para ter sido apenas um caso passageiro com Astoria Greengrass começou a tomar algumas formas. Sua família havia sido inocentada por conta do ato de Narcisa na Floresta Proibida, que possibilitou que Harry Potter derrotasse Voldemort, entretanto aquilo não significava que estivessem de fato isentos de qualquer culpa ou julgamentos alheios. Era impossível voltarem a ter a mesma vida de antes. A vida social deles se resumia a meras migalhas de algumas famílias bruxas igualmente culpadas ou somente cegas, recusando-se a aceitar a derrota. A família Greengrass ocupava um local ao meio desse espectro: não apoiaram Voldemort de forma direta, embora também não haviam se oposto publicamente; também não eram com exatidão conhecidos por serem gentis, no entanto, sabiam reconhecer o valor de um homem arrependido ou, ao menos, com suas dívidas perante a justiça pagas.

Por isso, Lucius e Narcisa logo desenvolveram uma relação próxima com os Greengrass, o que implicava que Draco também precisava comparecer a alguns dos jantares organizados por ambas as famílias. Não era nenhum adolescente mais, tinha o poder de escolha, contudo, ao tentar negar, viu o olhar desesperado da mãe, que tentava fazer com que a vida deles voltasse a ser o mais normal possível - o que no caso incluía fingir por uma noite, semanalmente, que tudo estava bem, que tinham amigos, que eram queridos, que não haviam cometido erros condenáveis.

Foi no primeiro jantar, ao colocar os olhos em Astoria, que soube que ela seria sua ruína. Não que não a conhecesse antes, só que nunca tivera a oportunidade de sequer se permitir pensar em qualquer coisa que não fosse a tarefa dada por Voldemort. Poderia ter se afastado, caso fosse mais inteligente, entretanto já estava arruinado de qualquer forma. Seus demônios internos talvez nunca o libertasse e os pesadelos possivelmente jamais fossem embora. Ele precisaria conviver com o peso de suas escolhas pelo resto de seus dias, então porque não tentar dar certa leveza e alívio a alguns deles?

Astoria prontamente correspondeu aos seus olhares, sorrisos e conversas sobre amenidades. Não ousavam falar sobre a Guerra, não mesmo, muito menos sobre os tempos em Hogwarts. Mal se lembrava dela, porém sabia que ela provavelmente tinha ciência de tudo o que ele vinha fazendo desde seu sexto ano. Não havia, portanto, porque falar sobre isso.

Sentiu-se mais vivo do que nunca quando ela lhe passou um bilhete pedindo que, depois que todos fossem embora, ele aparatasse de volta e a encontrasse nos jardins da sua residência. Horas mais tarde, sentindo uma calma que há muito não sabia mais qual era a sensação, ele a viu parada próxima a uma roseira, a luz do luar iluminando-a e conferindo uma aura quase mística. Foi ali que a beijou pela primeira vez.

A mulher era quente e tinha os lábios macios, com um leve sabor de cigarro de menta. Achou aquele detalhe particularmente curioso, mas gostou. Os cabelos negros eram macios e Draco teve certeza de que poderia percorrer os dedos por ali a noite inteira.

Foi de Astoria a iniciativa de tornar as coisas mais intensas ao guiá-lo para uma estufa próxima, saltando em uma mesa mais afastada, abrindo as pernas para enroscá-las na cintura de Draco, fazendo com que o vestido verde musgo subisse um pouco e exibisse uma pequena tatuagem de andorinha na coxa esquerda dela. Também foi Astoria quem começou a querer arrancar a roupa dele, o que ocasionou em um vaso caindo no chão e o som ecoando pelo ambiente. Draco até tentou argumentar, mais por decoro do que realmente preocupação de que alguém pudesse ter ouvido alguma coisa. Afinal, era de madrugada e a estufa ficava longe da casa. Astoria pareceu gostar da preocupação dele, mesmo sabendo que era pura balela. Draco não pararia, muito menos ela, e os dois sabiam daquilo, a ponto de não se importarem de serem pegos. Bom, não era verdade. Ele ficaria sim muito irritado de ser interrompido, só não ligava a mínima para o que pensariam, até porque já havia enfrentado julgamentos piores. Para alguém com a fama tão detonada como a dele, aquilo não seria nada. Em certos momentos chegava a duvidar se sequer chegaria a sentir algo diante de mais uma humilhação e, geralmente, concluía que não, não sentiria.

