[Chapter Two]

604 46 271
                                    

P.O.V: S/N

Depois daquela sessão de tortura na sala de reuniões, havia uma semana que Josh não dava o ar da graça no escritório da Paraíso Arquitetura. Os jornais informavam que ele esteve em
Ardócia para o casamento do irmão Bailey. Bailey e Joalin eram o casal do momento. Sempre eram flagrados em situações, digamos embaraçosas, mas a imprensa os amava. Tudo que faziam virava notícia. Oh! Deus! Josh era um príncipe agora. Se o abismo entre nós já era enorme, tornou-se intransponível.

O gerente executivo da Beuachamp's Corporation assumiu o trabalho no resort de Angra desde então. Entretanto, minha situação continuava indefinida, pois voltei no dia seguinte ao nosso reencontro desastroso, mas ninguém me deixou retomar minhas funções. Ordens do cretino. Acabei pensando melhor e não vou fugir com o rabo entre as pernas só porque sua alteza não quer me ver. Foda-se ele! Ficarei bem aqui. Os incomodados que se mudem. Recuso-me a levar um pé no traseiro de novo.

Sei que vai tentar de todas as formas me mandar embora, mas não vai ser tão fácil. Não dessa vez. Apesar de ter visto a aprovação do meu projeto nos olhos escuros, sei que dificilmente me aceitaria em sua equipe. Não depois de tudo. Meu passado me incrimina. Ele pensa que fui plantada na sua empresa e em sua vida para espioná-lo. Por isso me usou e jogou fora como um monte de lixo.

Fui tão estúpida ao acreditar cegamente em tudo que meu meio-irmão Mark me dizia. Inclusive quando disse que me amava e que seríamos uma família finalmente. Sou fruto do
caso de Albert Springs, famoso empresário do ramo da hotelaria com a camareira de um de seus
hotéis. Tive minha vida, meus estudos custeados pelo dinheiro de um pai que jamais conheci.
Albert morreu quando eu era ainda adolescente. Só então fiquei sabendo que tinha um irmão.

Mark não me aceitou no início. Destilava seu ódio sempre que me encontrava. Odiava principalmente minha mãe, Samantha. Vadia interesseira era a expressão preferida dele quando se referia a ela.
Como assim, se minha mãe nunca reivindicou nada para si? Apenas aceitou o dinheiro para cuidar de mim. Isso se chama justiça. Mas não era assim que meu irmão via as coisas.

Aos vinte e um anos me formei com louvor em arquitetura, mas a doença de minha mãe acabou tirando todo o brilho pela conquista. Uma doença degenerativa. Não havia cura, apenas tratamento paliativo,
disseram os médicos. O tratamento era muito caro. Não havendo a quem recorrer. Procurei por Mark desesperada e pela primeira vez na vida ele me recebeu bem. Bem demais para ser verdade, no entanto, não estava em condições de julgar isso adequadamente na época. Mark passou a custear o tratamento. Passou a demonstrar mais afeto e preocupação conosco, principalmente comigo. Mais tarde eu finalmente entenderia o porquê da mudança.

Mark descobriu que eu havia saído da universidade direto para a maior empresa de engenharia do Reino Unido, a Beuachamp's Corporation, do bilionário Josh Beuachamp. Suas aquisições estavam se ampliando com a construção e restauração de resorts por toda a Europa. Josh também era seu concorrente direto em um negócio de milhões de dólares.

Fui friamente manipulada e traída pelos dois homens que amei. Nunca tive forças para
resistir às investidas de Josh desde o momento em que colocou aqueles olhos azuis sombrios e hipnóticos sobre mim. Ele sempre me subjugou só com o olhar. Ordenava-me e eu fazia. Fiz tudo. Dei-me completamente àquele homem e ele pisou em mim como um inseto.

Meu celular tocou, tirando-me da introspecção. Abri um pequeno sorriso ao ver o nome na tela. Era Vitor, meu namorado. Sim, eu estou tentando seguir em frente. Ainda é bem recente.
Estamos juntos há apenas dois meses. Fiquei um bom sem querer me envolver com
ninguém. Havia criado nojo, ódio de todos os homens que se aproximavam de mim, mas ele soube me conquistar aos poucos. É um arquiteto renomado, além de filho único de Alfredo Magalhães. As mulheres faziam fila atrás dele, mas escolheu a mim e isso minou minha resistência. No entanto, ainda não me entreguei a ele. Não fizemos sexo, para ser mais clara. Não me sinto pronta. Levei uma rasteira brutal na primeira vez que amei. Agora quero ir mais devagar.

Príncipe da Perdição-Josh BeauchampOnde histórias criam vida. Descubra agora