Ana sempre foi uma eterna romântica que se deixa conduzir pelos livros que lê. Os romances, principalmente os clássicos, sempre foram mais do que simples entretenimento. Eles são sua fonte de inspiração e criação: a ensinam a sonhar, a persuadem a a...
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Três anos haviam se passado desde então. Fred não encontrara sinais do possível dono do livro. A sinopse, junto com o recado escrito na primeira página, despertou a sua curiosidade por ler a obra, o que o fez uma semana após tê-lo achado. A tal dedicatória começou a fazer mais sentido depois disso, e ele não conseguiu evitar o impulso de carregar o objeto sempre consigo, na esperança de um dia devolvê-lo ao seu verdadeiro dono.
Quanto às amigas, elas conseguiram se entender, e o episódio acabou se tornando uma oportunidade de amadurecimento para ambas. Ana tomou uma decisão inesperada que surpreendeu a todos: fazer um intercâmbio voluntário, trabalhando com crianças no Peru. Entendeu que precisava se tornar emocionalmente independente; para tanto, se inspirou nas protagonistas de Jane Austen, que sempre tinham a vida mudada por uma viagem, aonde conseguiam descobrir mais do mundo e de si mesmas. Sara se sentiu orgulhosa pela opção da menina. As duas jovens estavam começando novos caminhos, que iam muito além do que um dia planejaram; estavam felizes e em paz com isso.
Quando Ana retornou de sua viagem, faltava apenas um ano para que sua amiga concluísse o curso; enquanto ela estava pronta para começar a faculdade de Letras que tanto sonhava, inclusive já havia realizado a sua matrícula. Ambas se localizavam em estados diferentes, mas a amizade que tinham superava qualquer distância, ainda mais agora que estavam fisicamente mais próximas do que nos últimos anos.
A previsão feita por Ana, anos atrás, sobre a vida amorosa de Sara, estava certa — o que doía profundamente na segunda ter que admitir. Por coincidência, ou, talvez, armação do Destino, o irmão do namorado dela morava em São Paulo, sua terra natal, e agora ela estava indo conhecê-lo. Uma ansiedade, que nunca tinha sentido antes, tomava conta do seu ser. De repente lhe ocorreu uma ideia: convidar sua melhor amiga, com a desculpa de "matar saudades", e propor que o encontro acontecesse em um local público, na tentativa de "facilitar as coisas para todos" — principalmente para si mesma, mas essa parte era segredo. Seu amado rapidamente concordou e ligou para o irmão para combinar tudo.
