"Para o Amor que, um dia, irei encontrar."
Esta foi a dedicatória que Ana escreveu em seu livro favorito, "Persuasão", de Jane Austen, logo que terminou de lê-lo pela primeira vez; esperando conhecer, um dia, alguém pelo total acaso... Sonhava em ter um reencontro com o seu amado — ainda que não fizesse ideia de quem ele pudesse ser —, assim como a personagem Anne. Não, ela não queria para si uma história de separação por influência de terceiros; o que fazia Ana suspirar era a ideia do reencontro: duas pessoas, destinadas uma a outra, ficarão juntas no momento certo, não importando quanto tempo passe.
"Uma romântica incurável", era assim que ela sempre se definia. Assistia com devoção aos romances transmitidos na TV. Mas foi aos 12 anos de idade, quando conheceu o mundo da literatura, que seu coração entendeu qual era o seu propósito de vida: seria escritora, uma romancista.
— Quero que as pessoas possam sonhar, acreditar e se realizar nas minhas histórias. Quero que se convençam da existência do Amor, assim como eu fui convencida — explicou, anos mais tarde, para Sara.
Ambas eram amigas inseparáveis desde a infância e costumavam concordar em tudo, mas, quando o assunto era amor, a discussão era inevitável. Sara não acreditava nesse tipo de sentimento devocional, preferia pensar que duas pessoas se conhecem, se dão bem e aí resolvem que conseguem se suportar por toda a vida, simples assim. Compreendia que relacionamentos envolviam muito mais; porém, para ela, amor e amizade caminhavam sempre lado a lado, como uma coisa só. Quando imaginava o seu futuro, sempre se via sozinha, ou, em uma hipótese quase nula, dividindo a vida com alguém, um amigo, com quem aguentaria conviver todos os dias.
— Sério, Ana, não sei como você consegue sonhar, ou pior, acreditar que vai esbarrar com alguém na rua e, pronto, estará apaixonada! Percebe o quanto isso é insano?
— Mas eu nunca disse nada disso — protestou. — O que sempre defendi é que o Destino une as pessoas... Gosto de pensar que um dia irei encontrar, por total acaso, alguém que me transborde. E que algo, neste exato momento, me dirá que é ele... Algo único e especial.
— Eu não sei por que ainda insisto! — esbravejou. Paciência nunca fora um dom de Sara. — Já deveria ter aprendido que "relacionamento" é um assunto proibido entre nós.
— Sinto que um dia você irá mudar de opinião... Ou melhor, alguém te fará mudar de opinião.
— Você sente coisas demais, Ana — disse, revirando os olhos.
414 palavras
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Persuadida a Amar
Short StoryAna sempre foi uma eterna romântica que se deixa conduzir pelos livros que lê. Os romances, principalmente os clássicos, sempre foram mais do que simples entretenimento. Eles são sua fonte de inspiração e criação: a ensinam a sonhar, a persuadem a a...