Era mais uma reunião de família que acontecia na casa de Seu Antônio e Dona Regina. A família estava toda reunida. Os filhos que moravam longe vieram visitar os pais, que passavam o dia todo bajulando os netos. Típico de feriado de Natal. Na varanda da casa, Seu Antônio começou a contar aos netos:
- Ontem vocês saíram pra pescar, não foi? De que tamanho foi o maior que vocês pegaram?
Gustavo logo se adiantou a mostrar para o avô, tentando abrir os braços até conde conseguia.
- Desse tamanho, Gu? O vô já pegou um muito maior. – os olhinhos do neto brilhavam de curiosidade. O avô adorava contar a história. – Sabe aquele buraco que tem no barranco da represa. Lá vivia o maior peixe do mundo.
Na represa do sítio existia mesmo um buraco num barranco, de uns dois metros de diâmetro. Para todos, ele era o resultado de anos de extração de argila na propriedade, que mudou bastante as margens da represa.
- Quando eu tinha a idade do pai de vocês, estava lá procurando algumas tilápias para o almoço quando uma coisa puxou minha vara pro fundo da água. Fiquei muito assustado com aquilo, ainda mais quando vi uma barbatana gigante na água e que entrou no buraco.
As crianças olhavam o avô com aquela carinha espantada que só as crianças sabem fazer. Aquilo era uma maravilha para Seu Antônio.
- E o que aconteceu vô?
- Resolvi pegar o bicho. Só que ele era muito grande pros anzóis que eu tinha aqui em casa. Por isso peguei um ferro bem grande, igual aquele ali – disse Seu Antônio apontando para um vergalhão de estava na construção de uma nova tulha. -, entortei e fiz um anzol bem grande. Cortei um bambu igual o que sua avó tem no varal, amarrei uma corda nele e no anzol. Preparei um lanche e fui para a represa. Não ia voltar sem aquele peixe.
- Quando eu cheguei lá, pus um pedação de carne no anzol e joguei dentro da água. Não demorou muito e o danado do peixe apareceu. Abocanhou a isca e já foi levando pro fundo. Segurei firme, na ia deixar aquele peixão escapar. Puxei, puxei e o bicho pulava muito dentro da água. Com muita força consegui tirar ele de lá. Ele era maior que o terreirão de café daqui do sítio. Tive que chamar quatro amigos pra cortarmos. Lembro que naquela noite, sua avó fez uma fritada daquelas.
- Você não cansa de contar essa história pai? Ouço isso desde quando tinha a idade do Gustavo. – disse um dos filhos de Seu Antônio que havia chegado à varanda.
- O seu pai não acredita. – disse o avô bem baixinho aos netos. – Mas ele adorou o peixe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Imagens refletidas
Storie breviO que uma simples imagem pode refletir na cabeça de um escritor? Que ideias podem surgir ao ouvir uma música? Tudo pode servir de inspiração e ser refletido numa bela história. Esses reflexos vêm na forma de pequenos contos, que levam a mundos diver...