Capítulo 8

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Tudo por você
Capítulo 8
- Vê se agora toma jeito Felipe, volta a estudar, arruma um emprego, vira gente de novo
- E eu não sou gente?
- Não foi isso que eu quis dizer, eu disse gente de bem, normal que tem casa, que come, que dorme que trabalha, não isso que você tá virando, tá parecendo um zumbi
Julia sorriu por dentro, realmente o rapaz estava parecendo um zumbi de umas das séries que ela havia acabado de assitir, os olhos fundos do rapaz demonstravam profunda desnutrição, a roupa estava suja, e os pés tão pretos e cascudos, mas o que mais chamava a atenção de Julia eram as mãos, os dedos pretos, as unhas grandes sujas, parecia que nunca havia lavado as mãos na vida, e aquilo lhe dava uma sensação estranha, o motorista do aplicativo não conseguia disfarçar o quão incomodado ele estava
- Chegar em casa você toma um banho quente, eu vou dar uma olhada nesses machucados, põe uma roupa limpa do José, come alguma coisa e dorme
- Vai ser difícil conseguir dormir
- Eu imagino, mas mesmo assim vai tentar. Há quanto tempo você não dorme?
- Uns 5 dias talvez
Julia se assustou
- E como você tá conseguindo ficar em pé?
- A droga!
O motorista, tossiu e olhou pelo retrovisor, Julia ficou totalmente sem graça
- Chegamos
Desceram do carro, Julia agradeceu o motorista, a vontade dela era pedir desculpas, mas apenas pegou a corrida e saiu, o homem foi embora rapidamente
- Obrigada irmã, não pretendo ficar muito tempo pra não atrapalhar a sua vida com o Edson
- Você vai ficar o tempo que for preciso pra se recuperar, o Edson pode se incomodar no começo mas ele vai ter que entender, anda vamos entrar
O rapaz entrou na casa sem dizer uma palavra
- Julinha, mais uma vez muito obrigada por tudo, o que você precisar estarei aqui
- Imagina, vou entrar Renata, boa noite
- Dorme com Deus Julia
Julia entrou em casa e respirou fundo, foi direto pro banheiro tomar um banho, o cheiro de Felipe não era um dos mais agradáveis, e parece que ficou impregnado nela, mesmo tendo o mínimo contato, pegou o celular e resolveu mandar mensagem pra Marjorie, estava ignorando a amiga demais, mesmo diante da insistência de Marjorie, mais uma vez Julia foi enfática em dizer que não iria
Mesmo diante de toda insistência da amiga, pra ela não fazia sentido algum, tentou dormir e não conseguiu, há muito tempo os dias de Julia não eram agitados, fez um chá de camomila, bem forte, tomou, apagou as luzes colocou uma música relaxante e tentou dormir: nada, foi até o armário e pegou um dos muitos comprimidos pra dormir, não gostava de tomar, o efeito no dia seguinte era pior do que ressaca, mas não queria ficar acordada, estava com a mente e o corpo cansados, tomou o comprimido e acendeu um cigarro, o quintal estava em silêncio raro isso acontecer. Como a muito tempo não tomava remédio em poucos minutos Julia sentiu uma forte tontura, a respiração começou a ficar ofegante, e Julia se sentiu muito incomodada, abriu a porta e logo sentiu um vento agradável no rosto, respirou fundo, foi melhorando, deve ter sido uma queda de pressão pensou, ficou ali por alguns minutos.
- Oi
Julia tomou um susto, era Felipe o irmão de Renata, ela demorou um pouco para reconhecer o rapaz, já tomado banho com uma roupa limpa, parecia outra pessoa, só então Julia reparar nas características do rapaz, olhos grandes e bem pretos, o cabelo estava bem curto quase que raspado, tinha lábios bem desenhados e marcados, e era consideravelmente alto
- Eu não queria te assustar
- Imagina
- Sai pra tomar um ar, não estava conseguindo dormir
- Eu tambem não
- A noite tá gostosa... Desculpa a intromissão, mas você pode me dar um cigarro?
Julia então se lembrou que já havia vivido uma cena bem parecida, ele era o mesmo rapaz que havia lhe pedido um cigarro na porta do supermercado, pegou um cigarro e deu ao rapaz
- Eu sei que já fez muito por mim, juro que é a última coisa que eu te peço
- Vou entrar boa noite
- boa noite obrigada
Julia fechou a porta, duas voltas na fechadura , e ainda se certificou de que estava bem fechada, verificou as janelas, fechadas tambem, ainda com medo arrastou devagar uma pequena poltrona que tinha no quarto e colocou na porta. Ela não conhecia o rapaz e mesmo depois da sua aparecia ter mudado ainda se sentia intimidada com a situação. Entrou para o quarto seu coração acelerado, certeza que o remédio não faria efeito, não estava conseguindo relaxar. Colocou a sua série para assitir e mais uma vez viu o dia amanhecer

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