The tamer of beasts | BAKUDEKU

Bakugou Katsuki é um ótimo ator

Ao passar pelos corredores, como se não ligasse para nada, eu notava que seus olhos se encontravam com os meus todas as vezes, até pararem de se encontrar.

Katsuki estranhou quando parou de ver o pequeno arbusto, como carinhosamente passou a chamar Midoriya para que não soubessem que ele falava de alguém, pelos corredores. O garoto costumava passar por si, todo envergonhado, e sorrir de maneira discreta quando os olhos escarlates e verdes se encontravam de maneira rápida, foram semanas e semanas fazendo isso pelos corredores, já que era um dos únicos momentos que se viam. O loiro jamais iria demonstrar ou dizer isso em voz alta, mas procurava pelo pequeno toda vez que estava pelos corredores ou na aula de educação física, já que a quadra ficava bem de frente para as janelas de sua classe, e faziam semanas que não o via e isso, por algum motivo que ainda não havia descoberto como nomear, lhe incomodava. Ele havia criado um interesse específico pelo garoto e agora sentia que precisava vê-lo.

— Que houve, bro? — questionou Kirishima, sentando na mesa de Kaminari, que riu já sabendo a resposta pelo amigo estar tão mais irritado.

— Ele ta com saudades do arbusto dele. — brincou, com um sorrisinho maldoso nos lábios, já se escondendo atrás do amigo ruivo antes que levasse um tapa. Não funcionou muito, já que acabou levando um chute na canela. — Ai, bruto! — reclamou com um biquinho, vendo Katsuki fazer cara emburrada, estalando a língua ao céu da boca.

— Eu não to com saudades daquele nerd! Apenas curioso para saber onde ele se meteu... — resmungou, cruzando os braços sem olhar diretamente para os amigos. Sabia que eles estariam sorrindo para si com cara de idiota, como sempre faziam.

— Ah, mas eu vi ele ontem. — comentou o ruivo, atraindo atenção total de bakugou, os olhos escarlates lhe encarando com uma tensão que o mesmo nem precisou abrir a boca para o amigo saber que ele queria saber onde. — Ele estava entrando na sala do clube de biologia, mas que eu saiba aquele clube estava fechado...

— Ele deve ser assistente do Aizawa-sensei, que nem o Shinsou. — comentou Kaminari, dando de ombros. — sabe aquele que...

A partir dai, Bakugou já não escutava a conversa dos amigos, estava focado em saber como entraria no clube de biologia após o esverdeado já estar lá dentro e o que falaria para ele. Precisava de um plano para iniciar uma conversa descente e descobrir o que era aquela necessidade de vê-lo.

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Bakugou encarou Todoroki acompanhando Midoriya até a sala no terceiro andar, o andar onde ficavam algumas salas de clube, com a maioria servindo de salas de tralha, já que os clubes ali presentes já haviam sido fechados, restando apenas o de fotografia e a sala do antigo clube de biologia, que agora servia de sala extra para o professor que lecionava a matéria naquela escola, atualmente, Aizawa Shota. Como Izuku havia virado o favorito era algo meio óbvio para o loiro.

Assim que o bicolor foi embora, o loiro decidiu que era hora de agir e colocar em ação todas as suas noites perdidas vendo novela, era agora que colocava suas habilidades de atuação a prova. Fez um sinal de cruz e pediu aos céus que o outro acreditasse em sua mentira, dando ênfase que era uma mentira do bem, afinal, que mal faria uma mentirinha para se aproximar do outro? Não faria e ponto, ou ao menos foi o que ele decidiu por si só, mesmo tendo pedido uma ajudinha de cima ou de baixo, quem viesse primeiro o loiro estaria grato. Respirou fundo então e saiu correndo pelo corredor, para dar um tom de realidade, entrando rápido na sala e fechando a mesma com força, provavelmente assustando o garoto lá dentro, mas continuou no personagem antes de checar, encostou as costas contra a porta e ficou olhando pela fresta da mesma como se estivesse escapando de alguém, fingiu que estava respirando muito rápido e só parou a atuação quando escutou a voz harmoniosa abençoar seus ouvidos com uma simples frase preocupada.

— Você está bem, Bakugou-san? — o olhar do mais alto foi direto em direção ao garoto, que estava em pé com um coelho em seus braços e a expressão confusa, além de preocupada, enquanto o loiro fechava os olhos e repassava, mentalmente, tudo que havia ensaiado para falar quando entrasse naquela atuação.

