I.

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— Vou andando. Bom descanso, rapazes.

— Bom descanso, Inspetor! 

Linden apertou a gola do casaco ao sair da esquadra da polícia. Era de madrugada e fazia um frio dos Diabos naquela cidade dos confins da República.

Caminhou com as mãos nos bolsos pelas ruas desertas, pensando que se tivesse aceitado a promoção no ano anterior, estaria atualmente noutra cidade a percorrer estradas com pontos de aquecimento para a população nas fachadas laterais de quase todos os edifícios. Em vez disso, estava ali, a tentar regressar ao conforto do seu lar o mais depressa que lhe fosse possível, serpenteando por entre prédios baixos em mau estado de conservação, alguns até parcialmente destruídos.

Na entrada de um dos becos que normalmente utilizava como atalho para chegar a casa, Linden parou. Estava um corpo no chão, especialmente visível pelo reflexo de luz natural que o acariciava.

O inspetor tirou a arma do coldre e aproximou-se devagarinho.

— Consegue ouvir-me?

Quanto mais perto do corpo, melhor era o seu entendimento da situação. O corpo era muito pequeno, com a compleição física semelhante ao de uma criança. Não havia fluídos ou sangue visíveis no chão e, tanto quanto lhe parecia, o corpo não tinha nenhuma ferida particular.

Linden agachou-se e recolocou a arma no coldre. O rapazinho à sua frente parecia apenas desmaiado, numa posição que indicava que viera a rastejar da sua direita. Dirigindo os olhos nessa direção, o inspetor encontrou um buraco na parede do edifício que não estava lá quando ele passou por ali para chegar ao trabalho de manhã.

A sua curiosidade sobre aquele buraco era grande o suficiente para o investigar imediatamente, mas Linden deteve-se. Em vez disso, pegou cuidadosamente no corpo estendido a seus pés, pronto a carregá-lo para um médico. A saúde de alguém, especialmente tão novo, era mais importante que um mistério. Voltaria ali mais tarde para perceber o que raio era aquilo e como é que tinha ido ali parar.

O inspetor ergueu-se, carregando o pequeno rapaz no colo. Contudo, antes de se afastar, o som de algo a cair no chão chamou a sua atenção. Olhando sobre o ombro, encontrou um pequeno aparelho que não lhe era, de todo, familiar.

— E a trama adensa-se... — murmurou, antes de pegar no objeto e dar meia volta no beco, caminhando em direção à clínica do Dr. Fisht, três portas ao lado do seu normal posto de trabalho.

400 palavras

Aquilo que o inspetor Linden encontrou no caminho para casa ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora