03. Slipping through my fingers

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Notas iniciais

OIEEE
Esse já é o penúltimo capítulo e meu coração já começou a apertar de saudades! E tem de tudo, desde mimos até tensões, então preparem os corações!
Espero que gostem ♥

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Eles voltaram a se encontrar casualmente após Draco receber alta do hospital, por mais que ele se sentisse mais sujo a cada encontro. Astoria até tentou manter a pose descontraída quando apareceu na porta do apartamento dele pela primeira vez, trazendo um ensopado que uma das enfermeiras do hospital havia recomendado. Ela perguntou se Draco precisava de ajuda com execução de feitiços para a manutenção da limpeza do local, foi apresentada ao Rigel - nome sugerido por Astoria na quinta visita, que argumentou que o animalzinho não poderia ficar sem nome - o qual havia causado todo aquele alvoroço e se certificou de que o Malfoy não estava mais sentindo dores.

— Ótimo — falou suspirando quando ele lhe garantiu pela terceira vez seguida que já estava praticamente novinho em folha. — Porque eu estava morrendo de vontade de fazer isso. — e juntou seus corpos em uma furiosa dança, repleta de saudade, raiva, mágoa e... Amor.

Daquela vez, Astoria demorou mais um pouco para levantar-se da cama e ir fumar seu cigarro habitual na varanda, que era sempre seguido de uma crise de tosses que faziam Draco questionar porque diabos ela ainda fumava. Manteve-se aninhada ao peito de Draco, tentando controlar a respiração descompassada, não se preocupando em subir o lençol.

Nas outras visitas, no entanto, Astoria não cruzou a linha. Continuou trazendo comida, executou alguns feitiços e brincou com Rigel, mas não olhava Draco com desejo, muito menos puxava-o para a cama. Na realidade, mal o olhava. E fumava mais do que de costume.

Até que ela parou de vir. Frustrado, Draco quis procurá-la. Ah, como quis, até que, durante uma visita de sua mãe, soube de algo que o fez sentir o verdadeiro peso de tê-la perdido, talvez para sempre.

— Você não sabia? Ela foi essa semana para a França, terminar a especialização dela por lá e, pelo que soube, está a poucos passos de ficar noiva.

Aquilo foi como um baque. França não era longe, evidente que não, mas ainda assim, não era a Inglaterra, onde ele sabia que poderia, com eventualidade, cruzar com ela.. Ainda mais se um possível noivo fosse incluído na equação. A vida de Astoria simplesmente era outra, sem espaço para Draco. Mas no fim das contas, não era isso que queria para ela? Uma vida feliz sem ele? O amor não deveria ser altruísta? Então, por que sentia-se tão miserável diante daquela notícia?

Ele estava irado. A mulher que ele amava formaria uma vida em outro país, com outra pessoa, e a culpa era única e exclusivamente dele. Se não a tivesse afastado, poderiam ser eles. Na verdade, aquilo era um absurdo. Já estaria casado há muito tempo com ela se pudesse e iria para qualquer lugar do mundo em um piscar de olhos.

Sentia-se um tremendo egoísta. Queria-a para si. Mas o que poderia fazer? Ele cavou a própria cova, não deveria esperar que Astoria esperasse por ele. Afinal, não havia perspectiva de que Draco conseguisse resolver seus problemas, portanto não podia sujeitá-la àquilo.

Por um bom tempo cogitou desistir de tudo que acreditava e apenas pedir para que ela voltasse, contudo sabia o quanto era inadequado. Seria enganar a si mesmo e enganar Astoria. Não era justo.

Durante muitas noites de bebedeira cogitou enviar um patrono para ela e dizer tudo o que estava pensando, mas sequer isso não conseguia produzir. Todas suas memórias verdadeiramente felizes giravam em torno dela, fossem em momentos de descontração nas altas horas da madrugada que permaneciam juntos, rindo e falando sobre bobagens, e que agora estavam manchadas pelo peso da perda. Ocupou-se em escrever cartas e mais cartas, sem nunca de fato enviá-las, nas quais expunha todas as razões referentes ao fato de que não poderia fazê-la ficar presa a ele. Lamentava-se que ele fosse Draco Malfoy e não outra pessoa qualquer. Não era digno de Astoria Greengrass e considerava que talvez ninguém nunca fosse.