— Ah... — foi a única coisa que saiu, mesmo ensaiando e tendo noção do que exatamente podia falar como desculpa, não conseguiu falar direito quando seus olhos encontraram os do baixinho. Se amaldiçoou por travar e, mais ainda, quando gaguejou ao tentar falar depois do tempo que ficou em silêncio. — E-eu estava correndo de uns caras. Eles são um saco, geralmente bato neles e eles me deixam em paz mas eles ficam vindo e eu preferi fugir então... — coçou a nuca, abaixando o olhar por um momento. Ótima atuação hein Katsuki, digna de um prêmio até, um prêmio Framboesa de Ouro. — Desculpa te atrapalhar, achei que estivesse vazia a sala e eles jamais entrariam na sala do Aizawa então, bem, vou indo... — resmungou, fingindo o mal humor de sempre. Ao menos tinha visto seu arbusto.

— Espera. — a voz alheia o fez erguer o olhar confuso na hora, vendo o menino com um sorriso. — Pode ficar aqui, sabe? Eu estou cuidando daqui pro Aizawa sensei, virei seu novo assistente e, bem, eles ainda devem estar te procurando. — ele pareceu pensar por um momento, olhando o coelhinho branco em seus braços. — você... hm, pode me ajudar a dar comida ao coelho e os gatinhos também, são filhotes, digo, em troca de se esconder aqui. — e então, Katsuki viu uma chance em um milhão.

— Claro, eu adoro animais. — não era de tudo mentira, adorava cachorros e até mesmo tinha um Husky em casa, mas expor isso pareceu deixar o menor ainda mais feliz e isso, por algum motivo, fez o loiro sorrir também.

— Uau, você tem um sorriso muito bonito... — o esverdeado soltou de maneira simples, como se não pretendesse falar isso em voz alta e se voltou para a mesa a sua frente, ficando de costas para o loiro. — Bem, vamos começar, senhor fugitivo?

— Vamos, senhor queridinho do professor. — rebateu ele, sorrindo de canto enquanto o menor balançava a cabeça em negação, rindo.

A partir daquele momento, Bakugou sempre se escondia de seus falsos perseguidores naquela sala, ajudando Midoriya a cuidar dos pequenos bichinhos. Até que em um momento, ele já não estava mais fingindo ter perseguidores como desculpa para ir até Midoriya nos intervalos ou depois da aula, ver o menor era rotina novamente para si e até mesmo passou a trazer guloseimas para dividir com o outro, descobriu então que o esverdeado possuía um vício por doces, que o deixava ainda mais adorável que quando estava falando em voz de bebê com os animais.

— Ei, Izuku. — chamou o loiro, distraído enquanto fazia carinho na cabeça do gatinho em seu colo, que dormia tranquilamente.

— Fala, Ka-chan. — murmurou o mesmo, focado em tentar dar banho no gatinho em suas mãos, resmungando por levar alguns arranhões no processo.

— Eu estava pensando se não gostaria de ir ao parque comigo no sábado, queria te mostrar meu cachorro, ele é um Husky... — comentou o mesmo, como quem não quer nada, fingindo estar focado no gatinho quando seu coração batia como louco e seu olhar alternava entre o bichinho e Izuku, nervoso pela resposta. Já estavam num relacionamento de amizade, já se chamavam por nome e apelido, no caso de Midoriya que parecia gostar muito gostar de encurtar nomes e colocar um chan no final, mas que não o incomodava nenhum pouco, e também já trocavam mensagens e viviam juntos quando não estavam na aula ou em casa, ou seja, estava na hora de Bakugou chamar ele para fazer algo, certo? Era o que amigos faziam, certo?

— Eu vou adorar, Kachan! Mal posso esperar. — dizia com os olhos brilhando, surpreendendo Katsuki e levando embora seu nervosismo. — Eu AMO cachorros! Não posso ter um já que o shouchan é alérgico a pelo de animais... Na realidade não posso ter nenhum. — ele fez um biquinho, começando a contar sobre alguma vez em que ele e Todoroki haviam pego um cachorrinho de rua e o bicolor teve uma reação alérgica horrível e fora parar no hospital. Entretanto, o loiro não prestou muita atenção em detalhes, estava ocupado vendo o quanto aquele garoto sorria lindo e seu coração batia como louco dentro do peito.