[Chapter One]

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P.O.V: JOSH
Rio de Janeiro, dias atuais...

Desci o elevador, apressado. Os seguranças seguiam-me a certa distância enquanto meus diretores se esforçavam para acompanhar meus passos. Foi uma semana tumultuada. A compra do resort em Angra dos Reis me deu dor de cabeça. Carl, meu sócio e vice-presidente, não conseguiu fechar o negócio e tive que vir ao Brasil, não que esteja reclamando de vir aqui em pleno carnaval. Esse povo realmente sabe como se divertir. Abri um riso cínico recordando da atividade de ontem em um clube exclusivo localizado na Barra. Foi bom jogar um pouco para desestressar, pegar algumas submissas. Adoro a anatomia das brasileiras. Adoro uma bunda bem desenhada. Joguei com duas mulatas de traseiros deliciosos. Uma de cada vez, é claro. Meu irmão Bailey é quem apreciava essas brincadeiras a três. Mas isso foi antes de cair no amor pela nossa prima Joalin. Agora estava fora do mercado. Eu não cairia nessa merda de felizes para sempre de jeito nenhum.

— Por aqui, senhor Beuachamp  — disse um dos gerentes visivelmente nervoso, dando-me passagem.

Adentrei no amplo auditório da minha mais recente aquisição. Havia relutado em comprar a
pequena firma de arquitetura. Entretanto, era uma das condições do ex-dono. Eu queria o resort. Queria muito. Cedi aos caprichos do velho Alfredo Magalhães. De acordo com meus diretores financeiros, tratava-se de uma ótima transação, visto que os negócios fechados pela empresa eram significativos. Comprei. Agora estava aqui no meio dos funcionários que me encaravam com grandes pontos de interrogação nas cabeças. O que faria com eles? Selecionaria os mais competentes e os demais seriam sumariamente dispensados. Era uma equação simples. É assim que trabalho e foi dessa forma que me tornei um bilionário antes dos trinta. Não me contento com nada menos que a excelência. O setor de Recursos Humanos se encarregaria de resolver a parte delicada. Mas antes, era de praxe conhecer pessoalmente os principais funcionários. Aprecio descobrir suas aspirações e o que estão dispostos a fazer para atingi-las. Venci por conta própria e sei reconhecer e incentivar um funcionário quando percebo características que fazem lembrar- me de mim mesmo quando era apenas um simples ajudante de construção,enquanto cursava a universidade. A vadia que me deu à luz me abandonou aos quatro anos de idade num orfanato e nunca mais voltou. Nunca soube nada a respeito de meu pai até há quase dois anos, quando fui contatado pelos advogados da Família Real de Ardócia, uma ilha ao sul da Itália, informando que eu era um príncipe.

Primeiro pensei que os advogados estavam de sacanagem comigo. Depois quis pegá-los pelo colarinho e jogá-los para fora do meu escritório, mas diante das provas irrefutáveis e do teste de DNA positivo não tive como fugir. Sou filho ilegítimo do príncipe Marco, irmão do antigo governante da Ilha. Há mais três irmãos. Krystian é Bailey, filhos legítimos. Infelizmente , o caçula, havia cometido suicídio há quase quatro anos. Bailey  é agora rei de Ardócia. E há Noah,
que vive em Nova Iorque, ilegítimo como eu. Tentei me manter à distância, mas meus irmãos recém-descobertos se infiltraram de tal forma na minha vida que minha resistência cedeu. Aqueles
dois bastardos são importantes para mim. Criamos um vínculo forte de amizade e respeito. Eu os amo. Argh! Esqueçam que confessei isso. Não vou dizer essa merda de novo nem sob tortura.
Quem diria? Eu, um ex-delinquente juvenil que quase me perdi na dura realidade das ruas e da marginalidade, agora sou um príncipe! Que piada! O som de um microfone sendo ajustado me tirou do breve momento de introspecção. Hora do show! Exclamei mentalmente aproximando-me da tribuna ao ser anunciado pelo mesmo gerente nervoso que me recebeu. Santa Mãe! O homem está quase tendo um ataque. Não sou tão mau assim. Ok. Admito, sou verdadeiramente ruim quando tentam me sacanear. Mas tirando isso, sou até gente boa. Se você nunca tentar me ferrar, então não tem com que se preocupar.

— Bom dia a todos—
cumprimentei num tom firme e forcei-me a abrir um sorriso. Ouvi alguns suspiros e meus olhos foram para um trio de mulheres sentadas nas cadeiras da primeira fila. As três cruzaram as pernas de uma vez só, lembrando uma apresentação de nado sincronizado. Patético! Quase revirei os olhos. Elas não podiam ser mais óbvias. Detesto
mulheres atiradas. Gosto de caçar. Sou um predador nato e quando me deparo com cenas assim é altamente broxante. — Estou muito satisfeito por estar aqui hoje com vocês — retomei meu foco.
— Entendo que, nesse momento, todos têm dúvidas a respeito do futuro da empresa. — Assumi um ar sério e impecavelmente profissional. — Mas asseguro-lhes que não irei me desfazer da
aquisição. Pretendo incorporá-la ao meu escritório central em Londres e aos projetos que já estão em andamento. Um possível intercâmbio pode ser benéfico para as duas realidades. No entanto, acredito que não é segredo para ninguém aqui que persigo sempre um alto padrão de qualidade. — Olhei a plateia silenciosa e completei: — Espero poder contar com vocês.

Príncipe da Perdição-Josh BeauchampOnde histórias criam vida. Descubra agora