Sem ter a mínima noção da hora ou de que dia da semana se encontrava, Draco acordou com batidas fortes na porta. Deveria estar delirando. O que diabos Astoria estava fazendo em sua porta, tão irresistivelmente linda em um vestido preto de tirar o fôlego?

— Voltei para o aniversário da minha mãe — esclareceu, ainda parada na porta, os olhos faiscando. — Eu não deveria ter aberto aquelas malditas cartas...

Draco franziu o cenho, sentindo o coração saltar. De repente olhou para a escrivaninha, atônito, mas sequer precisou confirmar se elas estavam lá, pois Astoria tirou-as da bolsa que carregava.

— Recebi esse camalhaço da sua mãe há mais ou menos duas semanas pelo correio.

Duas semanas! Como ele poderia simplesmente não ter se dado conta de que as cartas que escrevera haviam sumido há duas semanas? Olhou de relance para as garrafas espalhadas pelo chão, uma possível explicação para seu lapso temporal.

— Você é um idiota — exclamou empurrando-o com a mão. Draco adentrou para o apartamento e Astoria o seguiu, batendo a porta com força. — Você não pensou quando me dispensou, não é? Não pensou que se sentiria feito um merda e agora que sabe como é horrível, escreve essas cartas como se... — uma tosse carregada interrompeu-a e, para tentar retomar seu ponto, inspirou profundamente, limpando lágrimas teimosas dos olhos. — Se fosse resolver tudo... Você claramente quer minha atenção, agindo feito um descompensado bêbado que cai acidentalmente da varanda, mas que poderia resolver tudo isso com uma simples escolha. Mas você não quer meu amor. Só quer me confundir.

Não era verdade. Só Deus sabia o quanto Draco a queria. Queria poder amá-la e queria que ela o amasse de volta. Dessa forma, era inevitável não querê-la por perto, mesmo que por alguns segundos... No entanto, não podia. E era isso que mais lhe doía.

— Eu só não posso estar com você — falou, sentindo a voz falhar. Astoria viu graça naquilo.

— Não pode.

— Como você pôde ler, eu só a arruinaria.

Ela gargalhou, as risadas misturando-se às lágrimas.

— Você me arruinou quando desistiu de nós.

— Eu...

— Você se deixa levar demais — o cortou sem cerimônia alguma, começando a andar pelo apartamento. — Sequer levou em consideração o que eu queria. Supôs que seria muito para mim aguentar o que você está passando... — outra risada. — Fiquei pensando se você sequer chegou a me conhecer de fato.

— Não supus que você não aguentaria — defendeu-se, cansado. — Só não quis sujeitá-la a isso. Seria injusto.

— Injusto para quem? — indagou furiosa, parando de frente para ele. — Para sua maldita consciência? Porque se você estava pensando em mim, se equivocou profundamente. Eu me apaixonei pelo homem que você é, Draco. Eu conheço seu coração, conheço sua alma e é isso o que importa. Que se exploda o mundo. É óbvio que se fôssemos ficar juntos eu me comprometeria com o pacote inteiro. Eu ficaria do seu lado. Eu te ajudaria a superar o que quer que você tivesse para superar. Porque quando você se apaixona por alguém, Draco, você aceita a pessoa como ela é. Com todos os erros e acertos. Não era um fardo amar você — falou, a voz falhando e novas lágrimas se formando. Draco nunca se sentiu tão horrível como naquele momento. — Se tornou um fardo porque você quis assim. Quis escrever nossa história do seu jeito, sem me levar em consideração. Você não se permite amar e ser amado — ela passou a mão pelos cabelos, lançando-lhe um olhar demorado. — Poderia ter sido incrível... — com um suspiro pesado, ela desviou os olhos. — E se acha mesmo que eu poderia sequer me envolver com alguém assim tão rápido, sendo que tenho tanto com o que me preocupar, isso só me confirma que você realmente não me conhece nenhum pouco.

E então ela o deixou com Rigel o encarando com os olhos amarelos e a sensação opressora de que ele havia destruído toda e qualquer chance que tinha de ser feliz. Mas qual era a surpresa nisso, afinal? Draco sempre soube que fora um covarde. E continuaria sendo. 

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Notas finais

Quem nunca teve recaída, não é mesmo? E essa conversa final foi de lavar a alma porque olha... Ambos falaram o que precisavam, mas às vezes somente falar não é suficiente...
Vejo vocês nos comentários!

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