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5.Duas garotas e um crime.

No hospital da cidade as duas garotas dividem um quarto impessoal com paredes pálidas e sem graça.

Nala teve que ficar em observação e visitar a fonoaudióloga até que sua fala voltasse. Mia teve que receber transfusão de sangue e levou mais de vinte pontos em sua perna. Hoje a seu próprio pedido ela se encontra pronta para dar uma entrevista à jornalista Bárbara Becker.

— Eu ainda não estou entendendo. — Disse Bárbara pousando a caneta no bloco de notas.

Nala repetiu toda a história de como haviam parado no lago Cristal para Bárbara. A mulher estava preparando a manchete final, como era a única jornalista permitida a entrar no quarto — afinal era mãe da paciente — somente o seu jornal teria a notícia.

— Isso eu sei... E depois?

— Deixa que eu conto Nala... — Disse Mia se ajeitando na cama do hospital com ajuda de seu namorado — Obrigada amor — Sussurrou para o mesmo com um leve sorriso. Mia se virou para a mãe — Já tenho até o nome da manchete "Duas garotas e um crime".

— Viu? Eu disse que você leva jeito — Anotou para não se esquecer.

— Mãe — Revirou os olhos.

— Tá bom... — Se ajeitou na cadeira — Pode começar.

— Nós estávamos prontas para sair da beira do rio quando vimos um homem. Nós nos assustamos, ele estava sujo com sangue, mas ele apenas passou correndo por nós indo em direção ao píer e eu e Nala aproveitamos a deixa para fugir. — Engoliu a seco apertando a mão de Fábio — Então ele pediu para que esperássemos por ele e começou a correr atrás de nós.

"— Nós continuamos a fugir. E e-eu estava distraída e acabei tropeçando em uma raiz alta e torcendo o pé. Mandei Nala continuar a correr, sabia que eu não chegaria longe e ela surpreendentemente me obedeceu. — Seus olhos ficaram desfocados — E aí ele me encontrou.

Bárbara anotava cada palavra o mais rápido que podia, se uma das enfermeiras soubesse que estava entrevistando sua filha acamada seria expulsa até o dia que a ruiva tivesse alta, e ela não podia perder a matéria e já que a ideia tinha sido da própria Mia ela extrairia cada detalhe.

— Ele me levou para uma cabana. Eu estava com medo, muito medo, achei que ele fosse o autor da morte daquela menina no lago e faria o mesmo comigo — Pausou engolindo com dificuldade — Ele enfaixou meu tornozelo e eu perguntei a ele o que ele fazia morando tão afastado da cidade. Ele me disse que era lenhador...

— E-e o que mais? — Indagou sua mãe.

— Eu vi a faixa que ele tinha amarrada no peito. Ele também estava ferido e quando eu perguntei o que tinha acontecido ele disse... Disse que a menina do lago que tinha feito aquilo com ele.

Um Dia No Lago Onde histórias criam vida. Descubra agora