Estava vivo, como não estivera há tempos, e teve certeza quando afundou-se dentro de Astoria, sentindo o interior quente e molhado dela. Enquanto se movia com urgência, já que a morena demonstrava não ter muita paciência naquele instante, Draco concentrou-se em ouvir sua respiração. Ela também estava viva, a respiração entrecortada, as unhas cravadas na pele exposta dele, o olhar azul inebriante...

Havia sido uma experiência e tanto, que fora repetida inúmeras vezes naquela estufa, na biblioteca, no quarto dela, no quarto, na biblioteca e na estufa da casa dele... Já havia perdido as contas. Não era mais segredo para a família de que eles estavam se vendo mais do que o adequado, mas Draco não queria alimentar o sonho de uma possível união. Ele simplesmente não poderia fazer aquilo com Astoria. Não a faria ficar presa a ele para o resto da vida, não mesmo. Não era capaz de fazê-la feliz e recordava-se disso todas as vezes que acordava aos gritos. Percebeu depois, quando ela revelou estar um pouco atrasada, que também não poderia se dar ao luxo de continuar sua linhagem. Não poderia colocar o peso de seu sobrenome em uma pobre criança que teria que receber os mesmos olhares tortos que ele recebia. Assim, tratou de sair de casa quando pôde, alugando um pequeno apartamento para si. Dessa forma, não precisaria ser obrigado a comparecer aos jantares com os Greengrass, como de fato começou a fazer. Esperava que Astoria entendesse o recado.

E ela entendeu, apenas não gostou. E menos de uma semana depois que ele se mudara, lá estava ela em sua porta, com uma expressão nada simpática. Apesar disso, seu primeiro impulso foi agarrá-la. Ela não o afastou, muito embora o olhasse de maneira raivosa vez ou outra.

Fora uma transa diferente das outras, com mais saudade e raiva envolvidos, o que só tornava a situação toda mais difícil do que já era.

— Você não pode simplesmente sumir e achar que acabou — ela resmungou enquanto se ajeitava no peito nu dele após fumar um cigarro. Draco percorreu os dedos pelos cabelos negros dela, perguntando-se se seria capaz, algum dia, de acabar com aquilo.

— Eu sei — sussurrou em resposta, pois não tinha nada melhor para responder e, de fato, sabia que não poderia ser assim tão simples.

Naquela noite seus corpos se uniram mais uma vez e Draco percebeu que chamar o que faziam de qualquer outra coisa que não fosse "amor" parecia errado. Não era só sexo, não era uma transa e tampouco uma foda. Estavam fazendo amor. Sentia em cada célula de seu corpo.

Aquilo o assustou profundamente.

Não ousou dizer mais nada pela noite e agradeceu pelo cansaço tê-la vencido. Enquanto a observava ressonar, perguntou-se o que teria feito para tê-la junto de si. Ela era boa demais para ser verdade. E ele não poderia fazer isso com ela. Não poderia sujeitá-la a uma vida com ele.

Esperava que ela não o amasse de volta. Seria mais fácil. 

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Notas finais

E aíiii o que acharam? Esse Draco sofrido pelas marcas da guerra e o peso na consciência é algo que sempre tive como headcanon. A fanfic se pautará em como ele tenta - e muitas vezes evita - lidar com os traumas do passado e a possibilidade de um futuro feliz com Astoria já que, para ele, não é nada merecedor disso.Vejo vocês nos comentários ♥

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