4. Um sopro de esperança
— Nós temos que voltar e procurá-las no lago — Afirmou Bárbara — Elas podem ter se perdido na trilha, ou sei lá caído na água — A simples ideia a apavorou ainda mais — Mia não sabe nadar!
Eles voltaram para o lago com uma equipe de busca maior e cães farejadores. Os pais iam na frente chamando por suas filhas, gritando seus nomes tão alto que corriam riscos de machucar suas cordas vocais. O coração daqueles pais estava despedaçado, nunca se culparam tanto na vida por serem tão desatentos as suas meninas.
— Nala!
Haviam se separado em grupos, e no que se encontrava agora era o casal ruivo e o delegado. O seu grito fez os pássaros pousados nas árvores voarem em direção ao céu, um monte deles formando uma nuvem preta. O delegado Ruschel limpou a linha de suor que escorria fria por seu rosto.
— Mia! — Gritou Tiago em plenos pulmões.
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Nala prendeu a respiração. Ela estava certa, ele havia a encontrado, não sua localização exata, mas ele farejava seu medo e chegava cada vez mais perto. A menina se encolheu ainda mais imaginando o que aquele monstro havia feito a sua amiga. Ele teria matado Mia? Seu corpo ficou ainda mais rígido com a ideia.
Nala se comparava a ele. Ela também se considerava um monstro, tinha sido covarde e deixado a amiga para trás. Viu ele se aproximar de seu esconderijo, apertou ainda mais os olhos e como um canto dos anjos ouviu o grito de seu pai não muito longe. Ele fugiu como um animal acuado permitindo que ela voltasse a respirar.
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— Logo mais vai escurecer. Nós temos que voltar — Sugeriu Tiago.
— Não! — Responderam em uníssono Bárbara e Victor e se entreolharam.
Ouviram passos rápidos pisoteando as folhas secas. Os três alternavam o olhar pela mata em busca de que fosse uma de suas filhas, e em segundos Nala apareceu no campo de visão deles. O delegado perdeu a postura, deixando que as lágrimas caíssem por seu rosto. Deixou suas coisas caírem no chão e ergueu a filha no alto com um abraço apertado.
— Você está viva! — Foi a única coisa que Victor conseguiu dizer.
Devolveu Nala ao chão para poder olhá-la melhor, o homem não tinha palavras para dizer o banho de alívio que seu corpo havia tomado. Apalpou as roupas molhadas e cheias de lama da filha até que suas mãos chegaram em seu rosto. Nunca se sentiu tão feliz por ver aquele par de olhos que pareciam duas jabuticabas maduras e a menina que o diga, queria dizer o quanto amava o pai naquele momento, mas Bárbara a puxou pelo braço.
— Mia? Onde está Mia? — Seus olhos quase saltaram de seu rosto — Diga Nala! Onde está minha filha?
Estava prestes a sacudir a menina para obter respostas. O delegado afastou a mulher. Tiago abraçou sua esposa que estava desesperada por não receber uma resposta. Nesse momento ninguém reconhecia mais a jornalista que costumava sempre ser serena, era o medo a consumindo.