00. Prólogo

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Há muito tempo atrás, os seres humanos se pegaram presos no espaço. Após uma guerra nuclear e questões sobrenaturais a qual os jovens de hoje em dia não sonham saber que um dia existiram, a raça humana passou a viver no espaço.

Os sobreviventes eram moradores de doze estações espaciais que ficavam em órbita com a Terra. Essa já era a segunda geração da arca, foram anos difíceis, principalmente pois não era a coisa mais eficaz para os antigos esconder a verdade sobre os seres que habitavam juntamente deles na Terra.

Não eram todos os de maior idade que tinham ciência dos fatos, apenas os mais antigos e poderosos. Eles também, entretanto, não tinham tanta certeza se coisas como vampiros ou lobisomens estavam extintos.

As estações espaciais se uniram para formar uma única estação, chamada de "Arca", onde as pessoas vivem agora sob a liderança do Chanceler Marcus Waldorf.

Os cientistas da estação tentam diariamente criar teorias de quando a Terra poderia novamente estar bem para ser habitada. Mas, até agora nada parece ser uma resposta concreta, e principalmente: não se sabe se o terror dos antigos havia se findado. Lobisomens e vampiros após um "fim do mundo?" parece loucura, e de fato a idéia era ridícula e ao mesmo tempo aterrorizante para eles.

Anos de luta constante e estoque de comidas, remédios e tudo mais. E, principalmente se tratando do oxigênio, o receio de quando algo começasse a sair dos eixos era gigante.

Os recursos são cada vez mais escassos, assim todo e qualquer tipo de crime, sem importar sua natureza ou gravidade, são puníveis com a morte sendo "flutuado", ou seja, as pessoas são jogadas no espaço. Com diferença aos menores de 18 anos, pois esses são presos.

Com a falha dos sistemas de suporte da Arca e o oxigênio chegando bem perto de seu limite, a última chance de colocar a missão para descobrirem se a Terra já poderia ser habitável novamente é adiantada, e cem dos jovens prisioneiros são declarados dispensáveis e enviados para a superfície.

Entre estes e ela Blair quase não conseguia encontrar diferença, já que para ela seu quarto era apenas uma prisão um pouco mais bonita e arrumada que as demais. Ainda sim, era uma prisão.

Ser a filha do chanceler era mais que os bons cumprimentos de meia dúzia de pessoas do conselho, para ela na verdade era bem mais tedioso.
Claro que ela não cuspiria no próprio prato tão cheia de certeza assim, afinal os flertes a divertiam por certo tempo.

Muitos dos meninos da arca eram razoáveis, mas nunca a prendiam atenção por mais de uma semana.

Todos a achavam divertida, charmosa e ameaçadora. Não havia um que não a achasse extremamente bonita, porém jamais eram capazes de serem extremamente interessantes, ou ao menos de caráter bom.

Os garotos estavam interessados apenas em mulheres que os amedrontavam. E Blair fazia isso melhor que ninguém apenas com sua posição – ela pensava.

Saber os segredos e todas as informações da arca também era louvável, e na medida do possível seu melhor amigo, chefe da guarda se juntava a ela no quarto para analisarem todas as decisões podres de seu próprio pai.

Newt sempre o defendia, e embora entendesse, Blair jamais aceitaria o fato  de que vivesse maior parte do seu tempo conversando com um guarda. Não que ele não fosse boa companhia, mas a garota sabia que o objetivo de seu pai era a manter longe de confusões.

As unhas de Blair feriram suas mãos quando terminou sua linha de pensamento. Seu pai tinha boas intenções no fundo de seu coração, a amava. Com certeza o amor era recíproco, e mesmo ausente era um pai legal quando não estava em desespero pelo controle de sua vida.

Uma estrondosa onda sonora invadiu seu quarto, e quando Blair ergueu o olhar em direção a porta um guarda invadiu o local grosseiramente.

— Senhorita Waldorf, contra a parede! – Ordenou ele de forma agressiva.

Blair repousou uma mão sobre seu quadril, erguendo as sobrancelhas.

— Acho que se enganou.

— É, você tem noção de com quem está falando cara?

A silhueta por de trás do primeiro guarda lhe era familiar. O canto de sua boca se mexeu levemente, em um pequeno sorriso.

— Eu cuido dela.

O homem olhou de um lado para o outro, parecendo em contradição. E ao deixar o quarto relutantemente pareceu que o barulho lá fora agora havia penetrado mais forte na cabeça de Blair.

— O que tá rolando, Newt?

— Blair... – O tom de voz do mais velho  era surpreendentemente baixo para quem tinha acabado de fazer graça. — Não posso te dizer muita coisa, você sabe que sigo ordens, mas precisa acreditar que nada de mal vai acontecer.

Que ótimo ator, pensou Blair com uma admiração relutante.

Newt encostou os dedos nos dela, apertando sua mão de forma trêmula. Por mais estranha que a situação parecesse, ela sentia que devia confiar nele.

The Unexpected World - BlamonOnde histórias criam vida. Descubra agora