Um

46 7 8
                                    

1

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

1. Um dia de fotos

15 de janeiro de 2020

Em uma cidade afastada no estado do Rio Grande do Sul no Brasil duas garotas combinavam de se encontrar.

Naquela manhã o sol se escondia entre as pesadas nuvens de chuva. Os ventos frios que varriam a cidade fizeram com que as duas meninas se agasalhassem bem e levassem guarda-chuvas antes de sair de suas casas, para caso água irrompesse dos céus não estivessem despreparadas.

— Eu não sei não Mia... — Resmungou Nala — Tem certeza que o dia está bom para tirar fotos? — Levantou as íris negras feito jabuticaba para o céu nublado com nuvens bem acinzentadas.

Nala Ruschel, nossa primeira garota, tinha completado seus quinze anos de idade na semana passada. Ela se destacava das meninas da sua idade, mas não por sua beleza afro, e sim por sua condição. Nala tinha vitiligo, a doença apareceu por volta de seus dez anos de idade fazendo a autoestima da menina diminuir cada vez mais, afinal as pessoas viviam fazendo comentários sobre sua pele negra estar ganhando espaço para manchas, como se isso diminuísse sua beleza.

— Dá licença Nala — Mia riu com gosto com a mão sobre o peito — Eu sou quase uma fotógrafa profissional e se eu digo que o dia está perfeito para fotos, é por que ele está.

Mia Becker, nossa segunda garota, é amiga de infância de Nala, uma das únicas na verdade. Seus cabelos ruivos e vívidos chamavam atenção por onde ela passa, principalmente por suas ondulações que o deixavam ainda mais cheio. Sua cor de pele marfim esbanja sardas, principalmente em seu rosto, esse fora o motivo de insegurança da menina por muito tempo, até seu aniversário de quinze anos no qual sua mãe mandou que fizessem um álbum de fotos exaltando sua beleza.

—... Confia em mim amiga — Segurou a mão de Nala com um sorriso confiante — Nada vai ofuscar sua beleza.

Mia agora com seus dezesseis anos se revoltou por sua amiga não querer festa, ou fotos de seu aniversário de quinze anos. Ela sabia que o motivo era por sua condição física e por isso arrastou Nala para esse dia de fotos, seriam só as duas tirando fotos como adolescentes normais. Mia queria fazer a amiga perder sua insegurança, e tinha certeza que com belas fotos conseguiria, assim como aconteceu com ela.

— E seus pais? — Questionou Nala olhando para a amiga.

— Eles ainda estão no chalé — Deu de ombros.

— E se eles voltarem mais cedo?

— Ai Nala! — Se segurou para não revirar os olhos. Às vezes a insegurança da amiga a irritava — Eu deixei um bilhete no meu quarto. — Pausou mordendo o inferior da bochecha, era a primeira vez que fazia algo do tipo — Se eu sai escondido é por culpa deles. Nunca me deixam fazer nada. Eu vivo presa naquela casa! — desabafou — Se eu ligasse para pedir permissão eles não me deixariam sair, e eu prometi que tiraria suas fotos hoje.

As meninas diminuíram o caminhar pela trilha ao ver que se aproximavam do lago Cristal. Era o lago mais bonito da região, em dias de sol ficava cheio de adolescentes com roupa de banho, em dias frios era só um ponto turístico. Curiosamente hoje não havia ninguém ali.

— E seu pai? — Era a vez de Mia de investigar.

— Me trancou em casa como sempre — Resmungou — Mas ele não vai notar minha ausência... ele nunca nota.

Mia abraçou a amiga de lado em forma de consolo. Desde criança era assim, duas meninas com pais ausentes e uma amizade inquebrável.

Na margem pedregosa do lago Mia deixou sua mochila com os equipamentos fotográficos no chão, prendeu os longos cabelos em um coque frouxo enquanto seus olhos castanhos varriam o lugar até o pier de madeira, e um sorriso iluminou seu rosto. É por ali que iriam começar.

— Depois dessas fotos... — Disse pretensiosa com um sorrisinho malicioso — Aposto que o Caio vai te chamar para sair.

— Não viaja Mia — Respondeu Nala um tanto tímida enquanto amassava os cachos de seus cabelos para os deixar volumosos — Eu nem sei se vou postar essas fotos no Instagram.

— É claro que vai — Bateu o pé nas pequenas pedras negras no chão — Se não postar eu crio um fake seu, posto todas as fotos e ainda chamo Caio para dar uns amassos e te faço ir.

— Você não faria isso — Riu apesar do receio, sabia como a amiga era impulsiva.

— Mia Becker faz de tudo pela melhor amiga — Piscou para Nala.

No velho pier de madeira Mia fez a amiga se sentar na ponta e começou sua sessão de fotos. As amigas riam pela forma expressiva e exagerada que Mia mandava a amiga fazer poses e feições, isso gerou lindas fotos do sorriso de Nala.

— Estão ficando ótimas — Disse baixo quase sem acreditar olhando para o visor da câmera — Essa câmera faz milagres. Onde conseguiu?

— Peguei da minha mãe — Respondeu Mia voltando para perto da mochila — Achei no meio dos equipamentos antigos do jornal. Ela nem vai sentir falta e... o que foi?

Nala forçava a visão para o lago como se procurasse algo. Mia parou ao seu lado repetindo a pergunta, mas recebeu silêncio em resposta. Nala caminhou até o final do pier outra vez e gritou: "— EI!" Mia achou por um instante que a amiga estivesse ficando louca, até que viu o mesmo que ela.

— Quem iria nadar num dia tão frio como esse? — Perguntou franzindo o cenho.

— Não sei — Nala deu de ombros gritando outra vez — Acho que está apenas boiando, sei lá.

Mia posicionou a câmera no rosto e deu zoom em direção ao corpo. Notou rápido que era uma menina de cabelos loiros, aproximou mais a imagem e viu um corte na garganta da moça com sangue escorrendo e se misturando à água. Um grito agudo escapou de seus lábios assustando Nala.

— Nós temos que ir Nala! — Segurou a amiga pelo braço correndo em direção às suas coisas — Aquela menina está morta!

Enquanto juntava suas coisas às pressas, as mãos de Mia tremiam tentando explicar o que viu, as palavras tropeçavam em sua boca e seu desespero contagiou Nala. Os olhos de Mia ardiam de vontade de chorar e seu coração batia fortemente. As meninas ouviram um barulho vindo da floresta fazendo-as darem as mãos fortemente esquecendo suas coisas no chão. Em seus rostos expressões de terror que aumentaram ainda mais ao ver a ameaça que vinha em sua direção. Em plenos pulmões as garotas gritaram. Suas vozes unidas ecoaram até pelas montanhas, será que alguém as escutou?

🔹🔹🔹

Eu tentei, okay kkkkkkkkkkk

O que acharam da Mia e da Nala? Eu estou apaixonada por elas.

Deixa um voto para me incentivar e até o próximo capítulo

Um Dia No Lago Onde histórias criam vida. Descubra agora