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David estava sentindo-se entediado de ficar preso no quarto e procurou fazer algo para distrair a mente. Olhou dentro das gavetas e achou alguns lápis de cores velhos e quebrados e algumas folhas de papel um pouco amarelas pelo tempo em que estavam guardadas. Não estranhou o motivo pelo qual estavam ali, apenas queria usar sua criatividade.

Michael e Daphne se preparavam para levar David para a pessoa que marcaram o encontro pela internet.

- Deixa que eu dirija o carro e você fica com o moleque. – Michael diz.

- Por que você vai dirigir se o carro é meu? – Cruzou os braços demonstrando insatisfação.

- Porque eu dirijo mais rápido. Anda logo, não temos tempo para ficar discutindo por bobagem!

- Quem você pensa que é para me dar ordens?

Michael suspira fundo para não perder a paciência com ela e responde tranquilo:

- Você quer mesmo discutir sobre isso?

- Esquece! Eu levo o pirralho comigo e você dirige, já que se acha o melhor condutor! – Vai ao quarto e destranca a porta para buscar David, que estava terminando de desenhar sua mãe e seu pai.

- Venha comigo! – Ela diz a ele, que não estava entendendo nada.

- Pra onde?

- Não faça perguntas e fique em silêncio durante o trajeto! – Ordena, o levando pelo braço, deixando seu desenho e os lápis no chão.

- O que está acontecendo?

- Shhh! Quer que eu amarre sua boca?!

David cala-se e segue sendo puxado por Daphne até o carro do lado de fora. Ela o coloca no banco de trás e fecha a porta, sentando-se ao lado de Michael, que se preparava para ligar o carro.

Seguiram até o local marcado, o porto da cidade. David olhava para a paisagem que ficava para trás e lembrava-se de quando sua mãe o levava para a escola. Ao chegarem ao lugar, permaneceram no carro a fim de esperarem a pessoa.

- Vamos esperar ele chegar daqui de dentro do carro. – Michael avisa, tendo cautela.

- Como é o nome dessa pessoa mesmo?

- Vanderlei Castro.
- Será que é ele que vem aí? – Daphne pergunta ao ver um homem se aproximando do carro. A pessoa que estava usando um sobretudo de cor marrom e chapéu preto, diz à eles ao parar ao lado deles pela janela:

- Sou Vanderlei Castro.

- Passa pra cá o pagamento antes de tudo. – Michael diz.

- Não.

- Que história é essa, cara?!

O homem tira o disfarce e revela quem realmente era apontando um revólver para ele e dizendo:

- É A POLÍCIA! VOCÊS ESTÃO CERCADOS!

Os bandidos assustam-se ao ver vários policiais em posição de ataque, que estavam escondidos e ao ouvir um som de hélice, olha para cima e vê o helicóptero da polícia.

-SAIAM DO CARRO COM AS MÃOS NA CABEÇA E SE ENTREGUEM! – Os policiais informam no autofalante.

- O que vai fazer, Michael?! – Daphne lhe grita.

Michael acelera o carro em fuga e começa uma perseguição.

- Eles estão atrás de nós! – Daphne avisa, olhando para trás.

- Não me diga! – Michael ironiza, apesar do momento de tensão.

- E se eles atirarem na nossa direção?!

– Não acho que seriam tão idiotas. – Olha pelo retrovisor e vê David assustado.

A estrada era o cenário da fuga, Michael ultrapassava alguns carros. Mas tudo começou a piorar quando começaram a passar pelas curvas de um barranco.

- Tá indo muito rápido! – David diz apavorado, mas não era ouvido.

Para piorar começou a chover, pois o tempo estava nublado e era previsto que isto ocorresse ao fim da tarde.

A visão pelo vidro do carro ficou embaçada e o para-brisa já não estava mais ajudando. O asfalto estava liso e a fuga só teve fim quando Michael perdeu o controle da direção e não conseguiu dobrar a curva, passando direto pelo limite da estrada e capotando pelo morro abaixo até parar lá em baixo.

- INTERDITAR O LOCAL! – O chefe da polícia ordenou.

O Corpo de Bombeiros e a ambulância chegaram e fizeram procuração dos corpos. Michael sofreu diversas fraturas e cortes pelo corpo e foi encontrado respirando com dificuldade; Daphne ficou do mesmo estado e os pedaços de vidro fizeram diversos cortes em seu rosto, o deixando vermelho de sangue, era uma cena deplorável. David não estava dentro do carro. Fizeram procuração do menino e o acharam dois metros distantes do local do acidente, desacordado.

Na casa de Cinthia, viram pela televisão, a notícia de última hora que chocou a todos.

“Neste exato momento, ocorreu um grave acidente na Avenida Sargento Horácio; A dupla de bandidos tentava fugir da polícia e foram identificados como Michael Santos e Daphne Azevedo. A vítima que eles levavam, uma criança que há dois dias estava sendo procurada, também ficou gravemente ferida e foi levada ao hospital, onde ficará sob os cuidados médicos.”

Cinthia começou a chorar e correu para o hospital, na companhia de William. Ambos chegaram à recepção e foram logo se identificando como os pais de David, a vítima do acidente.

- Não é permitido entrarem para ver o paciente no momento, pois estão fazendo avaliações médicas nele no momento. – A atendente informa.

- Por favor, eu quero ver o meu filho! – Cinthia não conseguia manter-se calma diante daquela tragédia e exigia isso da recepcionista.

- Mas senhora...

- É melhor esperarmos aqui fora, querida. – William lhe consola.

O doutor aparece e vendo aquela situação, pergunta:

- Com licença, vocês são os pais da criança que sofreu o acidente agora pela tarde?

- Somos sim! – William responde.

- Como está ele, doutor?! Por favor, nos diga! – Cinthia implora.

- Primeiramente, tenha calma. – As palavras trouxeram mais preocupação para o casal – O paciente sofreu um grave acidente, causando uma hemorragia interna, portanto, necessita passar por uma cirurgia e uma transfusão de sangue com urgência.

- Eu doo meu sangue a ele! – A mãe falou num instante.

- Qual seu tipo sanguíneo?

- A- (A negativo)

- O tipo de sangue do paciente não é igual ao seu. Provavelmente ele herdou o tipo sanguíneo do pai.

- Eu sou o pai dele e posso doar!

- Ótimo! Venha comigo para fazermos os exames em você antes de tudo.

William segue o doutor e a família de David ficou esperando o procedimento acabar. Foram pouco mais de duas horas de cirurgia, mas parecia uma eternidade.

Durante o procedimento, a situação começou a ficar crítica.
- A pressão dele está baixando! – Os cirurgiões informam uns aos outros ao verem a frequência cardíaca da criança pelo aparelho.

– DESFIBRILADOR! - O doutor orienta fazerem o procedimento de reanimação por meio do aparelho de choque.

O primeiro choque é dado no peito de David, mas ele não reage, então tentam novamente.

- Não desistam! - Ordena o doutor.

David não reage e tentam novamente, pois a vida dele estava em risco.

Te quero de voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora